RIO – O CEO da Compass, Antônio Simões, afirmou nesta sexta (9/8) que a Edge, o braço de comercialização de gás natural do grupo, está “acompanhando de perto” as oportunidades de importação da Argentina já a curto prazo.
Ele enxerga que, num primeiro momento, as chances de importação serão “oportunísticas” – a expectativa no mercado é que o gás argentino terá condições de chegar na janela do verão 2024/2025 em caráter flexível (interruptível) e sazonal e que só deve se traduzir em contratos firmes mais para frente.
“Mas, sim, [o gás argentino] pode ser uma eventual fonte de suprimento competitivo e a gente quer ter a chance de participar. Vai, sem dúvida nenhuma, se materializar, a gente vai estar ali discutindo a competitividade operacional e tentar participar e trazer parte desse volume também para o nosso portfólio”, afirmou Simões, ao participar de teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados financeiros do 2º trimestre.
Além de oportunidades de curto prazo, segundo ele, a companhia também tem acompanhado discussões mais estruturantes para importação a longo prazo.
“Essa parte mais estrutural demanda um pouco mais de tempo também, discussões entre governos e a viabilidade técnica também de cada uma das opções”, completou.
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Edge diversifica portfólio e mira biometano
A Edge tem a importação de gás natural liquefeito (GNL) como principal fonte de suprimento, mas a companhia vem buscando mais alternativas de originação de gás.
No primeiro semestre, 68,7% dos volumes entregues pela Edge vieram do Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP); 18,7% da Bolívia; e outros 12,6% do pré-sal.
“Esse portfólio de alternativas e a capacidade de absorver ou de trazer essas oportunidades ao longo dos meses, mesmo que de maneira intermitente e oportunística, vão trazer para a gente um portfólio que segue sendo competitivo porque ele traz flexibilidade além de preço”, comentou Simões.
Outra fonte de originação da Edge é o biometano. A empresa estima que os projetos já contratados pela empresa têm potencial de cerca de 400 mil m3/dia. Os ativos se tornarão operacionais a partir de 2025.
Em julho, a empresa assinou um novo contrato de aquisição de gás renovável com o Grupo Orizon. Dessa vez, o acordo prevê a compra de todo o biometano que será produzido no aterro de Itapevi, na Região Metropolitana de São Paulo, a partir de 2026. O volume médio estimado é de, no mínimo, 25 mil m3/dia.
Edge e Orizon já haviam formado no ano passado uma joint venture para a construção de uma planta de biometano no aterro de Paulínia (SP). A empresa do grupo Cosan ficará responsável pela comercialização do gás produzido no ativo: 180 mil m3/dia a partir de 2025, mas que poderá alcançar até 300 mil m3/dia no futuro.
Além dos acordos com a Orizon, a Compass tem contrato também com a São Martinho para comprar o biometano a ser produzido na primeira planta do tipo do grupo sucroalcooleiro, na usina de Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP). O início de fornecimento está previsto para 2025 e a produção é estimada em 63 mil m3/dia durante o período de moagem.
Simões conta que o modelo de originação de biometano – seja como comprador ou como investidor – dependerá de cada oportunidade.
“Depende muito caso a caso. A gente vai analisar dentro desse contexto do mercado mesmo, de onde a planta está, qual o tamanho, e também dos nossos outros negócios, se faz sentido ou não faz o investimento naquele momento”, disse.
Simões conta que a empresa acompanha as discussões sobre a criação do mandato de biometano no PL do Combustível do Futuro, mas pontua que o interesse do mercado pelo gás renovável já existe hoje.
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“A partir do momento que essas plantas comecem a florescer, a gente tem expectativa de que o mercado já esteja mais avançado. A gente tem tido discussões com todos os clientes a respeito disso: existe interesse, tem uma questão de precificação, tem uma questão de tamanho de contratos, enfim, mas isso acho que é parte desse mercado que ainda é incipiente. O Combustível do Futuro só vem a fortalecer essa visão e a nossa posição”, disse.