Cogeração

Cogeração a partir de biomassa alcança recorde na garantia física verificada para 2025

Levantamento da Cogen e Unica aponta 399,8 MWmédios em novas térmicas a biomassa

Usina Costa Pinto, da Raízen (Foto: Divulgação Cogen)
Usina Costa Pinto, da Raízen | Foto: Divulgação Cogen

BRASÍLIA — Levantamento da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen) e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) calcula que o montante total de garantia física de termelétricas a biomassa obteve um acréscimo de 399,8 MWmédios, 17% acima do registrado em relação ao ano anterior.

Excluindo os empreendimentos novos, o balanço também foi positivo, com acréscimo de 93,9 MWmédios, um crescimento de 4% nas usinas já existentes movidas a bagaço de cana, licor negro, resíduos de madeira, biogás entre outras.

Com isso, a Garantia Física Total de Termelétricas a Biomassa verificada é de 2.701,6 MWmédios, valor recorde para a série histórica. Esses montantes terão vigência a partir de 1º de janeiro de 2025 com término em 31 de dezembro de 2025.

Segundo as associações, o levantamento foi feito com base na portaria do Ministério de Minas e Energia nº 2.848/2042 que define e revisa os montantes de Garantia Física de Energia e de disponibilidade mensal das usinas termelétricas movidas a biomassa com Custo Variável Unitário (CVU) nulo.

“A cogeração vem sendo extremamente importante para ajudar o Operador Nacional do Sistema (ONS) a enfrentar os desafios do setor elétrico, especialmente nesse momento, com pouca água nos reservatórios das hidrelétricas, principalmente no subsistema Sudeste-Centro-Oeste”, comenta o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte.

“A cogeração traz resiliência e provê o sistema de forma distribuída, com potência e com capacidade para enfrentar as oscilações de tensão diante do crescimento da geração de fontes intermitentes na matriz elétrica brasileira no fim da tarde, especialmente as solar-fotovoltaicas”, completa.

De acordo com o gerente de Bioeletricidade da Unica, Zilmar Souza, esse incremento de mais de 2,7 mil MW médios contribui para evitar a emissão de cerca de 7 milhões de toneladas de CO2 por ano, o equivalente ao cultivo de 51 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.

Comercialização de excedentes no ACL

A Cogen e a Unica defendem um ajuste regulatório na Portaria MME 564/2024, de forma a permitir que as usinas movidas a biomassas possam ter maior liberdade e negociar os excedentes da cogeração, acima da garantia física, também no ambiente de contratação livre (ACL), uma vez que essa indústria já comercializa mais de 2/3 de sua energia no mercado livre.

Duarte observa que a limitação desestimula o aumento da produção.

“As usinas que excedem sua garantia física ficam limitadas a liquidar esse excedente de energia ao Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) ou vender nos leilões regulados e, em função da significativa judicialização do setor, as usinas acabam levando muitos anos para receber por essa energia excedente”.