BRASÍLIA – Políticas para o desenvolvimento da cadeia do lítio serão discutidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O diretor de Insumos e Materiais Intermediários do Ministério do Desenvolvimento do MDIC, Carlos Leonardo Teófilo, adiantou nesta quarta (10/5) que as diretrizes para a exploração do minério serão avaliadas de acordo com a agenda de reindustrialização da pasta.
E devem considerar “sustentabilidade, transição energética e desenvolvimento tecnológico”. “A gente entende que conversam muito bem com a nossa cadeia de lítio”, comentou.
Recriado em abril, o CNDI volta a funcionar em 25 de maio.
No entendimento do diretor, o Brasil deve avançar na criação de uma base estratégica para os metais de transição – também chamados de metais críticos. O tema é uma das prioridades do Ministério das Minas e Energia (MME).
Atualmente, 80% do lítio utilizado mundialmente é destinado à fabricação de baterias. Segundo previsões da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), é esperado que a demanda por minerais de transição alcance 17,5 milhões de toneladas em 2030.
Mesmo com uma reserva favorável, sobretudo no Vale do Jequitinhonha (MG), o Brasil ainda produz pouco lítio, ocupando o 5º lugar na produção global do minério.
Já o Triângulo do Lítio, formado pela Bolívia, Argentina e Chile, concentram juntos mais de 60% das reservas mundiais do minério. Por conta desse cenário, a América do Sul está atraindo a atenção internacional.
“A América do Sul tem um papel estratégico para a cadeia de valor, mas não na produção, que se concentra na Austrália”, explicou o diretor.
Vale do Jequitinhonha atrai interesse
Enir Mendes, coordenador geral de Mineração da Secretaria de Geologia e Transformação Mineral do MME, um dos desafios para a ampliação das reservas de lítio é o desenvolvimento tecnológico.
“O Brasil domina hoje o mapeamento geológico, mas precisa avançar na tecnologia mineral, na metalurgia para a agregação de valor e desenvolvimento da cadeia”, afirmou o coordenador.
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), no momento, 377 processos de minérios estão em fase de autorização de pesquisa, em 22 municípios na região do Vale do Jequitinhonha (MG).
Na última terça (9/5), a iniciativa Lithium Valley Brazil foi lançada globalmente na bolsa de valores de Nova York, Nasdaq, e colocou o Vale do Jequitinhonha no mapa mundial da cadeia produtiva do lítio.
O chamado Vale do Lítio conta com quatro mineradoras desenvolvendo projetos de exploração do mineral.
“É uma província que se anuncia como promissora. Ela pode atrair investimentos e o país está preparado para recebê-los”, ressaltou o diretor geral da ANM, Mauro Henrique Moreira.
De acordo com Moreira, “o mundo está olhando para o Brasil” e a atração de investimentos para a cadeia do lítio depende de uma infraestrutura pública e privada para a criação de um polo industrial para o minério.
O diretor também anunciou que a execução de propostas para os minerais estratégicos será esboçada em parceria com o MME, na medida em que a agência prepara a retomada do Conselho Nacional de Política Mineral.
Nesta quarta (10/5), os representantes do governo participaram de audiência organizada pelas comissões de Finanças e Tributação e Minas e Energia, na Câmara.
A corrida pelo lítio
Com cerca de 65% das reservas encontradas no Chile, Bolívia e Argentina, é na China a maior concentração do processamento do lítio.
Considerado essencial para a transição energética, o mundo começa a assistir uma corrida pelo mineral e demanda deve crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.
Nesta edição do antessala, discutiremos os desafios do Brasil na exploração desse mineral crítico e as oportunidades do país em garantir a transição energética com segurança e responsabilidade ambiental.
Vamos conversar com:
— José Balbino Maia de Figueiredo, vice-presidente da Regional Fiemg Vale do Jequitinhonha.
— Aline Nunes, Coordenadora de Assuntos Minerários do Ibram
— Elaine Santos, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP
— Vitor Saback, secretário de geologia e mineração do MME
Assista na íntegra!