Combustíveis de aviação

São Martinho certifica etanol de cana para SAF no Corsia

Produtora de etanol de cana-de-açúcar comprova que seu uso da terra não emite CO2

São Martinho certifica etanol de cana para SAF no Corsia (Foto: Divulgação São Martinho)
Unidade São Martinho obtém certificação ISCC CORSIA Low LUC Risk para etanol de cana | Foto: Divulgação São Martinho

BRASÍLIA — A Unidade São Martinho (USM), localizada em Pradópolis (SP), divulgou na terça (15/10) que recebeu certificação internacional atestando que seu etanol de cana-de-açúcar não gera emissão de gases de efeito estufa relacionados ao uso da terra.

O selo ISCC Corsia Low LUC Risk (baixo risco no uso da terra) viabiliza o fornecimento do biocombustível para produção de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) apto a mitigar emissões no acordo internacional do setor.

O que é Corsia?

O Carbon Offsetting and Reduction Scheme funciona como um esquema de compensação global, no qual as companhias aéreas e os operadores de aeronaves devem mitigar suas emissões acima dos níveis registrados em 2019-2020. Essa compensação precisa seguir uma série de regras e parâmetros estabelecidos pela Organização da Aviação Civil Internacional (Icao, em inglês).

Maior processadora mundial de cana-de-açúcar, a São Martinho foi a primeira produtora de etanol de cana do mundo a conquistar a certificação focada no uso da terra.

A Icao começou a certificar os primeiros lotes de SAF pelo Corsia em junho de 2023. Na época, foram nove lotes, totalizando 1.542 toneladas, a partir de resíduos, produzidos pela ECOCHEM (China), Neste (Holanda) e WorldEnergy (Estados Unidos).

Já em agosto de 2023, a brasileira Raízen foi a primeira a conquistar o ISCC Corsia Plus para o seu etanol, atestando a compatibilidade com requisitos da União Europeia e outros mercados. Este selo, mais abrangente, também certifica o baixo risco no uso da terra.

Impacto no uso da terra

Há um debate internacional sobre a efetividade dos biocombustíveis no combate à mudanças climáticas, uma vez que eles têm origem na agricultura e esta atividade pode ter impactos nas emissões de gases de efeito estufa.

Ao conquistar esse tipo de certificado, produtores brasileiros conseguem comprovar que usam matérias-primas oriundas da práticas agrícolas sustentáveis.

O ISCC Corsia Low LUC Risk, por exemplo, atesta que o etanol que é produzido pela USM, a partir do processamento da cana, não gera emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao Impacto Indireto do Uso da Terra (iLUC, em inglês).

iLUC na produção de biocombustíveis

O iLUC está ligado às mudanças indiretas no uso da terra, como desmatamento ou conversão de terras agrícolas, que podem ocorrer quando áreas significativas de terra são deslocadas para a produção de matérias-primas para biocombustíveis.

“A certificação reconhece que estamos aptos a produzir etanol de cana, fazendo o uso de práticas e tecnologias que potencializam a produtividade agrícola ao mesmo tempo que promovem a redução das emissões”, comenta Luís Gustavo Teixeira, diretor Agrícola e de Tecnologia da São Martinho.

Práticas como preparo de solo com o canteirão localizado, utilização de bioinsumos, controle biológico de pragas e doenças, aplicação de vinhaça localizada e otimização da nutrição do canavial pelo uso eficiente de coprodutos industriais, reforçam a economia circular e promovem reciclagem de nutrientes, exemplifica Teixeira.