Glasgow — No terceiro dia da Conferência das Partes de Glasgow, COP26, líderes estão “cautelosamente otimistas” de que a cúpula atingirá resultados satisfatórios para colocar o mundo em direção a um aumento de temperatura limitado a 1,5º C, conforme recomendado por cientistas.
Agora que líderes de estado deixaram o complexo, após dois dias de política oficial e anúncios de metas nacionais, começam de fato as negociações multilaterais, que se estenderão até o dia 12 de novembro.
No entanto, uma das principais metas não deve ser atingida este ano: levantar US$100 bilhões anuais para ajudar países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas. A meta foi estabelecida por ocasião do Acordo de Paris, em 2015, e até hoje os países desenvolvidos não conseguiram atingir este volume de recursos, já que cada país decide com quanto vai contribuir.
“É lamentável que seja altamente improvável que tenhamos atingido os US$100 bilhões em 2021”, lamentou o presidente da COP26, Alok Sharma.
Segundo ele, análises preliminares mostram que os países desenvolvidos farão um “progresso significativo” em relação à meta de US$100 bilhões em 2022, para que seja integralmente atingida no ano seguinte.
Diversos países ainda estão anunciando suas contribuições, e Sharma acredita que isso permitirá à COP26 lançar as discussões para uma nova meta global que substitua a meta de US$100 bilhões a partir de 2025, já que a expectativa é de que, no acumulado de cinco anos entre 2021 a 2025, provavelmente os US$500 bilhões serão ultrapassados.
Desde o início da cúpula, diversos países já assumiram novos compromissos para aumentar o financiamento para apoiar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos da mudança climática.
A Noruega, por exemplo, vai triplicar seu financiamento de adaptação.
Houve também compromissos de Japão e Austrália de dobrar seu financiamento de adaptação, além de compromissos da Suíça, EUA e Canadá para o Fundo de Adaptação.
Até então muito criticado por não atender a expectativas internacionais, dessa vez os EUA incluíram seu maior compromisso de financiamento de adaptação até o momento, enquanto o Canadá se comprometeu a alocar 40% de seu financiamento climático para adaptação.
Novos compromissos para o financiamento do clima também vieram do Reino Unido, Espanha, Japão, Austrália, Noruega, Irlanda e Luxemburgo, que se basearam no plano estabelecido antes da COP26 de entregar US$100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento.
O Reino Unido anunciou hoje fundos adicionais de 100 milhões de libras para combater as dificuldades que alguns países enfrentam com a burocracia de garantir o investimento climático. O montante vai apoiar a abordagem do grupo de trabalho sobre acesso ao financiamento do clima, co-presidido pelo Reino Unido e Fiji.
Líderes falam em subsidiar mais pobres afetados por pandemia
Publicado antes da abertura oficial dos trabalhos na COP26, Plano de Entrega de Financiamento do Clima afirma que o fundo climático prometido pelos países ricos precisa considerar a destinação de recursos para a recuperação de países e comunidades vulneráveis, levantando em conta os impactos da pandemia de covid-19.
Há um reconhecimento que apenas o financiamento, a forma de crédito ou suporte a garantias, não é suficiente.
“De acordo com o Acordo de Paris, os países desenvolvidos reconhecem, em particular no contexto da pandemia da covid-19, a necessidade de recursos públicos e baseados em subsídios, particularmente para os beneficiários com menor capacidade de mobilização de recursos nacionais e outros recursos”, diz o documento.