Governo estuda fundo como alternativa para estabilização de preço de combustíveis

Ministro Bento Albuquerque participa Reunião de Diretoria da FIESC em dezembro de 2020
Ministro Bento Albuquerque participa Reunião de Diretoria da FIESC em dezembro de 2020

O governo federal estuda a criação de um fundo para ser usado para compensação de variação no preço dos combustíveis, a partir da exportação de petróleo. De acordo com o ministro Bento Albuquerque, a ideia está sendo avaliada como uma medida que pode ser implementada em curto prazo.

“Hoje, o Brasil é o sétimo maior produtor de petróleo do mundo e também o sétimo maior exportador. […] Temos outra condição em relação a esses hidrocarbonetos que poderão ser utilizados parte desses recursos para um fundo de estabilização de preços”, explicou.

O ministro Bento Albuquerque participou nesta segunda (8) do programa epbr entrevista.

A sugestão não é nova no setor. Então candidato à presidência da República, Henrique Meirelles propôs a criação de Mecanismo Automático de Amortecimento de Preços  (MAAP), que poderia ser implementado por meio de subvenção econômica com utilização de fundos para bancar a diferenciação dos preços praticados pela Petrobras.

Meirelles foi ministro da Fazenda de Michel Temer por pouco mais de um ano, até o início de 2018.

O economista, hoje secretário de João Dória, em São Paulo, reconhecia que pontuou que o mecanismo envolveria “maiores custos de transação e ineficiências”, mas seria uma alternativa caso fosse impossível usar uma tributação flexíveis, de acordo com faixas de preços internacionais do petróleo – outra medida estudada.

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Projeto de lei para o ICMS

O governo estuda o envio de um projeto de lei complementar ao Congresso Nacional que estabeleça a necessidade de um valor fixo para o ICMS, a ser definido anualmente pelas assembleias legislativas de cada estado, ou a incidência do imposto estadual sobre o preço do combustível na refinaria.

A escolha sobre qual o melhor caminho, segundo o ministro, deve ser feita pelos deputados e senadores. A legislação será válida para a cobrança de impostos estaduais sobre todos os combustíveis, incluindo etanol, gasolina e GLP.

O anúncio sobre o envio do projeto já foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro no ano passado e, novamente, na última sexta (5).

De acordo com Albuquerque, o objetivo é dar “previsibilidade e evitar grande volatilidade no preço dos combustíveis”, mas sem interferência na autonomia dos governos estaduais.

“O governo federal não pretende interferir na autonomia dos estados. O que se pretende discutir é como esse cálculo dos tributos estaduais serão feitos: ou sobre o preço das refinarias ou sobre o preço especificado a ser estabelecido pelas assembleias legislativas”, afirma.

Parte do mercado apoia a alíquota única. O Instituo Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) defende que o governo deveria buscar, inclusive, a uniformização das alíquotas entre os estados, no regime monofásico já cogitado pelo governo federal.

“A solução defendida pelo IBP é adotar um valor fixo de ICMS por litro (ad rem), com alíquotas uniformes entre os entes federativos, a serem aprovadas no CONFAZ, gerando previsibilidade orçamentária e segurança na fiscalização e arrecadação”.

O IBP tem entre suas associadas as maiores distribuidoras de combustíveis do país, BR Distribuidora e Raízen, e as produtoras de petróleo e derivados, incluindo a Petrobras.

Outro ponto defendido por Bolsonaro é a descriminação das margens de distribuição e revenda dos combustíveis ao consumidor.

Atualmente, o governo trabalha junto com a ANP para aplicar tal transparência no momento em que o consumidor adquire o combustível, mas sem uma decisão em relação ao método.

“Queremos que o consumidor saiba exatamente o que ele está pagando por aquilo que está adquirindo. É importante saber qual é a margem de revenda, qual é a margem da distribuidora e qual é o preço da refinaria”, pontuou Albuquerque.

Bolsonaro afirmou nesta segunda (8) que além dos impostos, as margens de lucro das distribuidoras e dos postos de combustíveis são altas e prejudicam o consumidor.

“Os tributos representam em média 45% do preço dos combustíveis, enquanto as margens somadas dos elos de distribuição e revenda ficam em torno de 15%. Com alta carga tributária e um sistema complexo, como o atual, a alavancagem que o sonegador de tributos possui é enorme, fazendo que o prêmio compense o risco assumido na fraude”, diz o IBP em nota.

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Não há necessidade de novo órgão para abastecimento, garante ministro

A saída da Petrobras não significará a falta de controle do abastecimento de combustíveis no Brasil, mas não será necessário a criação de novos órgãos nos moldes de um Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) para a tarefa, garantiu o ministro de Minas e Energia durante a entrevista.

“Nossa intenção é não criar nenhum órgão, apenas distribuir as responsabilidades daquilo que era feito pela Petrobras no que diz respeito à regulação para ANP, políticas públicas para MME ou qualquer órgão já existente”, explicou.

O CNPE começou a debater ainda em 2020 formas de controle sobre o abastecimento de combustível, já que atualmente a atribuição é da Petrobras por ser monopolista no segmento. Com a abertura do refino, há preocupação no setor de downstream de uma falta de organização sobre os fluxos de combustíveis no Brasil.

Ainda de acordo com Bento, o grupo de trabalho interministerial formado especificamente para discutir o assunto deve apresentar sugestões de instrumentos para controle na reunião do CNPE em abril.

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