Agendas da COP

COP27: Quem vai pagar a conta?

União Europeia propõe fundo de perdas e danos direcionado aos mais vulneráveis

COP27: Quem vai pagar a conta do financiamento climático? Na imagem: Púlpito durante a cerimônia de abertura da COP27 (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)
Perdas e danos: ainda não está claro quem vai pagar pelo fundo proposto pela União Europeia (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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Diálogos da COP 27 | agência epbr cobriu a COP27 entre os dias 7 e 18 de novembro, com transmissões ao vivo pelo Youtube, recebendo especialistas em clima e transição energética, agentes do mercado, indústria e sociedade civil, com convidados diretamente do Egito.

A União Europeia apresentou uma proposta na noite de ontem que pode levar a COP27 a concordar com um fundo de perdas e danos direcionado aos mais vulneráveis, disse nesta sexta (18/11) o chefe de política climática do bloco, Frans Timmermans.

A jornalistas, disse que é uma “uma oferta final” para “encontrar um compromisso” entre os países na reta final das negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas no Egito.

O financiamento a países afetados por desastres causados ​​pelo clima é um dos itens mais difíceis da agenda desta COP, e o apoio dos 27 membros da UE injeta um novo ânimo às discussões.

Segundo Timmermans, a proposta do bloco europeu reflete “as realidades financeiras de 2022” e “deve andar de mãos dadas com uma maior ambição nas reduções de emissões”.

Uma das condições da UE é que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) sejam atualizadas para refletir um caminho até 1,5ºC em 2100.

Com este anúncio e vários outros pontos críticos ainda sem resposta, o Egito disse que um acordo final só deve sair no fim de semana.

O texto de capa, financiamento, mitigação, adaptação e o desenho dos mercados de carbono também seguem sem acordos.

Emissores e emergentes

Para perdas e danos, ainda não está claro quem vai pagar pelo fundo.

Sem citar nomes, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse em uma coletiva de imprensa nesta sexta que espera que todos os grandes emissores paguem.

Isso significaria incluir China, Arábia Saudita, Rússia, Brasil, Indonésia e Índia — nações classificadas em 1992 como em desenvolvimento e que agora figuram no top 10 das emissões históricas cumulativas.

Analistas acham pouco provável que esses países emergentes assumam essa conta, pois sinalizaria a mesma responsabilidade pelas mudanças climáticas que os Estados Unidos e a Europa, por exemplo, que são as maiores fontes históricas de emissões. The Guardian

No último dia dos Diálogos da COP27, o jornalista da epbr Gabriel Chiappini conversou com Ricardo Baitelo (Iema) e Júlio Meneghini (RCGI) sobre o balanço da cúpula e expectativas em relação ao texto final. Assista no Youtube

Quem é vulnerável?

Analistas do Carbon Brief observam que a proposta da UE de se concentrar apenas em países vulneráveis — ​​enquadrados como menos desenvolvidos e pequenas ilhas — excluiria Nigéria, Paquistão e Filipinas, todos duramente atingidos em 2022 por climas extremos.

“Um fundo de danos climáticos da UE apenas para os mais vulneráveis ​​está dez anos desatualizado”, critica Harjeet Singh, da ONG ActionAid.

“Como podemos dizer ao Paquistão, por exemplo, que eles não podem ter acesso a apoio após as inundações de 2022?”.

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Outros destaques das negociações:

Fósseis na mira

A Índia avançou na agenda de eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis — e não só o carvão –, mas não conseguiu emplacar um acordo. O rascunho do texto final por enquanto segue o da COP passada.

Organizações ambientais observam que está cada vez mais parecendo uma repetição da COP26, de Glasgow, particularmente na eliminação gradual de combustíveis fósseis

“Não há progresso desde o ano passado. Ainda não há menção à eliminação gradual de petróleo e gás no texto”, comenta Mohamed Adow, do Power Shift Africa.

Reunião que poderia ser um e-mail

Para o ClimaInfo, o segundo rascunho do texto de cobertura publicado nesta madrugada tem 8400 palavras e 20 páginas que dizem muito pouco sobre o progresso climático e “não contém nada que justifique a mobilização dos 33 mil inscritos de Sharm”.

Reforma financeira

Pela primeira vez, um projeto de decisão política publicado nas negociações climáticas da COP pede que os bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs) e as instituições financeiras internacionais (IFIs) sejam reformados e alinhem seus gastos com as metas climáticasBloomberg

Comércio de emissões

A última rodada de negociações sobre o Artigo 6.4 terminou cedo hoje, e os negociadores pareciam prontos para “resolver as questões pendentes”, de acordo com o diretor de política internacional da Associação Internacional de Comércio de Emissões (Ieta), Andrea Bonzanni.

Uma área que precisa de acordo é a autorização de emissão de créditos, quando deve ser feita e se ela pode ser alterada no futuro. Argus

Acordo de metano

A lista de países que assinaram o Compromisso Global do Metano chegou a mais de 150 na COP deste ano. A iniciativa foi lançada no ano passado na COP26, em Glasgow, com 100 signatários.

Segundo o grupo, 95% dos membros incluíram ou vão incluir a questão em suas Contribuições Nacionais Determinadas (NDCs).

Além disso, 50 países desenvolveram planos nacionais de metano ou planejam fazê-lo até a COP28, em 2023, incluindo Brasil, Vietnã, Canadá, Finlândia, Suécia, Noruega, EUA e a UE.

Hidrogênio no G7

Relatório da Agência Internacional de Energia Renovável aponta que o consumo de hidrogênio pelos membros do G7 pode crescer entre quatro e sete vezes até 2050.

O documento faz uma série de recomendações para os países do bloco estruturarem esse novo mercado, já que os compromissos de emissões líquidas zero até 2050 exigirão uma implantação significativa de hidrogênio verde.

Veículos de emissão zero

Na quinta (17/11), os Estados Unidos assinaram um memorando de entendimento não vinculativo (MoU) com meta de chegar a 2030 com 30% veículos médios e pesados ​​com emissão zero e 100% até 2040. A meta é para novos e inclui veículos de entrega comercial, ônibus e caminhões. Reuters

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