RIO — A Noxis Energy, desenvolvedora de projetos de refino, assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia, esta semana, para construção de uma refinaria em Ilhéus, no Sul da Bahia. O investimento é estimado em R$ 5,3 bilhões.
O presidente da Noxis Energy, Gabriel Debellian, conta que o plano é instalar uma refinaria de ao menos 100 mil barris/dia na retroárea do Porto Sul – que será conectado à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) pela Bahia Mineração (Bamin), responsável pelo projeto de extração de minério de ferro Pedra de Ferro, em Caetité.
A ideia da Noxis é replicar, em Ilhéus, o modelo do projeto da Refinaria de Petróleo de Pecém (RPP) que a Noxis também planeja tirar do papel — ou seja, uma refinaria associada à produção de metanol e ao biorrefino de óleo de soja, para produção de bioquerosene de aviação.
“Até porque você não pode mais se apresentar aos investidores somente como uma refinaria. Então estamos criando o projeto da refinaria de forma a aproveitar as utilidades em comum – vapor, tratamento de efluentes – para baratear o investimento. Um complexo atrai melhor o investidor”, explicou Debellian à agência epbr.
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Projeto prevê escoamento de combustíveis via ferrovia
O plano da Noxis é produzir, na Bahia, óleo combustível marítimo (bunker), para exportação; além de diesel, gasolina e gás liquefeito de petróleo (GLP), de olho na demanda do interior do país, sobretudo da região Centro-Oeste — que, no futuro, será conectada à Fiol.
“Para a ferrovia Fiol é ótimo, porque é retorno do trem. O trem deixa de puxar vagão vazio [no retorno, no sentido do interior do país] e puxa vagão carregado”, comentou.
A ideia da companhia é trabalhar, nos próximos 20 meses, na estruturação do projeto – em detalhes como a definição do mix de produtos e da origem do petróleo, além de estudos ambientais.
O projeto ainda não tem um fornecedor de matéria-prima, nem um cliente âncora definido.
Noxis avalia importar petróleo
A Noxis vê com bons olhos a discussão, no governo, sobre o plano de destinar o óleo da União para o abastecimento do mercado doméstico de derivados e, assim, fomentar a expansão do refino nacional. A companhia chegou a formalizar a intenção de comprar petróleo da Pre-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
Debellian destaca que o “melhor dos mundos” seria refinar óleo nacional, mas ele conta que o Porto Sul pode receber navios VLCCs – a maior classe de navios petroleiros em operação e que é utilizada para transporte de longo curso.
O executivo vê a mudança dos fluxos do comércio global de petróleo, desde o início da Guerra da Ucrânia, como uma oportunidade.
“Estamos acompanhando os movimentos internacionais. Uma refinaria com capacidade de receber VLCCs nos abre um leque enorme [de potenciais fornecedores]”, disse.
“Temos tido manifestações de interesse de players internacionais que estão no trading de petróleo. Hoje o trading de petróleo está muito confuso, as correntes de petróleo que seguiam para a Europa e os petróleos que tinham origem na Ásia estão se desviando, indo para outros lugares. E esses petróleos vão continuar sendo produzidos e tendo que ser escoados. E somos um destino”, complementou.
Do ponto de vista financeiro, a estruturação do investimento é de responsabilidade do geólogo israelense Eitan Aizenberg – sócio também na RPP.