A Petrobras vai investir US$ 2,2 bilhões em etanol no período de 2025 a 2029, segundo o novo plano de negócios apresentado pela diretoria da companhia na sexta-feira (22/11). De acordo com o diretor executivo de Transição Energética, Maurício Tolmasquim, a previsão é chegar a uma produção anual de 2 bilhões de litros de etanol ao ano.
“A ideia é começar grande, não é partir do zero”, disse o diretor em entrevista coletiva.
A estatal pretende entrar no segmento por meio de uma parceria com uma grande empresa do setor, ainda não definida. As conversas já começaram, com discussões com “quatro ou cinco” potenciais parceiros.
“Começamos a conversar com grandes produtores de etanol no país, na ideia de criar uma nova empresa. Eles aportariam essa oportunidade e a gente iria expandir essa capacidade”, afirmou Tolmasquim.
A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, destacou que um dos principais produtos da Petrobras hoje, a gasolina, tem o etanol como competidor.
“Não tinha explicação para nós estarmos fora do etanol, o principal competidor da gasolina. Estávamos no etanol desde a década de 70, com toda a infraestrutura montada”, disse a jornalistas.
Na década passada, a Petrobras saiu do mercado de etanol, liquidando participações que detinha em sociedade com produtores de açúcar e etanol.
O retorno a esse mercado ocorre em meio à tendência de perda da participação de mercado da gasolina nos próximos anos para o biocombustível, no contexto do aumento do mandato da mistura de etanol prevista no projeto Combustível do Futuro, sancionado pelo presidente Lula.
Milho e cana em avaliação
A empresa avalia as duas rotas para produção de etanol, por meio da cana-de-açúcar e do milho, mas Tolmasquim ressaltou que o milho é a opção que mais vem crescendo no país nos últimos anos.
Segundo ele, a rota da produção do milho teria foco no Centro-Oeste do país e teria sinergias com as atividades de transporte de combustíveis para esta região.
A avaliação de um novo duto de produtos claros em direção à região Centro-Oeste foi incluída no plano, com previsão para depois de 2030.
Caso a opção seja pela cana, o foco ficaria no Sudeste e a atividade teria sinergias com a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), pelo modelo alcohol-to-jet.
Tolmasquim garantiu que a atuação da empresa na produção de etanol será economicamente rentável, com retornos acima de 10%.
“Isso pode ser implantado muito rapidamente. Basta a gente chegar num acordo estratégico, firmar esse acordo, criar a joint venture, aí a gente passa a ter no portfólio da Petrobras um ativo importante em etanol”, disse.
Os investimentos em etanol estão inseridos dentro da alocação de US$ 4,3 bilhões para bioprodutos até 2029. Além do etanol, o valor inclui ainda a destinação de US$ 1,5 bilhão para o biorrefino e US$ 600 milhões para biodiesel e biometano.
Segundo Chambriard, o plano apresentado consolidou a intenção da companhia de focar em “moléculas e não em elétrons” na expansão no segmento de energias de baixo carbono.
“Para a distribuição de líquidos a gente tem infraestrutura, tem tancagem, tem dutos. A Petrobras tem o DNA da molécula. Para nós, o elétron é mais difícil e exige a construção de uma infraestrutura maior. Na molécula, a gente já tem o parque instalado. É por isso que estamos voltando para o etanol de forma a ser um operador relevante”, disse.
Ainda assim, a estatal manteve a intenção de entrar no segmento de geração renovável até 2029, com US$ 4,3 bilhões na carteira em avaliação para projetos de geração eólica e solar terrestres.