Muitos brasileiros fizeram esta pergunta na última semana, querendo saber por que os preços da gasolina não reduziram nas bombas mesmo após sucessivas quedas de preço do combustível nas refinarias. Para responder a esta questão é necessário avaliar o preço de saída dos três principais segmentos envolvidos na composição de preços da gasolina: refino, distribuição e revenda (postos de combustível).
O refinador
A Petrobrás é o principal refinador e produtor de gasolina A no país, respondendo por mais de 90% da produção nacional. Desde julho de 2018, a estatal divulga os preços médios de saída da gasolina das suas unidades de refino. Compilando os dados, tem-se os seguintes valores médios de setembro a novembro:
Set/18: R$ 2,225/litro
Out/18: R$ 2,111/litro
Nov/18: R$ 1,64/litro
De setembro a novembro, o preço médio de saída da gasolina A nas refinarias caiu R$ 0,585 por litro. É natural se esperar que, diante da queda de preços do combustível no produtor, parte significativa desta redução chegue ao consumidor final, o que não ocorreu.
A distribuição e a revenda
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulga semanalmente os preços médios praticados pelas distribuidoras e revendedores de combustíveis. Os preços médios praticados para o referido período foram os seguintes:
Preços médios Distribuidoras
Set/18: R$ 4,197/litro
Out/18: R$ 4,267/litro
Nov/18: R$ 4,071/litro
Preços médios Postos de combustível
Set/18: R$ 4,625/litro
Out/18: R$ 4,717/litro
Nov/18: R$ 4,616/litro
De setembro a novembro, o preço de saída da gasolina C nas distribuidoras caiu R$ 0,126, enquanto o preço ao consumidor final reduziu apenas R$ 0,009, ou seja, menos de 1 centavo de real por litro, em média. Observe que o preço inclusive subiu em outubro, tanto nas distribuidoras quanto nos postos, mesmo com a queda de preços verificada nas refinarias de setembro para outubro. Afinal, quem “embolsou” a redução de preços que ocorreu refinaria? O quadro a seguir ilustra melhor o que até agora foi aqui descrito.
Diante da análise dos números apresentados, fica fácil perceber que as distribuidoras absorveram, de forma majoritária, a queda de preços que ocorreu nas refinarias, sendo que os postos de combustível também aumentaram suas margens levemente no mesmo período. É preciso ainda registrar que a carga tributária sobre a gasolina se manteve igual de setembro a novembro, não representando oneração ou desconto adicional ao preço final. Então, voilà, agora você já sabe por que o preço da gasolina não reduziu nas bombas mesmo com uma redução significativa de preço nas refinarias.
REFERÊNCIAS
PETROBRAS. Preços médios de diesel e gasolina às distribuidoras sem tributos. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/produtos-e-servicos/composicao-de-precos-de-venda-as-distribuidoras/gasolina-e-diesel/>. Acessado em novembro de 2018.
(ANP) – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Série histórica do levantamento de preços e de margens de comercialização de combustíveis. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/precos-e-defesa/234-precos/levantamento-de-precos/868-serie-historica-do-levantamento-de-precos-e-de-margens-de-comercializacao-de-combustiveis>. Acessado em novembro de 2018.