Biocombustíveis

Ultragaz compra NEOgás e mira biometano

Distribuidora de gás comprimido será oportunidade para comercializar alternativa renovável ao gás natural

Ultragaz compra NEOgás e mira biometano. Na imagem: Vista aérea de arreta carregada com cilindros, na cor rosa, para transporte de gás natural comprimido (GNC) da NEOGás (Foto: Cortesia NEOGás)
Ultragaz anunciou aquisição da NEOGás por R$ 165 milhões (Foto: Cortesia NEOGás)

A Ultragaz, distribuidora de gás natural liquefeito (GLP) e gás residencial do grupo Ultra, anunciou nesta segunda (21/11) a aquisição da NEOgás, transportadora de gás natural comprimido (GNC), por uma avaliação de R$ 165 milhões.

A conclusão do negócio está sujeita a ajustes usuais de capital de giro e dívida líquida, além de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“A aquisição marca a entrada da Ultragaz no segmento de distribuição de gás natural comprimido e, em adição, a NEOgás é uma plataforma ideal para viabilizar oportunidades de distribuição do biometano”, informou a empresa, em nota.

A NEOgás distribuiu mais de 100 milhões de m³ em 2021, possui seis bases de compressão nas regiões Sul e Sudeste e 149 semi-reboques para distribuição de GNC, segundo informações da Ultragaz.

“Esta transação reforça a estratégia da Ultragaz de ampliar a oferta de soluções energéticas para seus clientes industriais”, diz a empresa.

Aposta no biometano

Em março, o setor ganhou do governo federal um pacote de incentivos que inclui a criação de um crédito de metano, inclusão no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Infraestrutura (Reidi) e a indicação de uma estratégia federal de incentivo ao uso sustentável de biogás e biometano.

O setor também conta com o Congresso para aprovação de um marco legal para o setor com o PL 3865/2021, do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), que cria o Programa de Incentivo à Produção e ao Aproveitamento de Biogás, Biometano e Coprodutos Associados (PIBB).

Enquanto isso, estados vão desenhando suas políticas de incentivo.

No Rio, a Alerj aprovou em março a redução do ICMS sobre biogás e biometano de 20% para 12%. E está previsto um decreto com o novo preço máximo do biometano, para injeção do produto na rede de gás canalizado do estado.

Em São Paulo, a Arsesp discute a criação de mecanismos para incentivar a utilização de biometano no suprimento de gás canalizado no estado — entre eles, um selo verde para as empresas que optam pelo gás renovável, e a transferência de créditos de descarbonização do RenovaBio (CBIOs).

Em Sergipe, a agenda está na Agrese, que vai inserir o biometano dentro do seu arcabouço regulatório do mercado de gás natural.

Em Minas Gerais, a distribuidora de gás natural Gasmig iniciou os estudos para propor o incentivo à construção de redes isoladas para distribuição de biometano no interior de Minas Gerais. A iniciativa faz parte de um conjunto de medidas, que inclui a definição do desenho tarifário do fornecimento do biometano.

27 novas plantas de biometano

Distribuidoras de gás natural e produtores de biogás já mapearam 27 novas plantas de biometano com potencial de conexão à rede de gasodutos nos próximos anos, no país.

O levantamento foi feito pelo grupo de trabalho conjunto formado pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e pela Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), em maio, com o objetivo de desenvolver o uso do combustível renovável pelas concessionárias estaduais.

A expectativa das associações é que a produção nacional de biometano atinja os 2,2 milhões de m³/dia até 2027. Desse total, 1,3 milhão m³/dia deve vir do biogás produzido no setor de saneamento (como aterros sanitários). O segmento sucroenergético, por sua vez, deve responder por 700 mil m³/dia e o segmento agroindustrial por mais 200 mil m³/dia.

São Paulo, com 15 plantas, é o estado com mais projetos novos, seguido pelo Rio Grande do Sul (6). Há projetos novos mapeados também no Rio de Janeiro, Pará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas.