GLP

Gás para Todos estimula aumento da demanda por GLP em 2025, diz EPE

Programa que amplia beneficiários do auxílio gás vai contribuir para aumento de 1% na demanda por GLP em 2025

Heloísa Borges, diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, em entrevista ao estúdio eixos durante a ROG.e no Rio, em 26/9/2024 (Foto Vitor Curi/eixos)
Diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, em entrevista ao estúdio eixos, durante a Rio Oil & Gas & Energy (ROG.e) 2024 | Foto Victor Curi/eixos

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima crescimento da demanda por gás natural liquefeito (GLP) nos próximos meses de 2024 e no ano de 2025, puxada pelo programa Gás para Todos, uma ampliação do auxílio gás, e pelo crescimento econômico do país.

Para 2024, a EPE projeta que a demanda por GLP vai ficar em 7,6 milhões de toneladas, alta de 1,9% em relação ao ano anterior. Já em 2025 o consumo deve chegar a 7,7 milhões de toneladas, crescimento de 1% na comparação anual, segundo dados do boletim bimestral de combustíveis da estatal.

O programa Gás para Todos, que enfrenta problemas para caber no orçamento de 2025, pretende ampliar para mais de 20 milhões de famílias o acesso a botijões. A principal mudança em relação ao auxílio que já existe está na distribuição do benefício, hoje pago em dinheiro. Com a ampliação do programa, os beneficiários terão direito a retirar os botijões diretamente.

Entre janeiro e agosto deste ano, as vendas de GLP aumentaram 2%, em relação ao mesmo período em 2023. Segundo a EPE, parte do crescimento é explicada pela redução de 3,4% nos preços médios de revenda na comparação anual e pelas maiores transferências para programas sociais.

A diretora de estudos de petróleo, gás natural e biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, explicou que o cenário também considera aumento do Produto Interno Bruto (PIB), assim como a renda da população e redução na taxa de desemprego.

“Estamos fazendo um esforço para tentar reduzir o consumo de lenha e migrar para energéticos mais limpos. Isso tende a impulsionar mais o GLP”, disse durante o Fórum Permanente do GLP, organizado pelo Sindigás, nesta quinta-feira (24/10).

No cenário de longo prazo projetado pela EPE, Borges afirma que a demanda por derivados de petróleo permanece resiliente. No caso do GLP, isso está relacionado à possibilidade de outros usos, substituindo não só a lenha, como o diesel e o óleo combustível.

“Isso se dará muito em função do preço. Ainda que seja retirada a restrição, só vai acontecer se o GLP for capaz de concorrer em preço com outros energéticos”, destacou a diretora da EPE.

Caso seja bem sucedida a migração da lenha para o gás de cozinha em residências e ocorram alterações nas restrições de uso, a EPE estima que haverá espaço para aumento da infraestrutura para atender a essa nova demanda.

Demanda por outros combustíveis

A edição de outubro do documento da EPE com as perspectivas para o mercado brasileiro de combustíveis no curto prazo prevê um incremento de 5,9 bilhões de litros à demanda nacional de combustíveis líquidos.

O consumo por combustíveis do ciclo otto (gasolina C e etanol hidratado) vem crescendo desde 2022. A expectativa é fechar este ano com 60,6 bilhões de litros de gasolina equivalente (lge). Para 2025, a previsão é de continuidade do crescimento da demanda, com 62,2 bilhões de litros.

A demanda por diesel e biodiesel também cresceu. No caso do diesel S-10, o aumento foi de 7,4% em 2024, em relação a 2023. A estimativa é de um aumento de mais 5% no ano que vem.

Para o combustível renovável, o crescimento neste ano foi de 22,3%, em relação ao ano passado, com acréscimo projetado de 10% para 2025, na comparação com 2024. O aumento da demanda do biodiesel foi influenciado pela alteração dos percentuais mínimos de mistura, de 12% para 14% neste ano.

A demanda por combustível de aviação (QAV) também deve se manter alta, devido ao aumento de renda. A EPE projeta recordes do número de passageiros e da atividade do setor aéreo para 2025, ultrapassando os volumes de 2014/2015. Apesar disso, a demanda pelo combustível não renovará os números da máxima histórica, devido a ganhos de eficiência operacional e à substituição da frota por aeronaves mais modernas.