Diálogos da Transição

Como a baixa eficiência energética afeta as contas das famílias

No mundo, famílias poderiam economizar US$ 650 bilhões por ano em contas de energia até o final da década com incentivos a eficiência

Como a baixa eficiência energética afeta as contas de energia das famílias. Na imagem, conta de energia (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Políticas precisam garantir que os produtos vendidos aqui tenham os mesmos padrões de eficiência exigidos internacionalmente, diz Amanda Ohara, do iCS (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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Editada por Nayara Machado
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Um levantamento da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), concluiu que o gasto com gás e energia elétrica já compromete metade ou mais da metade da renda de 46% das famílias brasileiras.

A Ipec ouviu 2002 pessoas com idade a partir dos 16 anos, em todas as regiões do Brasil. Entre elas, 10% afirmam que a despesa com eletricidade compromete quase toda a renda familiar.

Para 90% dos brasileiros que participaram do estudo, a solução para pagar a conta de luz foi diminuir as compras de outros produtos como roupa, sapato e eletrodomésticos. Entre o percentual, 22% deixaram de comprar alimentos básicos para manter a energia em dia. Destes, 28% são nordestinos.

“As pessoas que sofrem mais com esses altos custos de eletricidade são pessoas de baixa renda, que acabam tendo os equipamentos menos eficientes em casa ou não têm nem mesmo acessos a esses equipamentos”, comenta Amanda Ohara, do Instituto Clima e Sociedade (ICS).

Segundo Ohara, para reduzir o consumo de eletricidade, as famílias estão deixando de ligar equipamentos que consomem mais energia, algo que poderia ser amenizado, em conjunto com outras ações, se a eficiência energética atingisse essa fatia da sociedade.

Entre as formas de expandir a eficiência para as diversas camadas de consumidores, o acesso a novas linhas de produtos como geladeira e ar-condicionado surgem como alternativas necessárias para redução de custos.

Para a especialista, é urgente ter mais equipamentos eficientes disponíveis no Brasil, além da criação de políticas que garantam que os produtos vendidos aqui tenham os mesmos padrões de eficiência exigidos internacionalmente.

“Também é preciso que se criem programas que viabilizem o acesso de pessoas que sofrem mais com o custo da energia. Existem formas de fazer isso, através do percentual de renda das distribuidoras que, por lei, devem ser gastos com medidas via um programa de eficiência da Aneel. Seria muito interessante se esse recurso fosse aplicado para subsidiar a compra de equipamentos para população mais vulnerável”.

Outro ponto é o direcionamento adequado de políticas para reduzir o custo da energia. Leia a entrevista completa na epbr

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Eficiência para o Net Zero

Cerca de 25 ministros de estado de diversos países se reuniram na quarta (8/6) na Dinamarca para debater medidas de eficiência energética para combater a crise energética e ajudar a cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris. O Brasil não participou.

Durante o encontro, os líderes enfatizaram que ações aceleradas voltadas para eficiência podem reduzir a demanda global de energia até 2030. Caso contrário, a demanda final de energia pode ser até 18% maior em 2030 em vez de cerca de 5% menor no cenário de emissões líquidas zero.

O encontro terminou com a publicação de um documento apontando que esforços extras em eficiência e áreas relacionadas também reduziriam os gastos globais em energia, e somente as famílias poderiam economizar pelo menos US$ 650 bilhões por ano em contas de energia até o final da década em comparação com o que teriam gasto em um caminho baseado nas políticas atuais.

A quantidade de gás natural que o mundo evitaria usar é igual a quatro vezes o que a Europa importou da Rússia no ano passado. Já o consumo reduzido de petróleo seria de quase 30 milhões de barris por dia, cerca do triplo da produção média da Rússia em 2021. Leia o comunicado (em inglês)

ESG na B3

Levantamento da consultoria Luvi One, em parceria com a fintech arara.io, aponta um crescimento de 29%, em relação ao ano passado, no número de companhias listadas na bolsa de valores brasileira com metas ambientais.

Em 2021, a pesquisa havia constatado que 37% das empresas listadas na B3 tinham metas de redução de impacto ambiental. Esse percentual subiu para 45%, em 2022. Já em relação às metas específicas, o percentual passou de 16% para 27% das companhias listadas e analisadas.

Foram analisadas 404 empresas, sendo consideradas todas as companhias listadas na B3, excluindo empresas do mesmo grupo. O levantamento verificou os relatórios publicados, a presença de metas abertas e específicas para reduzir impactos ambientais, se a empresa considera os ODS, a metodologia GRI e seus atos de gestão ambiental e sustentabilidade.

Os dados da pesquisa revelam ainda que o tema energia é o que mais se destaca entre as empresas da B3, com 41% delas estabelecendo compromissos para consumo energético sustentável. No ano passado, apenas 29% delas relataram esse objetivo em suas metas genéricas.

Também no item energia, o número de empresas com metas específicas — quando são estabelecidos prazos e percentuais de redução — aumentou de 11% para 21%.

US$ 8 bi para hubs de hidrogênio nos EUA

O Departamento de Energia dos Estados Unidos pretende financiar um programa de US$ 8 bilhões para desenvolver hubs regionais de hidrogênio limpo no país. E prevê a criação de redes de produtores de hidrogênio, consumidores e infraestrutura local para acelerar o uso do energético renovável.

O programa está inserido na Lei Bipartidária aprovada em 2021 pelo Congresso dos EUA, que prevê investimentos de cerca de US$ 1 trilhão na construção de infraestrutura para descarbonização da economia.

Artigos da semana

Rejeição da reforma do mercado de carbono europeu impõe riscos à neutralidade climática: Rejeição causou surpresa, e se deu principalmente pelo número de emendas e desavenças partidárias, escrevem Carolina Grangeia e Luan Santos

Projetos de GNL de pequena escala e a necessidade de aprimoramento regulatório: Os projetos de distribuição de gás natural liquefeito (GNL) em pequena escala ganham cada vez mais espaço no Brasil e no mundo. Artigo por Felipe Boechem, André Lemos, Pedro Vargas e Stephani Oliveira

Do pré-sal ao consumidor, a longa jornada de investimentos: O colunista Marcelo Gauto escreve sobre o tempo para que esforços em exploração e produção de petróleo se materializem nos combustíveis e custos bilionários dessa empreitada

Uma mensagem do Programa PotencializEE:

Veja como o PotencializEE vai ajudar mais de 5.000 indústrias brasileiras a realizarem mais de mil diagnósticos energéticos e apoiar na implementação de 425 projetos, até 2024. Saiba mais