BRASÍLIA — Os Emirados Árabes Unidos nomearam o sultão Ahmed al-Jaber, CEO da petroleira estatal Adnoc, como presidente da conferência climática das Nações Unidas (COP28), marcada para 30 de novembro no país que está entre os maiores produtores de petróleo do Oriente Médio.
O anúncio foi feito pela agência de notícias oficial Emirates News Agency (WAM) nesta quinta (12/1).
É a primeira vez que a conferência climática da ONU é presidida por um executivo do setor óleo. Sua nomeação não foi bem recebida entre ambientalistas.
O jornal britânico The Guardian conta que ativistas da sociedade civil pediram que Al Jaber desistisse de seus cargos no setor de combustíveis fósseis para assumir a presidência da COP28 .
“Ele não pode presidir um processo encarregado de enfrentar a crise climática com tamanho conflito de interesses, liderando uma indústria que é responsável pela própria crise”, comenta Tasneem Essop, diretor executivo da Climate Action Network International.
A última conferência já foi marcada pelo número recorde lobistas de combustíveis fósseis.
Realizada no Egito, em novembro passado, a COP27 teve, com 636 representantes das indústrias de petróleo, gás e carvão. De acordo com relatório da organização Global Witness, o crescimento foi de 25% em relação à edição anterior, que teve 503 participantes do setor de energias fósseis.
Os lobistas dos empreendimentos de gás, petróleo e carvão corresponderam ao dobro do eleitorado oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os povos indígenas, por exemplo.
Quem é Al-Jaber?
Al-Jaber já representou o país como enviado especial para mudanças climáticas em outras COPs, entre elas a de 2015. Ele ocupou o cargo entre 2010–2016 e em 2020 assumiu seu segundo mandato.
De acordo com a agência WAN, como CEO da Adnoc desde 2016, ele tem liderado os esforços para diversificar o portfólio da petroleira, com investimentos em energias de baixo carbono.
A estatal investirá US$ 15 bilhões ao longo de cinco anos em soluções de baixo carbono, incluindo a expansão de sua capacidade de captura de carbono para 5 milhões de toneladas/ano até 2030, e tem meta de reduzir sua intensidade de carbono em 25% até 2030 e com ambição de atingir zero líquido até 2050.
Ao comentar sua nomeação para presidir a COP28, Al Jaber reconhece que este será “um ano crítico em uma década crítica para a ação climática” e saiu em defesa de uma abordagem inclusiva.
“Os Emirados Árabes Unidos estão se aproximando da COP28 com um forte senso de responsabilidade e o mais alto nível de ambição possível. Defenderemos uma agenda inclusiva que intensifique as ações de mitigação, incentive uma transição energética justa que não deixe ninguém para trás”.
O executivo também promete concentrar seus esforços de negociação em “como a ação climática pode atender às necessidades do Sul Global, como os mais afetados pelas tendências das mudanças climáticas”.
E no financiamento climático substancial e acessível direcionado aos mais vulneráveis, para adaptação e para lidar com perdas e danos.