BRASÍLIA – No fim de semana, o governo federal cancelou a reunião que tinha marcado para a próxima quinta (28) com lideranças dos caminhoneiros, solicitada por representantes para discutir a alta dos preços dos combustíveis.
O encontro havia sido marcado pela Secretaria Especial de Articulação Social da Presidência com o presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, deputado Nereu Crispim (PSL/RS), e outros.
Participariam integrantes do Ministério da Infraestrutura e da Casa Civil.
O Minfra já havia avisado na semana passada que o ministro Tarcísio de Freitas não participaria.
A pauta do encontro era debater demandas dos caminhoneiros, especialmente o fim da política de preços da Petrobras e a criação de um fundo de estabilização para os preços do combustíveis — ambas propostas do próprio Crispim, na Câmara dos Deputados.
A chefia de gabinete da Secretaria de Governo desmarcou o encontro em razão “das notícias veiculadas na imprensa” citando a participação de ministros, o que, segundo a pasta, “não coaduna com o convite enviado”.
O deputado rebate a leitura que vinha sendo feita no Planalto de que o parlamentar estaria usando das agendas para se promover.
“Podem fazer reunião com quem eles desejarem fazer. Resolvendo ou dando um caminho para solução das pautas dos caminhoneiros autônomos e celetistas é o que desejo e [o que] me basta”, completou.
A agenda foi cancelada ontem. Hoje, a Petrobras anunciou reajuste de 9% nos preços do diesel, que vinha sendo antecipado por Jair Bolsonaro. Na semana passada, o presidente já havia dito que bastava ver o preço do petróleo no mercado internacional.
“Acho que cancelaram por saberem que ia ter novo aumento dos combustíveis”, avaliou Nereu Crispim.
Setores da categoria tentam mobilizar uma greve para o dia 1º de novembro. Várias tentativas de paralisação foram feitas no governo Bolsonaro, até o momento, sem sucesso.
O próprio governo atribui o fracasso das manifestações ao apoio político da categoria a Bolsonaro, que apoiou a greve de 2018, no governo de Michel Temer.
Governo anunciou bolsa de R$ 400 para caminhoneiros
É mais uma das iniciativas do governo que deve se somar a lista de descontentamento de lideranças dos caminhoneiros.
A declaração de Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a criação de um auxílio-caminhoneiro, no valor de R$ 400, para ajuda a custear o diesel para caminhoneiros autônomos não repercutiu bem entre a categoria.
O próprio parlamentar ligado à Frente dos Caminhoneiros chamou o programa de ‘esmolinha’ e que não resolve o problema, que seria para o deputado a política de preços da Petrobras.
A epbr calculou que, com base na média de preço mais barato para o diesel levantado pela ANP de R$ 4,79 por litro, o auxílio poderia comprar cerca de 83 litros do combustível. O volume não representa nem a metade da capacidade de um tanque de caminhão, que costuma ter entre 300 a 500 litros de capacidade.