Agendas da COP

Crise climática pode causar prejuízos de US$ 12,5 tri até 2050

Análise do Fórum Econômico Mundial alerta que desastres naturais intensificados pelo clima podem resultar em 14,5 milhões de mortes

Crise climática pode causar danos e prejuízos somando US$ 12,5 trilhões até 2050, alerta relatório do WEF. Na imagem: Silhueta de mulher negra com turbante fotografada à contraluz, sobre fundo azul, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), em 15/1/2024 (Foto: Sikarin Fon Thanachaiary/WEF)
Encontro anual do Fórum Econômico Mundial (Foto: Sikarin Fon Thanachaiary/WEF)

BRASÍLIA – Relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês) publicado hoje (16/1) alerta que até 2050 as mudanças climáticas podem causar 14,5 milhões de mortes e US$ 12,5 trilhões em perdas econômicas em todo o mundo.

O documento chega durante a reunião anual do WEF em Davos, na Suíça, que reúne, até sexta-feira (19), líderes globais, empresários e grupos da sociedade civil para discutir a agenda econômica internacional.

A crise climática já é apontada por especialistas como o maior risco global da década. No entanto, o relatório do WEF afirma que ainda há tempo para os interessados adotarem ações decisivas e estratégicas para contrapor essas previsões e mitigar os impactos das mudanças climáticas.

“Embora tenha havido muita discussão sobre o impacto das mudanças climáticas na natureza e na economia global, algumas das consequências mais urgentes das crescentes temperaturas da Terra serão na saúde humana e no sistema de saúde global”, comenta Shyam Bishen, chefe do Centro de Saúde e Cuidados com a Saúde e membro do Comitê Executivo do WEF.

“Os progressos recentes serão perdidos, a menos que as medidas críticas de redução de emissões e mitigação sejam aprimoradas, e ações globais decisivas sejam tomadas para construir sistemas de saúde resilientes e adaptáveis às mudanças climáticas.”

Efeitos na saúde e na produtividade

O relatório quantifica as consequências para a saúde das mudanças climáticas, tanto em termos de resultados de saúde (mortalidade e anos de vida saudável perdidos) quanto nos custos econômicos para os sistemas de saúde, estimados em mais de US$ 1,1 trilhão em gastos extras até 2050.

Considerando os cenários elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre a trajetória mais provável do aumento da temperatura média do planeta, de 2,5°C a 2,9°C acima dos níveis pré-industriais, os economistas apontam que as inundações representam o maior risco de mortalidade induzida pelo clima, estimando 8,5 milhões de mortes até 2050.

As secas, indiretamente ligadas ao calor extremo, são a segunda maior causa de mortalidade, com 3,2 milhões de pessoas ameaçadas.

Já as mortes prematuras atribuídas à poluição do ar, causada por partículas finas e poluição por ozônio, são calculadas em quase 9 milhões por ano.

No aspecto financeiro, as ondas de calor têm o maior custo econômico, estimado em US$ 7,1 trilhões até 2050 devido à perda de produtividade.

As mudanças climáticas também desencadearão um aumento vertiginoso de doenças e epidemias, incluindo doenças transmitidas por vetores como mosquitos, podendo afetar regiões como Europa e Estados Unidos, que até então costumam estar menos expostas a esses riscos.

Até 2050, o WEF espera um adicional de 500 milhões de pessoas em risco de exposição a doenças transmitidas por vetores.

“A crise climática é uma crise de saúde, e está impulsionando um ciclo vicioso de doença, devastação econômica e sofrimento. Fica claro a partir deste relatório que ainda não compreendemos totalmente o impacto”, alerta Vanessa Kerry, CEO da Seed Global Health e enviada especial da OMS para Mudanças Climáticas e Saúde.

“Se falharmos em agir, não apenas o número de mortes será impressionante, mas também corremos o risco de perder progressos feitos ao longo de décadas para melhorar os resultados de saúde ao redor do mundo. Os países menos capazes de lidar com esses choques – e que contribuem menos para as emissões globais – serão os mais impactados”.

Aumento da desigualdade

O relatório alerta que as mudanças climáticas aprofundarão ainda mais as desigualdades globais de saúde, com as populações mais vulneráveis, incluindo mulheres, jovens, idosos, grupos de baixa renda e comunidades de difícil acesso, sendo as mais afetadas.

Regiões como África e sul da Ásia são as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, que tendem a ser exacerbados pela limitação de recursos, infraestrutura e equipamentos médicos essenciais.