Publicada nesta segunda (24/1), a minuta do Plano Decenal de Energia (PDE 2031) indica tendência de crescimento da importância da eletricidade no país, com um incremento médio anual de 3,5% entre 2021 e 2031.
O gás natural também ganha importância ao longo do período, crescendo 4,9% a.a., aumentando sua participação principalmente na indústria e setor energético.
O documento, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), está em consulta pública e receberá contribuições até 23 de fevereiro.
Segundo as projeções, os derivados de petróleo mantêm-se como a principal fonte de energia final, com um crescimento médio de 1,6% anuais no período, com parte do mercado potencial sendo abatida por etanol hidratado e biodiesel, especialmente no setor de transportes.
Lenha e carvão vegetal caem de uma participação de 8,4% da matriz energética em 2021, para 6,8% em 2031. Em compensação, o carvão mineral mantém a participação de 5,1% da matriz energética.
Consumo de etanol cresce 4,4% ao ano
A demanda de etanol carburante (anidro e hidratado) parte de 28 bilhões de litros em 2021, cresce a 4,4% a.a. e atingirá 43 bilhões de litros em 2031.
A EPE vê os efeitos da pandemia de covid-19 impactando o setor de biocombustíveis com mais intensidade no curto prazo, e uma recuperação do crescimento ao longo do decênio.
Além disso, uma maior competitividade do hidratado frente à gasolina deve alavancar a demanda pelo etanol.
O hidratado aumenta a importância nos veículos leves, substituindo a gasolina, em um avanço de 6,6% ao ano. Por outro lado, o etanol anidro tem uma redução média anual da demanda de 0,6%, atrelada ao cenário de consumo da gasolina C.
Já o consumo de biodiesel deve ter um crescimento de 3,7% ao ano. A premissa da EPE considera o aumento da participação na mistura com o óleo diesel, que saltará de 11,2%, em volume, em 2021, para 15%, em 2031.
A demanda de biodiesel está projetada para chegar a 11,5 bilhões de litros em 2031, ante os 6,8 bilhões de litros em 2021 (dados da ANP).
Diesel continua forte no transporte pesado
O transporte de cargas, segmento menos afetado pela pandemia, deve aumentar 3,4%, entre 2021 e 2031, no cenário referência da EPE, e a demanda deve continuar concentrada no uso do óleo diesel.
Segundo a estatal, não há perspectiva de desenvolvimento de projetos capazes de substituir o fóssil de forma expressiva nos veículos pesados.
Ainda assim, os licenciamentos de caminhões híbridos e elétricos devem começar a se tornar mais significativos.
Nos segmentos de caminhões semileves e leves, em 2031, 11,5% dos licenciamentos devem ser de híbridos e elétricos.
Para os segmentos de caminhões mais pesados, a EPE vê a opção de eletrificação levando mais tempo para ser competitiva frente aos veículos tradicionais.
Em semipesados, espera-se uma participação de 5% no licenciamento, e de 2% de híbridos para caminhões pesados.
- Leia em epbr: Mercado brasileiro de elétricos cresce 77% no Brasil
Outra alternativa tecnológica ao caminhão a diesel é o caminhão a gás natural, em especial o liquefeito (GNL).
Mas a EPE aponta limites para a ampliação dessa tecnologia até 2031, pelo alto custo de aquisição da tecnologia comparada à baixa ou inexistente disponibilidade de gás natural em diversas regiões, além do custo da infraestrutura de abastecimento e da pequena produção nacional desses caminhões.
Em 2031, este tipo de motorização deve avançar nos segmentos mais pesados, com participação do GNL e GNC nos licenciamentos de caminhões médios, semipesados e pesados de 0,8%, 1,1% e 1,9%, respectivamente.