Biocombustíveis

Combustíveis marítimos de baixo carbono ganham incentivo na Europa

A partir de 2025, a intensidade de carbono nos combustíveis marítimos deverá cair 2%

Combustíveis marítimos de baixo carbono ganham incentivo na Europa. Na imagem: Quatro navios de carga transitam no oceano azul (Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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Parlamento e Comissão Europeia chegaram a um acordo na quinta (23/3) sobre o novo regulamento para cortar emissões de gases de efeito estufa (GEE) no transporte marítimo, incentivando o uso de combustíveis sustentáveis.

A partir de 2025, a intensidade de carbono nos combustíveis marítimos deverá cair 2%, com reduções gradativas ao longo dos anos seguintes até chegar a um corte de 80% em 2050.

Com isso, a UE pretende criar demanda para os combustíveis sustentáveis, ao mesmo tempo em que incentiva sua produção.

Para reduzir a diferença de preço em relação aos fósseis, o plano inclui um regime especial de incentivos para “adoção de renováveis ​​de origem não biológica com elevado potencial de descarbonização” — isto é, os derivados de hidrogênio.

Apelidado de FuelEU Maritime, é um complemento a um acordo do final do ano passado que inclui os navios no Sistema de Comércio de Emissões da UE (EU ETS).

O bloco planeja reduzir suas emissões gerais em 55% até 2030 e ser neutro em carbono até 2050. O setor de navegação representa cerca de 3% a 4% do volume de GEE lançado na atmosfera pelos países europeus.

As metas apresentadas esta semana vão além do CO2, e englobam o metano e óxido nitroso durante todo o ciclo de vida dos combustíveis.

“Os navios devem e irão mudar de combustíveis fósseis para alternativas mais ecológicas”, defende Adina Vălean, comissária dos Transportes da UE.

Ela afirma que a perspetiva de longo prazo desenhada na regulação sinaliza à cadeia de valor que “vale a pena e é necessário” investir em combustíveis marítimos sustentáveis ​​e tecnologias de emissão zero.

“Isso está totalmente de acordo com nossos esforços para apoiar tecnologias sustentáveis ​​de combustíveis alternativos sob a nova Lei da Indústria Net Zero”, completa.

Neutralidade tecnológica

Segundo a Comissão Europeia, o FuelEU Maritime adota uma abordagem de “neutralidade tecnológica”.

Isso significa que os operadores terão uma margem de liberdade para escolher o combustível ou tecnologia que fizer mais sentido para seus navios e operações.

Também prevê um “mecanismo de agrupamento voluntário”, ou seja, a frota terá um limite de intensidade de GEE que poderá ser cumprida de forma diferente pelos navios — alguns poderão emitir mais, desde que sejam compensados pelos que emitem menos.

É uma forma de aproveitar as diferentes rotas de combustíveis que estão começando a aparecer no mercado, como biocombustíveis, metanol e amônia verdes.

São produtos que podem derivar de biomassa, hidrogênio de baixo carbono e até lixo.

Metanol verde na China

Hoje (24/3), a dinamarquesa Maersk, anunciou um Memorando de Entendimento (MOU) com o Shanghai International Port Group (SIPG) para explorar o abastecimento de combustível verde no Porto de Xangai, a partir de 2024.

A operadora logística europeia tem meta de emissões líquidas zero até 2040 em todo o negócio. Nos planos, estão a entrega e operação de 19 navios com motores capazes de operar com metanol verde.

A iniciativa é emblemática porque o porto de Xangai, na China, é o maior do mundo. E a ambição do SIPG é torná-lo um dos primeiros pontos comerciais de reabastecimento de metanol verde do mundo.

Para Gu Jinshan, presidente do SIPG, o negócio aumentará a competitividade do porto, à medida que a demanda por combustíveis sustentáveis ​​avança. É também uma estratégia para transformar a empresa em um “centro de energia de baixo carbono e ecologicamente correto” na Ásia-Pacífico.

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Curtas

Acelerando tecnologias de energia limpa

Até 2030, os Estados Unidos deverão aumentar os investimentos cumulativos para aproximadamente US$ 300 bilhões nos setores de armazenamento de energia, hidrogênio e nuclear, mostra um conjunto de relatórios publicado esta semana pelo Departamento de Energia (DoE).

No hidrogênio limpo, o DoE conclui que hubs regionais, incentivos fiscais da Lei de Redução da Inflação e o Programa de Hidrogênio do departamento posicionam o país para ser um dos principais comercializadores em grande escala.

Mas há questões a serem superadas. Apesar do aumento do interesse dos investidores e dos anúncios de projetos, construção de infraestrutura, incerteza da demanda e desenvolvimento da força de trabalho são desafios para a adoção em escala. Veja os relatórios (em inglês)

GD na Vivo

A Helexia conectou esta semana a primeira usina solar para atender o projeto de geração distribuída da Vivo. Localizada em Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, a instalação tem capacidade de 4.9 MWp. No mês de abril, a Helexia conectará 20.0 MWp adicionais de projetos em Rondônia e Paraná, além de 62 MWp, ao longo deste ano, para atender São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Tocantins e Amazonas.

Caminhões elétricos

A Ford planeja fabricar até meio milhão de caminhões elétricos por ano em seu complexo BlueOval City em construção no oeste do Tennessee, nos EUA. O início da produção está previsto para 2025. A fábrica terá uma área de montagem 30% menor do que a de uma tradicional, com maior capacidade de produção. Reuters