A Petrobras decidiu elevar os preços do diesel A nas refinarias em 25 centavos a partir de amanhã (29), com um reajuste de 8,9% no valor, após 85 dias de preços estáveis.
Os preços da gasolina permanecem inalterados.
Com isso, o preço do diesel sobe de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, na média. Como o diesel (88%) é misturado ao biodiesel (12%), a parcela da Petrobras no diesel vendido nos postos sobe 22 centavos, para os meses de setembro e outubro.
Para novembro e dezembro, o governo federal decidiu reduzir a mistura de biodiesel para 10% (B10), elevando a participação de diesel fóssil no combustível final.
O motivo do reajuste, destacou a Petrobras, é a defasagem entre os preços praticados pela empresa e o que é cobrado no mercado internacional, em um momento que o dólar permanece em alta e o barril de petróleo Brent se aproxima dos US$ 80.
“Esse ajuste é importante para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”, afirma a companhia.
Ela cita na nota “distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”.
Segundo informações publicadas pela companhia, com base em dados próprios e públicos, a participação da Petrobras no valor final do diesel é da ordem de 52%, antes do reajuste.
O restante é distribuído entre as margens brutas de distribuição e revenda (11,1%), do biodiesel (13,9%), impostos estaduais (ICMS, 16%) e federais (6,9%), para o período de 19 a 25 de setembro.
Abicom calcula que defasagem permanece
A Abicom, que representa importadores de combustíveis, calcula que as operações seguem inviabilizadas pela defasagem entre os preços domésticos da Petrobras e os preços internacionais (o PPI).
“A variação do PPI entre 6 de julho e 28 de setembro foi de +R$0,39/L e o reajuste anunciado foi de +R$0,25/L. Como o reajuste é insuficiente para cobrir a defasagem do período, as operações de importação continuam inviabilizadas”, afirmou o presidente da associação, Sérgio Araújo, nesta terça (28).
A associação entende que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve analisar os preços praticados pela Petrobras, tanto do diesel quanto da gasolina.
“As operações de importações dos derivados estão inviabilizadas. Como as refinarias nacionais não têm capacidade de produção para atender a demanda, estamos verificando importações de óleo diesel feitas pela Petrobras”, diz o executivo.
Na segunda (27), a Abicom calculava que a defasagem da gasolina estava em 26 centavos por litro (-9%), na média.
“Identificamos claramente que o compromisso assumido com o Cade na assinatura do TCC (Termo de Compromisso de Cessação) não está sendo cumprido. São 84 dias sem ajuste no preço do diesel e 47 dias sem ajuste no preço da gasolina”, diz Sérgio Araújo.
Petrobras garante que reajustes serão feitos
A Petrobras convocou uma coletiva de imprensa ontem para reafirmar que pretende manter o PPI e adiantou que avaliava novos reajustes.
No mesmo dia, Jair Bolsonaro havia declarado, em um evento em Brasília, que se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para discutir formas de diminuir os preços dos combustíveis
“Hoje [segunda (27)] estive com o ministro Bento conversando sobre a nossa Petrobras, o que que nós podemos fazer para melhorar ou diminuir o preço na ponta da linha”, disse.
“Não é maldade da nossa parte. É uma realidade. E tem um ditado que diz: nada não está tão ruim que não possa piorar. Nós não queremos isso, porque temos o coração aberto”, afirmou Bolsonaro.
O diretor-executivo de comercialização e logística da estatal, Cláudio Mastella, chegou a afirmar que, de fato, há defasagem nos preços, mas reforçou o posicionamento atual da Petrobras, de não fazer reajustes “pontuais”,
“A mudança estrutural nos preços hoje é o aumento da demanda por diesel, que é sazonal, pela chegada do inverno no hemisfério Norte”, disse Mastella.