Combustíveis e Bioenergia

TCU nega suspensão da venda da refinaria da Petrobras na Bahia

Sede do Tribunal de Contas da União, em Brasília
Sede do Tribunal de Contas da União, em Brasília (Foto: Agência Brasil)

O Tribunal de Contas da União (TCU) negou nesta quarta (12) um pedido de suspensão da venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM), da Petrobras, para o fundo Mubadala.

O tribunal considerou que a precificação em US$ 1,65 bilhões, com desconto em relação a projeções iniciais, está “tecnicamente embasada e aderente à sistemática para desinvestimentos de ativos” da Petrobras.

“Não se vislumbra, até o momento, irregularidades”, diz o acórdão.

O próprio TCU havia levantando dúvidas sobre o valor da venda, 45% inferior ao valor-base definido internamente pela Petrobras.

Hoje, além de indicar a conformidade da venda, o tribunal rejeitou pedidos dos deputados federais Arlindo Chinaglia Júnior (PT/SP), Elvino Bohn Gass (PT/RS) e Joseildo Ribeiro Ramos (PT/BA), que pretendiam ingressar na ação.

Os parlamentares do PT e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) tentam evitar a venda, sob o argumento que o negócio fechado em meio a pandemia e por um valor abaixo das estimativas de mercado vai provocar prejuízo para a estatal e, portanto, para a União.

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O que foi levado em conta pelo TCU

  • A corte de contas decidiu que não há necessidade de suspensão cautelar da venda, cujos contratos já foram assinados. O fechamento da operação está previsto apenas para setembro;
  • Não há urgência, pois o contrato de venda prevê o cancelamento do negócio, se forem constatadas irregularidades;
  • A análise da venda das refinarias continua. Neste processo, estão incluídas quatro unidades: Abreu e Lima (Rnest), Landulpho Alves (Rlam), Presidente Vargas (Repar) e Alberto Pasqualini (Refap);
  • Petrobras vendeu a refinaria por 45% do valor estimado internamente pela companhia, mas as informações apresentadas “demonstraram estar tecnicamente embasadas”;

Com a decisão do TCU, sindicatos de petroleiros devem acionar a Justiça Federal para evitar a venda da refinaria.

“Além das medidas judiciais já tomadas, é importante frisar aos petroleiros que uma eventual decisão negativa do TCU hoje não significará a impossibilidade de tomada de novas medidas judiciais sobre a venda da RLAM, e das demais refinarias da Petrobras abaixo do mercado”, afirma o escritório Advocacia Garcez.

A banca representa Sindipetros de 13 estados, incluindo da Bahia.

“Não há justificativa alguma para a gestão da Petrobras dar um desconto de 50% no valor de mercado da refinaria. Estamos com ações judiciais questionando o valor aviltado”, diz o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.

Análises técnicas do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ligado à FUP, estimam que o preço da unidade seria de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões.

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Ações em curso

A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) tem uma representação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Alega que a venda é lesiva para a Petrobras e seus acionistas.

Há ações populares na Justiça Federal, inclusive uma movida pelos senadores Jacques Wagner (PT/BA) e Otto Alencar (PSB/BA), juntamente com a FUP e o Sindipetro da Bahia.

No sistema do tribunal de contas ainda não consta um acórdão de decisão por parte do ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do caso.
Ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu que a venda da Landulpho Alves seria autorizada pelo TCU.

“Foi tudo esclarecido junto ao TCU. O processo de venda da refinaria está devidamente autorizado por parte daquele tribunal e por parte de todos agentes públicos que participam desse processo”, garantiu aos deputados da Comissão de Minas e Energia (CME).

Em março, o ministro ministro Walton Alencar Rodrigues havia determinado a análise do valor da venda, fechada por um valor 45% inferior ao cenário-base calculado internamente pela própria Petrobras.

A estatal precificou inicialmente a refinaria em US$ 3,04 bilhões. O contrato de venda, aprovado pela diretoria e conselho da Petrobras, foi de US$ 1,65 bilhão.

Rodrigues deixou claro que há “risco de iminente de conclusão do negócio, mesmo antes que este tribunal possa debruçar-se sobre a matéria”, o que representa “possível prejuízo ao interesse público”, disse.

“Esclarecendo que tem havido uma agilização extremamente enfática do procedimento por parte da Petrobras, para concluir a questão antes da conclusão do procedimento no âmbito do controle externo”, afirmou na época.

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Petrobras formaliza novos prazos para venda de refinarias

A diretoria da Petrobras aprovou nesta terça (11) os novos prazos dos acordos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para a venda dos ativos, tanto do termo de compromisso de cessação (TCC) do gás natural, quanto do refino.

O CADE já aprovou os aditivos.

  • Refinaria Isaac Sabbá (REMAN), Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR) e Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP) – 31/07/2021;
  • Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), Refinaria Gabriel Passos (REGAP) e Refinaria Abreu e Lima (RNEST) – 30/10/2021;
  • Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) – 31/12/2021;
  • Petrobras Gás S.A. (Gaspetro) – 30/06/2021.
refinaria Landulpho Alves (RLAM) na Bahia
Refinaria Landulpho Alves (RLAM) na Bahia, vendida pela Petrobras por US$ 1,65 bilhão para o Mumbadala

Silva e Luna na Câmara

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, deve ir à Câmara dos Deputados para discutir os desinvestimentos da estatal na última semana de maio.
Deputados da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) aprovaram o convite em abril, que tem como proposta inicial o debate sobre a privatização de ativos da Petrobras.

A oposição vai pedir explicações sobre o valor da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), alvo de vários questionamentos entre parlamentares na Câmara e no Senado, além do próprio TCU.

“Essa refinaria tem que servir de exemplo para que outras não tenham o mesmo destino”, disse o autor do requerimento, Rogério Correia (PT/MG).

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