A Petrobras vai reduzir os preços médios da gasolina A entregue às distribuidoras em 3% a partir de quarta (15). O litro do combustível entregue pela companhia passará de R$ 3,19 para R$ 3,09, corte de 10 centavos.
É o primeiro corte desde junho.
Em 1º de janeiro, a gasolina da Petrobras custava R$ 1,83 em média. Com isso, o aumento acumulado no ano recua de 74% para 68%.
“Esse ajuste reflete, em parte, a evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina”, informou a companhia.
Segundo cálculos da Abicom, com o reajuste de amanhã, a defasagem média entre os preços domésticos e internacionais fica em 2%, com sinais mistos.
O combustível da Petrobras fica entre 1% e 2% mais barato que os internacionais nos portos de Itacoatiara, Itaqui e Suape; chega a 3% e 4% em Santos e Araucária; e inverte em Aratu (2% mais caro).
A Petrobras nega que opere com defasagem. A Abicom, contudo, vem questionando a aplicação efetiva da política de paridade.
O ICMS está congelado nos estados
Há duas semanas, o governador do Piauí e coordenador do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (PT), disse à epbr que o valor de referência, para efeito de ICMS, pode ser descongelado em caso de redução.
“Se houver queda de preços, ficando abaixo do preço de referência, pelos estados, com muito prazer, reduzimos também [a base de cálculo do ICMS]”, garantiu.
Em uma concessão política, em resposta aos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, os governadores congelaram o ICMS de novembro a janeiro de 2022.
A alíquota percentual do imposto estadual incide sobre os preços finais dos combustíveis.
Se os estados mantiverem o ICMS congelado, representará uma barreira para o corte no preço da gasolina chegar às bombas.
A participação da Petrobras nos preços da gasolina comum vendida nos postos cairá de R$ 2,33 para R$ 2,26 por litro. O combustível é misturado ao etanol anidro, biocombustível com 27% de participação.
Apreensão com Ômicron provocou queda nos preços
O corte da Petrobras ocorre após oscilações no mercado internacional de petróleo. Desde o reajuste anterior, em 26 de outubro, o Brent recuou quase 14%, do patamar de US$ 80 para US$ 70 dólares — hoje, o preço de referência é negociado a US$ 74 no mercado à vista.
No mesmo período, o dólar valorizou 2%.
Os preços da gasolina no mercado internacional também estão sujeitos a sazonalidade.
A mudança no mercado reflete a antecipação de impactos da nova variante Ômicron, do coronavírus, na atividade econômica e na demanda de combustíveis, além de fatores sazonais.
Bolsonaro antecipou queda
“A Petrobras começa nesta semana a anunciar redução no preço do combustível”, disse dia 5, ao Poder360. “A redução no preço dos combustíveis será automática e deve ser anunciada nos próximos dias, até o final de dezembro”, reiterou à CNN. Depois, negou que tivesse antecipado o reajuste.
O comentário do presidente sobre as práticas comerciais da Petrobras resultou na abertura de mais um processo na Comissão Valores Mobiliários (CVM). Desde o início do mandato, Bolsonaro ou interfere ou faz críticas diretas à administração da companhia, que possui governança própria.
Após a saída de Castello Branco, Bolsonaro chegou a afirmar, várias vezes, que pode mudar a política de preços da companhia.
A companhia nega e vem reiterando a manutenção da paridade internacional.
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”, disse nesta terça (14).