newsletter
Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
[email protected]
Parlamento e Comissão Europeia chegaram a um acordo na quinta (23/3) sobre o novo regulamento para cortar emissões de gases de efeito estufa (GEE) no transporte marítimo, incentivando o uso de combustíveis sustentáveis.
A partir de 2025, a intensidade de carbono nos combustíveis marítimos deverá cair 2%, com reduções gradativas ao longo dos anos seguintes até chegar a um corte de 80% em 2050.
Com isso, a UE pretende criar demanda para os combustíveis sustentáveis, ao mesmo tempo em que incentiva sua produção.
Para reduzir a diferença de preço em relação aos fósseis, o plano inclui um regime especial de incentivos para “adoção de renováveis de origem não biológica com elevado potencial de descarbonização” — isto é, os derivados de hidrogênio.
Apelidado de FuelEU Maritime, é um complemento a um acordo do final do ano passado que inclui os navios no Sistema de Comércio de Emissões da UE (EU ETS).
O bloco planeja reduzir suas emissões gerais em 55% até 2030 e ser neutro em carbono até 2050. O setor de navegação representa cerca de 3% a 4% do volume de GEE lançado na atmosfera pelos países europeus.
As metas apresentadas esta semana vão além do CO2, e englobam o metano e óxido nitroso durante todo o ciclo de vida dos combustíveis.
“Os navios devem e irão mudar de combustíveis fósseis para alternativas mais ecológicas”, defende Adina Vălean, comissária dos Transportes da UE.
Ela afirma que a perspetiva de longo prazo desenhada na regulação sinaliza à cadeia de valor que “vale a pena e é necessário” investir em combustíveis marítimos sustentáveis e tecnologias de emissão zero.
“Isso está totalmente de acordo com nossos esforços para apoiar tecnologias sustentáveis de combustíveis alternativos sob a nova Lei da Indústria Net Zero”, completa.
Neutralidade tecnológica
Segundo a Comissão Europeia, o FuelEU Maritime adota uma abordagem de “neutralidade tecnológica”.
Isso significa que os operadores terão uma margem de liberdade para escolher o combustível ou tecnologia que fizer mais sentido para seus navios e operações.
Também prevê um “mecanismo de agrupamento voluntário”, ou seja, a frota terá um limite de intensidade de GEE que poderá ser cumprida de forma diferente pelos navios — alguns poderão emitir mais, desde que sejam compensados pelos que emitem menos.
É uma forma de aproveitar as diferentes rotas de combustíveis que estão começando a aparecer no mercado, como biocombustíveis, metanol e amônia verdes.
São produtos que podem derivar de biomassa, hidrogênio de baixo carbono e até lixo.
Metanol verde na China
Hoje (24/3), a dinamarquesa Maersk, anunciou um Memorando de Entendimento (MOU) com o Shanghai International Port Group (SIPG) para explorar o abastecimento de combustível verde no Porto de Xangai, a partir de 2024.
A operadora logística europeia tem meta de emissões líquidas zero até 2040 em todo o negócio. Nos planos, estão a entrega e operação de 19 navios com motores capazes de operar com metanol verde.
A iniciativa é emblemática porque o porto de Xangai, na China, é o maior do mundo. E a ambição do SIPG é torná-lo um dos primeiros pontos comerciais de reabastecimento de metanol verde do mundo.
Para Gu Jinshan, presidente do SIPG, o negócio aumentará a competitividade do porto, à medida que a demanda por combustíveis sustentáveis avança. É também uma estratégia para transformar a empresa em um “centro de energia de baixo carbono e ecologicamente correto” na Ásia-Pacífico.
Cobrimos por aqui:
- Mineradoras estudam corredor verde marítimo Austrália-Leste Asiático
- Frete marítimo demandará 50 milhões de toneladas de hidrogênio verde até 2050
- Panamá, Uruguai e Noruega entram para hub de frete marítimo verde
Gostou? Compartilhe no WhatsApp!
Curtas
Acelerando tecnologias de energia limpa
Até 2030, os Estados Unidos deverão aumentar os investimentos cumulativos para aproximadamente US$ 300 bilhões nos setores de armazenamento de energia, hidrogênio e nuclear, mostra um conjunto de relatórios publicado esta semana pelo Departamento de Energia (DoE).
No hidrogênio limpo, o DoE conclui que hubs regionais, incentivos fiscais da Lei de Redução da Inflação e o Programa de Hidrogênio do departamento posicionam o país para ser um dos principais comercializadores em grande escala.
Mas há questões a serem superadas. Apesar do aumento do interesse dos investidores e dos anúncios de projetos, construção de infraestrutura, incerteza da demanda e desenvolvimento da força de trabalho são desafios para a adoção em escala. Veja os relatórios (em inglês)
GD na Vivo
A Helexia conectou esta semana a primeira usina solar para atender o projeto de geração distribuída da Vivo. Localizada em Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, a instalação tem capacidade de 4.9 MWp. No mês de abril, a Helexia conectará 20.0 MWp adicionais de projetos em Rondônia e Paraná, além de 62 MWp, ao longo deste ano, para atender São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Tocantins e Amazonas.
Caminhões elétricos
A Ford planeja fabricar até meio milhão de caminhões elétricos por ano em seu complexo BlueOval City em construção no oeste do Tennessee, nos EUA. O início da produção está previsto para 2025. A fábrica terá uma área de montagem 30% menor do que a de uma tradicional, com maior capacidade de produção. Reuters