A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, em inglês) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) assinaram na segunda (18) um acordo de cooperação para promover empregos decentes para mulheres e homens em uma transição energética que não deixe ninguém para trás.
“A rápida implantação de energia renovável é indispensável para a busca dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Fazer essa transição propícia à criação de trabalho decente, com mais e melhores empregos, ao mesmo tempo em que garante uma transição justa para todos, é essencial”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
A força de trabalho do futuro encontrará muitos desafios. As organizações defendem políticas globais para apoiar educação, a atualização de habilidades e o retreinamento, reconhecendo as necessidades e prioridades das mulheres, jovens, povos indígenas e grupos marginalizados.
A cooperação pretende desenvolver estudos e recomendações que apoiem governos e políticas para impulsionar o crescimento econômico inclusivo e sustentável.
Incluirá, entre outras, pesquisas e iniciativas conjuntas, capacitação, atividades de treinamento, divulgação e comunicações.
“Um progresso que não é justo ou inclusivo não é sustentável. Alcançar uma economia verde não pode ocorrer sem criar oportunidades para todos, garantindo que todos os grupos da sociedade tenham acesso a empregos decentes e bem remunerados”, afirma Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA.
Ele afirma que a significativa expansão das renováveis observada nos últimos anos tem aumentado também o número de trabalhadores empregados no setor em todo o mundo, mas essa expansão é desigual entre as geografias e comunidades.
As organizações já colaboram em uma série de iniciativas conjuntas, como a Plataforma de Energia e Emprego Sustentável (SEJP), a Transição Justa da OIT e as Iniciativas de Trabalho Verde com base nas Diretrizes Tripartidas da OIT para uma Transição Justa Rumo a Economias Ambientalmente Sustentáveis e Societies for All, além da IRENA’s Collaborative Framework on Just and Inclusive Energy Transition.
Novos empregos, velhos padrões
Cerca de 80% dos novos empregos na economia de baixo carbono na América Latina e Caribe serão em setores dominados por homens, mostra um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
De acordo com o documento, o preconceito de gênero se reflete na alta proporção de homens empregados no agro (onde está o maior potencial para descarbonização na AL) – em 2018, dos mais de 39 milhões de trabalhadores empregados neste setor, apenas 22% eram mulheres.
No cenário de transição para economia de baixo carbono previsto pelo BID – e levando em conta os perfis de trabalho vigentes –, as vagas tipicamente masculinas ganharão 18,5 milhões de posições, e perderão 6 milhões até 2030. Ocupações que empregam mais mulheres terão um ganho de 4 milhões de vagas e uma perda de 1,5 milhão.
No mundo e no setor energético, o padrão se repete.
As mulheres representam apenas 21% da força de trabalho da energia eólica, em comparação com 32% nas energias renováveis em geral e 22% nas indústrias de energia tradicionais, como petróleo e gás.
Além disso, no segmento energias renováveis, a participação das mulheres em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática é muito menor do que em áreas administrativas, aponta a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).
O estudo Wind energy: A gender perspective, da IRENA, mostra que as percepções dos papéis de gênero e das normas sociais e culturais formam uma grande barreira à igualdade de gênero.
“As disparidades no local de trabalho refletem caminhos educacionais e redes de recrutamento que permanecem fortemente orientadas para os homens”, diz a agência.