Caminhoneiros tentam iniciar greve, mas sucesso do movimento ainda é incerto

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Grupos de caminhoneiros tentam dar início ao movimento nacional de paralisação da categoria, mas a adesão à greve ainda é incerta. Há motoristas parados em 15 estados, segundo o CNTRC – Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas.

— O Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informaram que, às 7h30 desta segunda (26/7), todas as rodovias federais, concedidas ou não, encontravam-se com fluxo livre de veículos. (Broadcast)

— A PRF reportou aglomerações às margens de rodovias e tentativas de retenção em seis estados, todas debeladas, segundo a entidade. O governo diz que o volume de ocorrências é três vezes menor do que o de 1º de fevereiro de 2021, última tentativa de mobilização.

— A mobilização dos caminhoneiros tem como pautas o preço do diesel e do frete, regulado pelo piso criado após a greve de 2018. Os caminhoneiros querem o fim da paridade internacional de preços praticada pela Petrobras.

— A força do movimento é incerta (Folha). Além da divisão natural da categoria, que dificulta a articulação em todo o país, há lideranças próximas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que apoiou a greve de 2018, no fim do governo de Michel Temer.

— Esse componente político tem ajudado o governo. A insatisfação com os preços do diesel é pré-pandemia. Com a crise, os preços despencaram em 2020, adiando a questão para este ano. Os caminhoneiros também foram o estopim para a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras.

— “Nenhuma associação isolada pode reivindicar para si falar em nome do transportador rodoviário de cargas”, disse o Ministério da Infraestrutura, que vê um movimento pontual, sem potencial para parar o fluxo de cargas no país (Estadão).

— Contudo, há mobilização na Baixada Santista, importante rota de escoamento de produtos pelo Porto de Santos (Gazeta do Povo). E na BR-116, no Ceará, onde também ocorreram paralisações em 2018 (O Povo).

O preço médio do diesel na revenda acumula alta de 25% este ano, bem acima da inflação oficial medida pelo IPCA. O aumento dos preços dos combustíveis reflete a recuperação dos preços internacionais e a desvalorização do real. O mercado de combustíveis, contudo, ainda vê defasagem na paridade.

–Em geral, os preços dos combustíveis dispararam. A gasolina chega a R$ 6 por litro nas bombas (Valor). Entre maio e junho, a Petrobras segurou os preços, mas os combustíveis subiram este mês.

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Mesmo com as incertezas quanto à demanda global de óleo neste segundo semestre, quando os países da OPEP+ vão elevar a oferta e o mundo ainda lida com os efeitos da pandemia de covid-19, a cotação do barril tem se mantido acima dos US$ 70.

— Nesta segunda (26), o Brent para outubro é negociado em leve baixa, de -0,4%, entre US$ 73,84 e US$ 72,08. Após o baque da decisão da OPEP+, que levou a uma desvalorização de 7% em um dia, o petróleo encerrou a semana passada em alta.

Por aqui, a solução usada pelo governo para segurar preços tem tido pouco efeito. Entre março e abril, por decisão de Bolsonaro, o diesel A ficou isento de impostos federais e, mais recentemente, o presidente prometeu um novo desconto.

— As “soluções estruturais”, previstas inicialmente para junho, não saíram do papel. Internamente, ministérios da Economia e de Minas e Energia cogitam a criação de um fundo para controle da oscilação de preços; ou até mesmo um mecanismo tributário que reduza a tributação nos momentos de alta. Medidas são discutidas desde o governo Temer.

Crise energética pesa na previsão da inflação de julho. O IPCA-15, calculado pelo IBGE, atingiu 0,72%, a maior variação no mês desde 2004. Em 12 meses, o indicador acumula 8,59%.

— O maior impacto (0,33 ponto percentual) veio da habitação, que inclui a energia elétrica. A segunda maior contribuição (0,22 pp) veio dos transportes, com o peso dos preços dos combustíveis.

A alternativa para contratação emergencial de termelétricas, definida na semana passada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), vai permitir a oferta adicional de energia de cogeração qualificada a biomassa e gás natural, sugestão feita pela Cogen durante a consulta pública.

— “A edição da portaria representa uma conquista para os associados da Cogen. As usinas a biomassa terão chance de ofertar ao SIN sua capacidade de produção adicional, contribuindo com o fornecimento de mais energia elétrica para uma maior segurança energética”, diz a associação, em nota.

— A portaria do MME foi publicada na sexta (23/7). A intenção é colocar mais energia à disposição do Operador Nacional do Sistema (ONS), que deve publicar nas próximas duas semanas as regras de operacionalização, junto com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

— A contratação de garantia física adicional será remunerada por encargos do sistema (ESS), com base no Preço de Liquidação de Diferenças (PLD). Se o custo superar o valor da liquidação no mercado de curto prazo, é compensado pelos encargos; se for menor, o saldo positivo é revertido aos consumidores.

A flexibilização trazida pelo novo marco legal das ZPEs, sancionada este mês, favorece a industrialização nos portos brasileiros e, indiretamente, os planos de Pecém, para se tornar a base do hub de hidrogênio no Ceará.

— “O hidrogênio verde é uma realidade e a ZPE, um diferencial por conta da isenção tributária. O novo marco regulatório traz maior flexibilidade, se tornando mais um grande instrumento de atração de investimento”, disse à epbr o presidente da ZPE Ceará, Eduardo Neves.

A fabricante chinesa Mingyang pretende instalar uma torre eólica piloto com 15 MW de potência – voltada para o offshore – próximo de Pecém. Projeto está previsto para 2022. É uma turbina de alta capacidade nos padrões atuais, mercado em disputa pelos fornecedores globais.

— A empresa avalia a instalação de uma fábrica no porto para atender ao mercado eólico brasileiro, tanto em terra quanto para os futuros parques marítimos.

— Representantes da Mingyang, Saipem e BI Participações e Investimentos se reuniram com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do Ceará na semana passada. A BI desenvolve campos offshore no Nordeste.

O consórcio Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz venceu a licitação para obras civis e parte da montagem eletromecânica da usina nuclear de Angra 3 (MegaWhat). O lance vencedor foi de R$ 292 milhões, deságio de 16% em relação ao valor de referência. Faz parte da estratégia para garantir a entrada em operação em 2026.

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