BRASÍLIA – O presidente Lula voltou a defender nesta segunda (26/6) o financiamento do gasoduto Presidente Néstor Kirchner, na Argentina. Segundo o presidente, trata-se de assegurar exportações brasileiras para o maior parceiro comercial brasileiro no Mercosul.
“Fico muito satisfeito com as perspectivas positivas de financiamento do BNDES à exportação de produtos para a construção do gasoduto Presidente Néstor Kirchner”, afirmou.
O petista recebeu o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no Palácio do Itamaraty, para o anúncio do plano de 90 ações com o objetivo de relançar a ”aliança estratégica” entre os dois países. Agenda bilateral envolve energia e mineração – incluindo a cadeia de lítio. Veja a íntegra do plano de ação (.pdf)
O acordo bilateral planeja, entre outras ações, “estruturar e decidir sobre a operação de crédito para financiar as exportações de produtos brasileiros para a construção do gasoduto Presidente Néstor Kirchner”, em Vaca Muerta, na Bacia de Neuquén.
“Estamos trabalhando na criação de uma linha de financiamento abrangente das exportações brasileiras para a Argentina. Não faz sentido que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países porque esses oferecem crédito e nós não”, disse Lula.
A Argentina passa justamente por uma crise de confiança quanto à capacidade do país de honrar empréstimos.
Para as áreas de energia e mineração, os líderes determinaram ação para “manter coordenação sobre o comércio bilateral de gás e perspectivas futuras para o setor”. O planejamento prevê trabalho conjunto para o setor energético, a partir da determinação de uma estratégia pelo Mercosul.
Além disso, o plano quer impulsionar o intercâmbio entre Brasil e Argentina de informações sobre os padrões e especificações de biocombustíveis. Também foi incluída uma iniciativa para desenvolver estratégias para as cadeias de minerais críticos, com foco na transição energética.
Expansão de infraestrutura doméstica de gás pode ser ponte para exportação
Ao demandar financiamento brasileiro, a Argentina está buscando garantir a infraestrutura necessária para escoar o gás natural produzido na região, onde estão as importantes reservas de óleo e gás não convencionais (shale) do país.
Além de atender o mercado doméstico argentino, a construção do gasoduto pode permitir que a Argentina comercialize o gás natural para o Brasil, em um projeto futuro.
A iniciativa vai envolver Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF); Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (COFIG); e a estatal Energía Argentina (Enarsa).
“Todo mundo tem a ganhar: as empresas e os trabalhadores brasileiros e os consumidores argentinos”, acrescentou Lula.
É a quarta visita de Fernández ao Brasil neste ano, a convite de Lula. O país vizinho busca alternativas para a escassez de divisas e o financiamento do comércio entre os países.