Internacional

Consumo de petróleo vai entrar em declínio a partir de 2028, estima IEA

No setor de transporte, pico da demanda deve ser atingido já em 2026 em todo o mundo, segundo a agência

PPSA poderá ser responsável pela "privatização" do óleo da União (Foto: Petrobras/Divulgação)
FPSOP-75, plataforma própria da Petrobras, parte do sistema de produção de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos (Foto: Petrobras/Divulgação)

RIO — A demanda mundial por petróleo deve atingir o seu pico em 2028. E, em particular no setor de transporte, o uso dos derivados deve entrar em declínio já a partir de 2026, informou nesta quarta-feira (14/6) a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

O novo relatório da agência, sobre as perspectivas de médio prazo para a indústria petrolífera, revela que o consumo de petróleo deve desacelerar nos próximos anos: o crescimento anual deve diminuir de 2,4 milhões de barris/dia este ano para apenas 400 mil barris/dia em 2028, colocando um pico na demanda à vista.

Esse quadro é reflexo, segundo a IEA, dos altos preços da commodity e preocupações com a segurança do abastecimento – o que deve acelerar a mudança da matriz global para as energias mais limpas.

Com base nas políticas governamentais atuais e nas tendências do mercado, a IEA estima que a demanda global por petróleo aumentará 6% entre 2022 e 2028, atingindo, então, 105,7 milhões de barris/dia.

Consumo global deve ser sustentado por petroquímica

Com o declínio do consumo no setor de transportes, a demanda por petróleo deve ser apoiada pelo setor petroquímico.

“A mudança para uma economia de energia limpa está acelerando, com um pico na demanda global de petróleo à vista antes do final desta década, à medida que os veículos elétricos, a eficiência energética e outras tecnologias avançam”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.

“Os produtores de petróleo precisam prestar muita atenção ao ritmo crescente da mudança e calibrar suas decisões de investimento para garantir uma transição ordenada.”

Os investimentos globais em exploração e produção de óleo e gás estão a caminho de atingir seus níveis mais altos desde 2015 – crescendo 11% em 2023, em relação ao ano passado, para US$ 528 bilhões.

Esse nível de investimento, se sustentado, seria adequado para atender à demanda projetada no período coberto pelo relatório. No entanto, excede a quantidade que seria necessária em um mundo que caminha para emissões líquidas zero.

Brasil é um dos destaques no aumento da oferta

A IEA pressupõe que os principais produtores de petróleo mantenham seus planos de aumentar a capacidade, mesmo com a desaceleração do crescimento da demanda.bir

A expectativa é que isso resulte em um colchão de capacidade ociosa de pelo menos 3,8 milhões de barris/dia, concentrado no Oriente Médio.

O relatório, no entanto, observa uma série de fatores que podem afetar os equilíbrios do mercado no médio prazo – incluindo tendências econômicas globais incertas, a direção das decisões da Opep+ e a política da indústria de refino da China.

Os países produtores de petróleo fora da Opep+ dominam os planos de aumento da capacidade de oferta global no médio prazo, com um aumento esperado de 5,1 milhões de barris/dia até 2028 liderado pelos Estados Unidos, Brasil e Guiana.

Dentro da Opep+, destaque para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iraque, enquanto membros africanos e asiáticos devem lutar com declínios contínuos, e a produção russa cai devido a sanções.

Isso representa um ganho líquido de capacidade de 800 mil barris/dia dos 23 membros da Opep+ durante o período de previsão do relatório.