Biocombustíveis

Como as startups querem descarbonizar a aviação?

Conheça os projetos de inovação selecionados pelo UpLink-FMC, o programa de aceleração do Fórum Econômico Mundial

Como as startups querem descarbonizar a aviação com projetos de inovação? Na imagem: Selecionada no desafio UpLink, a Beyond Aero está trabalhando para fabricar a primeira aeronave com propulsão a hidrogênio certificável e lucrativa (Foto: Divulgação)
Selecionada no desafio UpLink, a Beyond Aero está trabalhando para fabricar a primeira aeronave com propulsão a hidrogênio certificável e lucrativa (Foto: Divulgação)

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Diálogos da Transição

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Editada por Nayara Machado
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Propulsão a hidrogênio, CO2 convertido em combustível, motores criogênicos e elétricos: essas são algumas das tecnologias que prometem descarbonizar o transporte aéreo e mudar de vez a forma como viajamos de avião.

O percurso, no entanto, é longo – e com escalas.

Com meta de chegar a 2050 com emissões líquidas zero, a indústria precisará investir algo em torno de US$ 5 trilhões até meados do século, estima a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, em inglês).

Isso significa quase US$ 178,6 bilhões por ano entre 2023 e 2050, boa parte destinada a tecnologias capazes de reduzir drasticamente a contribuição do setor para o aumento da temperatura global – hoje, a aviação civil emite 2% dos gases de efeito estufa que são lançados na atmosfera.

As alternativas variam desde tecnologias de aeronaves até novos modelos de abastecimento, como combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês), hidrogênio ou baterias, passando por infraestruturas aeroportuárias e melhorias operacionais. E as startups estão atentas a esse mercado.

Esta semana, em Davos, na Suíça, durante a reunião do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), a First Movers Coalition (FMC) deu a largada em um movimento para ajudar tecnologias consideradas mais promissoras a decolarem, com a seleção de 16 startups no programa de aceleração UpLink-FMC Sustainable Aviation Challenge.

Os vencedores defendem abordagens inovadoras para combustível sustentável de aviação, vôos movidos a bateria e a hidrogênio, dando uma ideia do que está por vir.

  • Uma parceria público-privada global do Fórum Económico Mundial e do governo dos Estados Unidos, a FMC representa o maior grupo privado do mundo com um objetivo: dar sinal de demanda a tecnologias climáticas emergentes.

“As viagens aéreas são cruciais para a conectividade global e o crescimento econômico, mas o seu impacto ambiental não pode ser ignorado. É por isso que iniciativas como o UpLink-FMC são fundamentais para acelerar a ação climática”, comenta Suzanne DiBianca, vice-presidente executiva e diretora de Impacto da Salesforce.

Os eletrocombustíveis estão chegando

Produzidos a partir de uma combinação de hidrogênio verde e CO2, os combustíveis sintéticos também são chamados de eletrocombustíveis porque utilizam eletricidade renovável no processo de obtenção da molécula de H2.

A primeira planta do tipo foi inaugurada no Chile, no final de 2022, como um projeto piloto. Avaliada como promissora, tanto para descarbonizar a aviação, quanto o frete marítimo, a tecnologia ainda precisa superar gargalos para ganhar escala, especialmente aqueles relacionados a preço – o e-SAF custa até oito vezes mais que o querosene de aviação fóssil.

O UpLink-FMC selecionou quatro startups que trabalham com os eletrocombustíveis: a Ineratec GmbH e a Infinium, que reciclam CO2 e utilizam hidrogênio verde para produzir e-fuels; Spark e-Fuels, que está desenvolvendo usinas integradas de e-SAF que podem ser diretamente conectadas à eletricidade renovável de menor custo.

Já a Synhelion foca na conversão de energia solar em combustíveis de aviação, marítimo e até gasolina e diesel. Segundo a empresa, a inauguração da primeira unidade industrial está a caminho na Alemanha, e o projeto conta com parceiros como Eni, Lufthansa e Cemex.

Aplicações relacionadas ao hidrogênio e CO2, aliás, dominam a lista de startups selecionadas.

De olho no carbono como insumo, a Air Company desenvolve uma tecnologia modular para transformar CO2 em combustível, enquanto a Twelve e a Cemvita’s eCO utilizam fluxos de resíduos e dióxido de carbono para produzir proteínas, plásticos e matéria-prima para SAF.

Em uma direção diferente, a propulsão a hidrogênio está no horizonte da Beyond Aero e da HyFlux, enquanto a Verne propõe uma solução de armazenamento de hidrogênio.

E os aviões elétricos?

Grandes fabricantes de aeronaves, como a brasileira Embraer, enxergam a eletrificação do setor começando pelos jatos menores antes de ser economicamente viável para a aviação comercial.

Mesmo assim, gigantes do setor já entraram na corrida tecnológica para apresentar seus modelos elétricos.

As startups VerdeGo Aero, Sylphaero e H3X também embarcaram nesse movimento e são as três selecionadas no programa da FMC com foco em propulsão elétrica. Já a Ampaire quer ser uma das primeiras a chegar ao mercado com tecnologia elétrica híbrida. Os projetos podem ser consultados aqui.

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Disputa pelo lítio brasileiro

Em busca de matéria-prima para as baterias de seus veículos eletrificados, a alemã Volkswagen e a chinesa BYD disputam a compra da maior produtora de lítio no Brasil, a Sigma LithiumEntenda o que está em jogo

Agência global para biocombustíveis

Em Davos, o ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), propôs a criação de uma agência para fomentar a adoção de combustíveis renováveis na matriz energética mundial. O país quer aproveitar a presidência do G20 para promover os biocombustíveis.

Crédito para nuclear nos EUA

O governo de Joe Biden finalizou US$ 1,1 bilhão em créditos destinados a ajudar a manter aberta a usina nuclear Diablo Canyon, da PG&E na Califórnia. A Lei Bipartidária de Infraestrutura tem um programa de US$ 6 bilhões para ajudar as centrais nucleares existentes, como estratégia para cumprir a meta de eletricidade descarbonizada até 2035.

Solar flutuante

A Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) inaugurou, nesta quarta-feira (17/1), a primeira usina solar flutuante da cidade de São Paulo, na represa Billings. A planta chamada de UFF Araucária tem 7 MWp de capacidade instalada e recebeu R$ 30 milhões em investimentos. É a primeira etapa do projeto, que prevê a instalação de 75 MW de potência até 2025, com investimento total de R$ 450 milhões.

Chamada para biometano

A Compagas lançou nesta semana uma nova chamada pública para receber propostas de aquisição de biometano. A distribuidora de gás canalizado do Paraná espera avançar, assim, com o plano de expandir a participação do gás renovável em seu portfólio de suprimento para algo entre 15% a 20% a partir de 2025. Os interessados têm até 15 de março para enviar as ofertas.

Chamada para eficiência

Enel Brasil lançou uma chamada pública para financiamento de projetos de eficiência energética nas três distribuidoras do grupo no país. Até o dia 03 de julho de 2024, clientes das concessionárias da Enel em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará poderão inscrever projetos. Serão disponibilizados R$ 38 milhões, dos quais R$ 12 milhões para iniciativas de iluminação pública.