Combustíveis e inflação

Gasolina fica 5,6% mais barata para distribuidoras e deve impactar inflação

Frentista segura bomba de abastecimento em posto de combustíveis, apontando o bico para a câmera; ao lado, um veículo preto (Foto Agência Petrobras)
Frentista em posto de combustíveis da Petrobras (Foto Agência Petrobras)

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (2/5) redução do preço da gasolina A (sem adição de etanol) para as distribuidoras em 5,6%. O preço de venda passa a ser, em média, de R$ 2,85 por litro, redução de R$ 0,17 por litro, em vigor a partir desta terça (3).

Na visão de especialistas, a medida deve se refletir em diminuição do ritmo de alta da inflação.

O combustível estava há 328 dias sem reajuste. No fechamento do dia 30 de maio, o preço médio da gasolina nas refinarias da Petrobras estava 3% acima do praticado no mercado internacional, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para composição da gasolina vendida nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará a ser de R$ 2,08/litro, redução de R$ 0,12 por litro.

De acordo com cálculos da estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, a medida deve resultar na redução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tanto de junho quanto de 2025. A Warren estima queda do IPCA de junho de 0,35% para próximo de 0,28%, e a de 2025, de 5,3% para 5,2%.

A Bradesco Asset impediu a projeção do IPCA de 5,4% para 5,3% este ano e manteve-se a de 2026 em 4,7%. “O recuo dos preços das commodities, principalmente energéticas, trouxe um cenário mais benigno para a inflação”, afirma, na revisão de cenário, assinada pelo economista-chefe, Marcelo Toledo.

O corte levou o Santander a reduzir a projeção para o avanço do IPCA em junho (-0,09 ponto porcentual, a 0,37%) e julho (-0,01 ponto, a 0,15%). Segundo o banco, o reajuste era esperado e não afetou a projeção para a inflação em 2025, mas ocorreu mais cedo do que o previsto.

Para o economista da Terra Investimentos Homero Guizzo, a medida deve reduzir o IPCA do ano em 0,1 ponto porcentual. A projeção da casa para a inflação passou de alta de 5,5% para 5,4% no ano.

Guizzo prevê impacto potencial de queda de 2% na bomba, e calcula que os efeitos do reajuste deverão ficar concentrados no IPCA de junho e de julho. A projeção para o IPCA deste mês passou de alta de 0,43% para 0,34% e para julho, de 0,33% para 0,32%.

Petróleo

Na contramão da queda do preço da gasolina no Brasil, ontem, o petróleo teve forte alta no exterior. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato de petróleo WTI para julho subiu 2,85% (US$ 1,73), fechando a US$ 62,52 o barril.

O Brent — referência no Brasil — para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 2,95% (US$ 1,85), para US$ 64,63 o barril.

A alta no mercado internacional é reflexo, entre outras razões, das dificuldades sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mesmo assim, os preços estão muito abaixo dos vistos até recentemente.

No sábado (31/5), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) anunciou novo avanço no ritmo de aumento na produção de petróleo do cartel.

Por Denise Luna. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Colaboraram Renata Pedini, Gustavo Nicoletta, Luís Eduardo Leal, Pedro Teixeira e Gabriela Jucá

Inscreva-se em nossas newsletters

Fique bem-informado sobre energia todos os dias