Biocombustíveis

Shell vai construir biorrefinaria de grande porte em Roterdã

Shell vai construir biorrefinaria de grande porte em Roterdã
Refinaria de Pernis, em Roterdã (Shell)

A Shell anunciou nesta quinta (16) a construção de uma biorrefinaria com capacidade para produzir 820 mil toneladas por ano em seu Parque de Energia e Química em Roterdã, na Holanda, a antiga refinaria Pernis.

Depois de construída, a instalação estará entre as maiores da Europa para produzir combustível sustentável para aviação (SAF) e diesel renovável feitos a partir de resíduos e biomassa.

A unidade deverá iniciar a produção em 2024. Produzirá combustíveis de baixo carbono a partir de resíduos como óleo de cozinha usado, resíduos de gordura animal e outros produtos residuais industriais e agrícolas.

“Uma gama de óleos vegetais certificados sustentáveis, como óleo de colza, complementará as matérias-primas de resíduos até que [insumos] ainda mais sustentáveis e avançadas estejam amplamente disponíveis. A instalação não utilizará óleo virgem de palma como matéria-prima”.

O SAF poderá representar mais da metade da capacidade de 820.000 toneladas por ano, com o restante sendo diesel renovável, informou a empresa.

A estrutura poderá produzir diesel renovável suficiente para evitar a emissão de 2.800.000 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o equivalente a tirar mais de 1 milhão de carros europeus das estradas, nas contas da Shell.

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Os planos da União Europeia para descarbonizar a aviação

O mercado de SAF, especialmente na Europa onde o preço do carbono é mais alto na comparação com outros mercados, está na mira do mercado de downstream.

Além do mercado de carbono, a proposta da UE para o setor ainda se concentra em outros dois aspectos: uso de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês) e imposto para o combustível fóssil.

São propostas legislativas que serão examinadas pelo Parlamento da UE e pelo Conselho com opções de alteração.

Eles ainda terão que chegar a um acordo antes de adotar a legislação, em um processo que pode levar de oito a 18 meses.

No caso do SAF, a UE propõe (.pdf) um mandato em que os fornecedores de combustível de aviação terão a obrigação de garantir que todo o produto disponibilizado nos aeroportos dos países membros contenha uma parcela mínima de SAF.

E indica um cronograma: a partir de 1º de janeiro de 2025, mínimo de 2% do SAF; em 2030, 5%; saltando para 20% em 2035; 32% em 2040; 38% em 2045; até chegar a 63% em 2050.

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Nestes percentuais também estão incluídos volumes mínimos de combustíveis sintéticos – resultantes da reação do hidrogênio.

Um mandato para o SAF a partir de 2025 já havia sido anunciado pela Comissão Europeia em dezembro de 2020. E a indústria se prepara para abastecer o mercado.

Em abril deste ano, a Total anunciou o início da produção SAF na sua biorrefinaria La Mède, no sul da França. Um mês depois, estreou o seu biocombustível em um voo da Air France-KLM.

O voo 342 decolou do aeroporto de Paris, Charles de Gaulle, com destino a Montreal, abastecido com 16% de SAF produzido a partir de resíduos, com reciclagem de óleo de cozinha. A aeronave utilizada foi uma A350 da Airbus.

A mistura reduziu a emissão de 20 toneladas de CO2, segundo a certificadora independente International Sustainability & Carbon Certification System.

Mais: Gigantes da aviação se preparam para uso de combustível 100% renovável

Shell e bp encomendam SAF de empresa brasileira no Paraguai

Este ano, o ECB Paraguay e a Shell Trading Company assinaram um contrato plurianual para fornecimento de 500 milhões de litros por ano de diesel renovável e combustível renovável para aviação, a partir de 2024, totalizando 2,5 bilhões de biocombustíveis.

O diesel renovável HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) e o combustível renovável para aviação (synthetic paraffinic kerosene, SPK), também conhecido como sustainable aviation fuel (SAF), serão produzidos na biorrefinaria Omega Green, em construção pelo grupo ECB no Paraguai, com capacidade total de produção de 20.000 barris por dia de HVO, SPK, SAF e nafta verde.

O ECB também fechou um contrato 1 bilhão de litros de biocombustíveis avançados com a petroleira britânica bp, que está investindo na mudança do seu portfólio de suprimento de energia para comercializar mais combustíveis renováveis.

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