A Petrobras decidiu elevar os preços do diesel em 10,2 centavos por litro, cerca de 3,8% para R$ 2,81, a partir desta terça (6). Os preços do combustível — o mais utilizado no país — estavam congelados desde 1º de maio, há 66 dias.
A gasolina entregue às distribuidoras e e o gás liquefeito de petróleo (GLP) também terão aumentos, o que afeta os consumidores domésticos. Desde 2019, não há mais diferenciação de preços do GLP.
A gasolina vai subir 15,7 centavos, para R$ 2,69 por litro, uma alta de 6,2%. Há 22 dias, em 12 de junho, a companhia havia reduzido os preços em cerca de 2%. Em 1º de maio, também fez um corte no mesmo patamar.
O GLP sobe 20 centavos, para R$ 3,60 por quilo, alta de 5,9%.
Na contramão dos preços do diesel e da gasolina, a Petrobras já havia elevado os preços do gás de cozinha em junho, em 5,9%, totalizando 39 centavos por quilo em cerca de 45 dias.
Com isso, o preço do gás de cozinha vendido em botijões de treze quilos, voltado para consumidores residenciais, sobe R$ 2,60 amanhã, na entrega do GLP pela Petrobras para as distribuidoras. E acumula alta de R$ 5 reais considerando os dois reajustes.
Desde fevereiro, o GLP em botijões de treze quilos é beneficiado pela desoneração de impostos federais, por decisão do presidente Jair Bolsonaro. O desconto, contudo, é da ordem de dois reais por botijão.
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Mercado vê defasagem e combustíveis pressionam inflação
Segundo cálculos da Ativa Investimentos, consultoria de mercado financeiro, a gasolina permanece com uma defasagem de 14% em relação aos preços internacionais.
Para o mercado de ações, a paridade internacional é uma métrica importante para calcular o fluxo de caixa e as margens da companhia na venda de derivados de petróleo.
Desde a mudança no comando da companhia, com a chegada de Joaquim Silva e Luna em abril, o mercado já conta que os reajustes da Petrobras serão mais lentos, em relação à volatilidade dos preços externos.
“Assim, o acréscimo [de 6,2%] feito pela Petrobras segue em linha com nossas estimativas, pois sempre informamos que as altas para mitigar a defasagem poderiam ser feitas de forma fracionada”, explica Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos.
Para os importadores representados pela Abicom, que trabalham com importação de diesel e gasolina, o mercado permanece em defasagem.
“Importante reforçar o posicionamento da Petrobras que busca evitar o repasse imediato para os preços internos da volatilidade externa causada por eventos conjunturais”, diz a companhia, em nota.
“Apesar de ainda existirem defasagens, em relação às PPIs [paridades de preço internacionais] que calculamos, o anúncio feito pela Petrobras sinaliza que está buscando seguir a paridade internacional”, afirma o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.
“Esta sinalização é muito importante para avançarmos com a abertura do mercado e atração de investimentos”, diz.
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Antes do reajuste, a Abicom calculava uma defasagem média de 12% para gasolina e 7% para óleo diesel, isto é, o desconto aplicado nos preços internos em relação ao praticado no desembarque de combustíveis nos portos brasileiros.
A defasagem média variava de 22 a 17 centavos por litro de diesel S10 a depender do porto de entrada, antes do aumento de 10,2 centavos anunciado pela Petrobras.
Na gasolina, as contas da Abicom chegavam a uma diferença de 38 a 33 centavos, antes do aumento de 15,7 centavos por litro.
A paridade é resultado do câmbio, que tem demonstrado força para se manter acima dos R$ 5 por dólar, e dos preços do óleo.
Desde maio, a moeda americana registra desvalorização de 9%, até atingir a mínima de R$ 4,928 em 24 de junho. De lá para cá, já valorizou mais de 3%.
No mesmo período, o Brent valorizou mais de 13%, saltando do patamar de US$ 64 para US$ 76 por barril.
O Brent tem se mantido em alta, mesmo com as incertezas externas, intensificadas da semana passada para cá, com a incapacidade da coalizão de produtores OPEP+ chegar a um acordo sobre o controle da oferta no segundo semestre deste ano.
“Os preços praticados pela Petrobras seguem buscando o equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor dos produtos e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, diz a empresa.
“O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”, completa.
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Caminhoneiros querem fim da paridade internacional
Na semana passada, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, recebeu a diretoria do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). A associação vem falando em realizar uma greve dos caminhoneiros desde o mês passado.
“O transporte modal rodoviário é muito importante para o Brasil. A Petrobras busca compreender os atores da sociedade, avalia a melhor forma de contribuir com todos eles e está sempre aberta ao diálogo”, afirmou Silva e Luna, segundo nota da Petrobras.
A prévia da inflação de junho (IPCA-15, do IBGE) apontou alta de 3,53% nos preços do diesel; a gasolina subiu 2,86%; o etanol ficou 9,12% mais caro; e o gás veicular, 12,41%.
O caminhoneiros querem o fim da paridade internacional de preços dos combustíveis, prática da Petrobras iniciada no governo Temer, com Pedro Parente, que foi alvo da greve dos caminhoneiros de 2018.
Em maio, a CNTRC defendeu a taxação de exportações de óleo em carta enviada a Bolsonaro.
“Os recursos advindos da taxação na exportação de petróleo bruto poderão ser utilizados para compensar Estados e União na redução de impostos sobre combustíveis”, diz o documento.
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