Combustíveis e Bioenergia

Geopolítica do gás: Rússia interrompe fornecimento à Polônia e Bulgária

Itália defende teto temporário dos preços do gás na Europa, para conter impactos da crise energética

Geopolítica do gás: Rússia corta gás na Polônia e na Bulgária. Vladimir Putin diz que espera chegar a acordo diplomático para guerra na Ucrânia.
Presidente russo, Vladimir Putin, diz que espera chegar a "acordo diplomático" com Ucrânia (Foto: Wikimedia Commons)

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eixos.com.br | 26/04/22

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Enquanto os Estados Unidos acenam para o aumento do apoio financeiro à Ucrânia e a União Europeia promete zerar as importações de óleo e gás da Rússia, Moscou anunciou a interrupção no fornecimento de gás natural à Polônia e Bulgária a partir desta quarta-feira (27/4).

— Os novos contornos do conflito no Leste Europeu se refletiram na alta dos preços do petróleo ontem (26/4). A guerra pressiona os preços da energia na Europa, de uma forma geral, e já faz países como a Itália defenderem medidas como teto para os preços do gás natural na Europa. No Brasil, o preço gasolina bateu novo recorde nas bombas.

Na epbr:

A Gazprom notificou autoridades da Polônia e Bulgária sobre a interrupção no fornecimento de gás, em reação à recusa de ambas as nações europeias em pagar pelo produto em rublos. Essa é uma exigência da Rússia, em resposta às sanções implementadas pelo Ocidente devido à invasão da Ucrânia. Valor

— Polônia e Bulgária disseram que não haverá impacto imediato para a população e que não há a necessidade de um corte no consumo.

— Os europeus buscam alternativas ao gás russo: a Polônia aposta em um terminal de gás natural liquefeito (GNL) no Mar Báltico e em um gasoduto que ligará o país à Noruega, outro grande exportador de gás. A Bulgária, por sua vez, informou que está tomando medidas para encontrar fontes alternativas e lidar com a situação. Cerca de 90% das importações de gás do país vêm da Rússia.

Itália defende teto para o preço do gás diante da crise de fornecimento de gás natural acentuada pela guerra na Ucrânia. Governo italiano saiu em defesa da imposição de um limite temporário ao preço do gás natural, na Europa, para conter a disparada no custo da energia.

— “Como Itália, continuaremos lutando na Europa com todas as nossas forças. Um teto europeu no preço do gás será para proteger famílias e empresas contra especulações que não permitiremos”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, segundo a agência Ansa.

— Na segunda-feira (25/4), o comissário econômico da União Europeia, Paolo Gentiloni, afirmou que a UE planeja reduzir a dependência do gás e petróleo até o fim do ano e zerar as importações da Rússia até 2027.

O petróleo subiu nesta terça-feira (26/4), impulsionado por preocupações sobre a oferta após a Polônia confirmar o corte de fornecimento de gás russo ao país. O Brent para julho subiu 2,40%, a US$ 104,61 o barril, e o WTI para junho fechou em alta de 3,21%, a US$ 101,70 o barril. Estadão

— Os secretários de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o de Estado, Antony Blinken, visitaram a Ucrânia, no domingo (24/4), dia que marca os 60 dias de guerra. Os Estados Unidos declararam que devem reabrir a embaixada na Ucrânia nas próximas semanas e anunciaram uma nova assistência financeira e envio de mais armas. Os EUA devem disponibilizar cerca de US$ 300 milhões ao país do Leste Europeu.

… Enquanto isso, no Brasil, gasolina sobe e bate novo recorde nas bombas O preço do derivado nos postos subiu pela terceira semana seguida e atingiu novo recorde, em valores nominais, desde que a ANP passou a divulgar sua pesquisa semanal de preços em 2004.

— O preço médio da gasolina atingiu os R$ 7,270 por litro na semana passada, alta de 0,7% sobre a semana anterior, informa a Folha de S. Paulo. O valor superou o pico médio de R$ 7,267, verificado duas semanas após o reajuste anunciado pela Petrobras nas refinarias em março.

— A gasolina vem sendo pressionada pela inflação do etanol. O anidro, que é adicionado ao combustível fóssil, subiu 12% nas usinas de São Paulo, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

— Já o preço médio do litro do etanol hidratado, vendido nas bombas, subiu 4,8% entre 17 e 23 de abril. O litro do combustível foi de R$ 5,241 a R$ 5,496 no período.

— A escalada dos preços do etanol é provocada pelo aumento da demanda em um período ainda de entressafra. Os usineiros projetavam recuo com o início da colheita este mês, mas ainda não houve mudança de tendência.

— Os preços do diesel e do gás de cozinha, por sua vez, se mantiveram estáveis. O primeiro foi vendido na semana passada por R$ 6,60 por litro, e o gás liquefeito de petróleo (GLP), por R$ 113,24 por botijão de 13 quilos.

TotalEnergies paga compensação de Atapu A Petrobras recebeu o pagamento atualizado de R$ 4,7 bilhões da empresa francesa, referente à compensação de Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos. Os volumes excedentes da cessão onerosa da área foram adquiridos pelo consórcio composto por Petrobras (52,5%), Shell (25%) e TotalEnergies (22,5%) em dezembro de 2021.

— As assinaturas do contrato de Partilha de Produção e do Acordo de Coparticipação dos excedentes da cessão onerosa de Sépia e Atapu ocorrem nesta quarta-feira (27/4).

Produtores cobram plano para o B15 Setor produtivo de biodiesel vai entregar ao Ministério de Minas e Energia (MME) um manifesto para que o governo formalize um novo cronograma de aumento da mistura de biodiesel no diesel em resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Desde 2020, o cronograma não é cumprido.

— O pedido é uma reação à declaração do ministro Bento Albuquerque de que a mistura de 15% (B15) será implementada em 2023, como previsto em uma resolução de 2018 do CNPE.

Lei do Gás do Rio Grande do Norte entra em debate A assembleia legislativa potiguar, a ALRN, pretende discutir com o setor de gás natural, nesta quarta-feira (27/4), a proposta de criação de uma nova lei do gás para o Estado.

— Produtores e consumidores de gás, representados pela ABPIP e Abrace, respectivamente, entendem que alguns pontos da proposta original limitam a abertura do mercado local e outros pontos ultrapassam os limites da competência estadual — dentre eles a questão da classificação de gasodutos e aspectos relacionados à regulação do agente comercializador de gás.

Aneel aprova edital do leilão A-4 A licitação está marcada para o dia 27 de maio. São 1.894 projetos de energia nova cadastrados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), totalizando 75.250 MW de potência. Desse total, 73.256 MW, que equivalem a 97,35% do total cadastrado, são oriundos das fontes eólica e solar fotovoltaica.

Valor da CDE sobe em 2022 O orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) será de R$ 32,09 bilhões este ano. O valor é 34,2% maior que o de 2021 e foi aprovado pela diretoria da Aneel nesta terça-feira (26/4). De acordo com a agência, o aumento está relacionado aos descontos tarifários na transmissão; à tarifa social; ao reembolso de subsídios do carvão mineral; e à Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).

Hidrogênio e amônia verdes na Bahia As companhias norueguesas Aker Clean Hydrogen e Statkraft e a alemã Sowitec anunciaram nessa terça-feira (26/4) um acordo de cooperação para desenvolvimento conjunto de um projeto híbrido de larga escala que combine geração de energia renovável e produção de hidrogênio e amônia verdes, na Bahia.

— Previsto para entrar em operação em 2027, o projeto visa a atender à indústria brasileira de fertilizantes. A ideia é que a amônia cinza, de origem fóssil, seja substituída pelo produto verde.

Capacidade global de geração a carvão cresceu em 2021 Relatório do Global Energy Monitor (GEM) mostra que a capacidade global das usinas a carvão cresceu 18,2 GW em 2021, ou 0,87%, para cerca de 2.100 GW.

— Fonte de energia mais poluente e intensiva em carbono, o carvão é alvo de uma campanha global para sua eliminação e substituição por fontes mais limpas. A recuperação econômica pós-pandemia e o aumento do preço do gás natural levaram a demanda pelo energético, contudo, a um salto no ano passado.

“Passaporte de bateria” Um consórcio de 11 empresas, financiado pelo governo da Alemanha, está desenvolvendo um “passaporte de bateria” para rastrear a pegada de carbono e o ciclo de vida dos produtos fabricados ou importados pela União Europeia (UE). O consórcio inclui desde montadoras, como a BMW e a Volkswagen, até indústrias químicas responsáveis pelo desenvolvimento das baterias, como a BASF e Umicore. A cooperação também inclui a Global Battery Alliance (GBA) para garantir compatibilidade internacional.

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