BRASÍLIA — A Shell anunciou nesta segunda (7/11) um acordo de compra de 3,25 bilhões de litros de etanol celulósico da Raízen, joint venture da empresa de energia europeia com a Cosan.
O combustível de cana-de-açúcar deverá ser produzido por cinco usinas que a Raízen planeja construir no Brasil nos próximos cinco anos. A produtora de bioenergia espera investir cerca de US$ 1,5 bilhão nas usinas. A primeira está prevista para começar a operar em 2025, a última até o final de 2027.
O acordo de fornecimento ajudará a Shell em sua estratégia de se tornar um negócio de energia com emissões líquidas zero até 2050.
“A demanda global por combustíveis sustentáveis está crescendo”, disse Andrew Smith, vice-presidente executivo da Shell Trading and Supply.
“Combinar a inovadora tecnologia de resíduos de cana-de-açúcar da Raízen com a rede de distribuição global da Shell e o relacionamento com os clientes ajudará a atender a essa demanda”.
Ao aproveitar os resíduos da cana-de-açúcar, a tecnologia de etanol de segunda geração (E2G) pode produzir cerca de 50% mais etanol com a mesma quantidade de terra.
E2G ganha escala
Segundo as companhias, as novas unidades permitirão à produtora de etanol fornecer significativamente mais combustível de baixo carbono sem criar competição pelo uso da terra com as culturas alimentares.
“A produção em larga escala de etanol celulósico a partir da cana-de-açúcar posicionará a Raízen como líder global no fornecimento de combustíveis de baixo carbono e matéria-prima para substituir os combustíveis fósseis”, comenta Ricardo Mussa, CEO da Raízen.
Para o executivo, o tamanho do acordo com a Shell é uma demonstração de que a tecnologia E2G alcançou escala comercial, com possibilidade de “apoiar as jornadas de descarbonização de clientes em todo o mundo”.
A Raízen é a maior produtora e fornecedora mundial de etanol de segunda geração (E2G) feito a partir de resíduos de cana-de-açúcar, com 80% de seus contratos firmados em acordos de longo prazo.
Sob o acordo firmado esta semana, a Shell Trading Rotterdam comprará o etanol celulósico produzido durante os primeiros 10 anos de vida operacional de cada nova instalação. A Raízen fornecerá etanol celulósico com intensidade de carbono aproximadamente 75% inferior à da gasolina.
Como a última das usinas deve iniciar a produção até o final de 2027, a Shell continuará a receber etanol celulósico de cana-de-açúcar daquela usina até 2037.