A Compagas, distribuidora paranaense de gás canalizado, assinou contratos com dois novos fornecedores — Gas Bridge e Tradener — para um projeto-piloto que visa buscar alternativas à Petrobras. A redução do envio de gás pela Bolívia ao Brasil, a partir de maio, no entanto, deve adiar os planos.
A empresa do Paraná fechou contratos, em maio, com as comercializadoras, para importação de gás boliviano na modalidade interruptível — que prevê a interrupção ou reativação dos envios diante da disponibilidade de molécula por parte dos supridores.
Os contratos preveem a entrega de até 10 mil m³/dia, por um prazo de 10 dias. No curto prazo, a Compagas não tem expectativa de recebimento do gás, dada a confirmação da redução do envio do gás boliviano. No entanto, em conjunto com a Tradener e com a Gas Bridge, a concessionária está buscando janelas de oportunidade para receber o gás contratado.
Relembre: A Bolívia reduziu em 30% o envio de gás à Petrobras, para 14 milhões de m³/dia a partir de maio, depois de se comprometer a aumentar as exportações para a Argentina até setembro. O volume vendido aos argentinos subiu de uma média de 8 milhões a 10 milhões de m³/dia para 14 milhões de m³/dia. Recorrer ao gás boliviano foi, para a Argentina, uma alternativa aos elevados preços do GNL no mercado internacional. Para a Bolívia, significa uma receita extra. A Bolívia informou que o preço pago pela Argentina pela cota extra de gás atingiu, em maio, os US$ 20 o milhão de BTU — ante os cerca de US$ 7 o milhão de BTU pagos pelo Brasil.
Esta é a primeira vez que a Compagas firma contrato com supridores alternativos à Petrobras.
O objetivo da Compagas é, após a validação do projeto-piloto, avançar em negociações com outros potenciais supridores para a aquisição de volumes maiores de gás, em condições mais competitivas, por meio de contratos interruptíveis — em complemento ao volume já contratado com a Petrobras.
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Segundo a companhia, o volume contratado para a fase de testes é reduzido devido à indisponibilidade de capacidade de saída de transporte, totalmente ocupada pela Petrobras pela alocação de antigos contratos.
Essa restrição no transporte dificulta, no curto prazo, a viabilização de novos contratos de fornecimento firme, razão pela qual a distribuidora busca na modalidade interruptível uma solução para atrair novos supridores.