Diálogos da Transição

Consórcio fecha 1º contrato internacional para injetar CO₂ no Mar do Norte

Acordo prevê o transporte de CO₂ capturado pela Yara na Holanda para armazenamento permanentemente na costa da Noruega

Consórcio fecha 1º contrato internacional para CCS (transporte e armazenamento de CO2) no Mar do Norte. Na imagem, plataforma continental Northern Lights no Mar do Norte, em Oygarden, próximo a Bergen, na costa oeste da Noruega (Foto: Rikard Wilson/Equinor Divulgação)
Plataforma continental Northern Lights no Mar do Norte, em Oygarden, próximo a Bergen, na costa oeste da Noruega (Foto: Rikard Wilson/Equinor Divulgação)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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Começou a série de debates dos Diálogos da Transição
Acompanhe ao vivo nas redes da epbr, de 29/8 a 2/9

A Yara e a Northern Lights, uma joint venture de propriedade da Equinor, Shell e TotalEnergies, anunciaram hoje (29/8) o primeiro contrato internacional para transporte e armazenamento de CO₂ no Mar do Norte.

Prevê o transporte de CO₂ capturado da fábrica de amônia e fertilizantes da Yara na Holanda para armazenamento permanentemente na plataforma continental na costa da Noruega.

O marco abre as portas para o transporte transfronteiriço de CO₂ e armazenamento como serviço — e pretende viabilizar o CCS (sigla em inglês para captura e armazenamento de carbono) como uma alternativa de descarbonização para a indústria europeia.

Segundo as empresas, quando os detalhes finais forem firmados, o acordo estabelecerá o padrão para outras indústrias em toda a Europa que desejam usar a Northern Lights — e outras opções de CCS no Mar do Norte — como parte de suas estratégias.

As operações estão programadas para começar em 2024 e a chegada das primeiras cargas de CO₂ liquefeito e transportado por navio da Yara estão previstas para o início de 2025.

A joint venture é a parte de transporte e armazenamento do projeto Longship — financiado em 80% pelo governo norueguês, e resultado de uma colaboração entre governo e emissores industriais para criar um modelo de cadeia de valor para o CCS.

Como contrapartida do financiamento, o governo estipulou que a Northern Lights desenvolvesse um modelo de negócios comercial e oferecesse seus serviços ao resto da Europa.

“Experimentamos uma demanda crescente por este serviço, principalmente de grandes polos industriais no continente europeu. Captura, transporte e armazenamento de CO₂ também é um pré-requisito para produzir hidrogênio azul e amônia”, explica Irene Rummelhoff, vice-presidente executiva de Marketing da Equinor.

A Yara estima uma demanda de 800 mil toneladas de CO₂ por ano, volume suficiente para ocupar toda a capacidade da fase 1 da Northern Light. O contrato ajuda a viabilizar a decisão final de investimento para ampliar o projeto para 5 a 6 milhões de toneladas de CO₂ por ano.

“Isso nos levará um passo adiante em direção à produção de alimentos sem carbono e acelerará o fornecimento de amônia limpa para produção de combustível e energia”, completa Svein Tore Holsether, CEO da Yara International.

Recentemente, a Yara International anunciou que avalia uma oferta pública inicial (IPO, em inglês) de seu negócio de amônia limpa, a YCA, na bolsa de valores de Oslo. Um teste de mercado para a economia do hidrogênio.

O grupo também está envolvido na criação de uma rede de bunkers — combustível de navios — à base de amônia verde na Escandinávia até 2024, que podem ser os primeiros terminais operacionais deste tipo de combustível do mundo.

Cobrimos por aqui:

Pernambuco dá a largada no hidrogênio

O Complexo Industrial e Portuário de Suape aprovou a manifestação de interesse para o primeiro projeto de produção de hidrogênio verde e azul, apresentado pela Qair. Com isso, será aberto o prazo para concorrência pela área até 27 de setembro.

O arrendamento será feito por 25 anos, renovável por igual período, para produção de hidrogênio verde, azul com captura de carbono e amônia. A operação comercial da primeira fase está prevista para o quarto ano de desenvolvimento.

Além da Qair, a brasileira Casa dos Ventos apresentou um projeto ainda não publicado. E a Fortescue Future Industries (FFI), subsidiária da mineradora Fortescue Metals Group, está finalizando o atendimento a exigências para empresas estrangeiras.

A CTG Brasil, braço da China Three Gorges Corporation, também espera começar a produzir hidrogênio verde, em escala comercial, em Suape, em cerca de quatro anos.

Fósseis em alta

Apoio aos combustíveis fósseis quase dobrou em 2021, alerta uma análise divulgada hoje (29/8) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

Os novos dados revelam que o apoio geral dos governos aos combustíveis fósseis em 51 países em todo o mundo saltou para US$ 697,2 bilhões no ano passado, ante US$ 362,4 bilhões em 2020, à medida que os preços da energia aumentaram com a recuperação da economia global.

E a tendência é mais subsídio

OCDE e IEA apontam que os apoios públicos ao consumo de fósseis devem aumentar ainda mais em 2022 devido à inflação dos combustíveis e da eletricidade.

“A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia causou aumentos acentuados nos preços da energia e minou a segurança energética”, comenta Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE.

“Aumentos significativos nos subsídios aos combustíveis fósseis incentivam o consumo esbanjador, embora não necessariamente atinjam as famílias de baixa renda”, critica.

Para a agenda

30/8 — A quarta edição do Siemens Innovation Forum traz soluções que impulsionam a produtividade, eficiência, flexibilidade e o uso sustentável de recursos. O evento, em formato híbrido, tem inscrições gratuitas para a agenda online, abertas ao público interessado em tecnologia, digitalização, automação e cidades inteligentes.

31/8 — A Abimaq promove, a partir das 13h, o Workshop de Mineração, patrocinado pela Syx Global, durante a M&T Expo — feira de negócios da indústria de equipamentos para construção e mineração na América Latina. Inscrição gratuita e por ordem de chegada no dia do evento. Informações no site

1/9 — No quarto e último seminário do Ciclo Retomada Econômica Verde, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) traz a experiência dos Estados Unidos para renovar sua economia com um modelo limpo e de baixo carbono. Transmissão no Youtube a partir das 11h