RIO — A Compagas lança nesta quinta-feira (01/09) uma nova chamada pública para aquisição de gás natural. A distribuidora paranaense planeja comprar 70 mil m³/dia de gás, para complementar os contratos vigentes e atender ao mercado cativo a partir de 2023. Para 2024 e 2025, o volume firme é superior a 500 mil m³/dia.
A empresa também está aberta a propostas para contratação de volumes na modalidade interruptível.
“Nossa meta é ter um portfólio de suprimento que permita uma segurança operacional e melhores condições comerciais para os diversos segmentos de consumo, principalmente para a indústria”, afirmou o diretor-presidente da Compagas, Rafael Lamastra Jr.
As propostas devem ser encaminhadas para a companhia até o dia 17 de outubro. Os documentos da chamada pública e o termo de referência da concorrência serão publicados nesta quinta (1/9).
Distribuidora quer reduzir dependência da Petrobras
Atualmente, os contratos com a Petrobras somam cerca de 1 milhão de m³/dia (volume firme), mas preveem janelas de oportunidades para contratações futuras com outros supridores entre 2023 e 2025.
A busca por novos fornecedores acontece também em meio aos preparativos para a privatização da Compagas. A Copel, controladora da empresa, espera vender as suas ações na distribuidora em 2023. Antes disso, a expectativa é que o contrato de concessão da concessionária seja renovado ainda este ano.
Esta é a terceira chamada pública para aquisição de gás natural lançada pela Compagas nos últimos três anos. As duas primeiras foram realizadas de forma coordenada com as distribuidoras da região Centro-Sul: MSGás (MS). GasBrasiliano (SP), SCGás (SC) e Sulgás (RS).
Em ambos os processos, a Compagas acabou firmando contrato com a Petrobras — único supridor que apresentou condições viáveis de fornecimento para garantir a continuidade da distribuição de gás no Paraná.
“Também buscamos resoluções para as barreiras que dificultam o acesso das distribuidoras do Centro-Sul do país às infraestruturas de transporte, de forma a permitir um número maior de supridores atuando nesses estados”, comentou Lamastra Jr.
Ele destaca que as chamadas anteriores foram importantes para aproximar a distribuidora dos agentes do mercado, e para aprofundamento dos estudos técnicos relacionados à contratação do suprimento e identificação dos diversos desafios do setor — principalmente aqueles ligados ao transporte e regulação.
Compagas ainda vê barreiras à abertura
O executivo cita os gargalos técnicos na interconexão das malhas da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e Nova Transportadora do Sudeste (NTS), como o “empilhamento de tarifas” para a contratação de transporte e acesso ao gás oriundo de outras regiões do país.
Lamastra lembra também que a infraestrutura não está preparada para escoar o gás doméstico para atendimento total à demanda da Região Sul.
“São pontos que devem ser tratados com urgência pela ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis]. Reforço ainda que esses temas são de extrema importância para viabilizar o livre acesso das distribuidoras do Centro-Sul a outros mercados com condições mais competitivas e garantir o suprimento para seus clientes”, destacou.
Empresa testa contratos interruptíveis
Em maio, a Compagas firmou dois contratos-piloto de suprimento de gás natural com as comercializadoras Tradener e Gas Bridge, para entrega de até 10 mil m³/dia por um prazo de dez dias, na modalidade interruptível — quando a oferta pode ser interrompida ou reativada, diante da disponibilidade de molécula.
A Tradener já concluiu o testes com a distribuidora paranaense. Já o projeto-piloto com a Gas Bridge deve ocorrer até o fim do ano.
Esta foi a primeira vez que a Compagas celebrou contratos com supridores alternativos à Petrobras para fornecimento de gás natural canalizado ao estado.