As vendas de etanol pelas usinas da região Centro-Sul registraram uma queda de 12,9% em março, de acordo com levantamento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Mês passado, foram comercializados 2,30 bilhões de litros, frente aos 2,64 bilhões computados no mesmo período de 2019.
Deste total, 2,15 bilhões de litros foram destinados ao mercado doméstico, e 148,62 milhões de litros à exportação. No mercado interno, o volume de etanol hidratado comercializado caiu 17,8% (1,37 bilhão de litros, ante 1,67 bilhão de litros na comparação anual).
Em nota, a entidade explica que “mesmo se comparado a fevereiro de 2020, período com menos dias úteis disponíveis para a comercialização, o recuo alcançou 23,39%”. Quanto ao etanol anidro, o mês fechou com queda de 4,78% nas vendas do combustível.
O etanol hidratado é aquele vendido diretamente os postos, concorrente da gasolina; o anidro é misturado à gasolina, pelas distribuidoras.
Quando observados apenas os últimos 15 dias de março, período que coincide com as medidas de isolamento social devido ao coronavírus, as vendas de etanol hidratado tiveram queda ainda maior, totalizando 671,81 milhões de litros, uma redução de 20,8%, se comparado ao volume registrado na mesma quinzena de 2019. Já o anidro apresentou diminuição de 12,9% na comercialização em igual período.
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Safra é encerrada em meio a incertezas
De acordo com a Unica, a safra 2019/2020 fechou com recorde histórico na produção de etanol: 33,24 bilhões de litros – 9,94 bi de anidro e 23,30 bi de hidratado. O recorde anterior tinha sido na safra 2018/2019, com 30,95 bilhões de litros.
O volume de etanol comercializado, pela região Centro-Sul, também registrou crescimento nesta safra, encerrando com alta de 7,08%, um total de 33,26 bilhões de litros – na safra anterior foram 31,06 bilhões de litros contabilizados.
Para exportação destinaram-se 1,91 bilhão de litros (crescimento de 17%) e 31,35 bilhões de litros foram comercializados no mercado doméstico.
O destaque da safra coube ao etanol hidratado, que atingiu o volume 22,35 bilhões de litros vendidos, superando em 7,02% o registrado na temporada 2018/2019 (20,88 bilhões de litros).
Medidas emergenciais em estudo
“Apesar do recorde no ciclo 2019/2020, estamos iniciando a safra 2020/2021 em um contexto de total incerteza e preocupação”, alerta Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica .
Segundo ele, a preocupação se dá porque as usinas já tinham se preparado para garantir o abastecimento pleno de etanol na entressafra, considerando níveis elevados de consumo.
“A mudança abrupta de cenário e a queda da demanda de combustíveis pegou todos de surpresa criando uma situação muito difícil, pois o produtor precisa comercializar etanol para fazer frente aos desembolsos típicos de início de safra”, explica Rodrigues.
“Se nada for feito, podemos considerar 2020/2021 como um ano-safra perdido”, conclui o executivo.
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De acordo com a nota da entidade, medidas emergenciais são essenciais para oferecer o mínimo de fôlego à indústria canavieira, ressaltando a necessidade de se utilizar instrumentos financeiros que facilitem o armazenamento do produto.
Na segunda (13), a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina sinalizou a possibilidade do governo aumentar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) da gasolina e postergar a cobrança de PIS/Cofins do etanol, com o objetivo de aumentar a competitividade e amenizar os impactos no fluxo de caixa das usinas.
Uma preocupação do governo federal e do setor é com a estocagem de etanol. Tereza Cristina afirmou que busca um alinhamento entre BNDES, bancos públicos e privados para financiar projetos de estocagem do biocombustível por “um ano ou mais” diante da queda brusca na demanda por combustíveis.
Medida visa à viabilizar a colheira e o processamento da cana, preservando a produtividade dos canaviais, evitando que os efeitos da crise perdurem no longo prazo.
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