De olho nas metas de descarbonização no mercado global, a Raízen — joint venture entre a Cosan e a Shell — vê o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) e os biocombustíveis para navios (biobunker) como novas oportunidades de negócios para a companhia.
“Estamos de olho nos novos mercados que aparecem como grandes potenciais adicionais para o etanol no mudo. Combustível de aviação e o biobunker”, afirmou o vice-presidente de trading da Raízen, Paulo Neves, durante evento promovido pela empresa nesta quarta-feira (25/5).
Segundo o executivo, as políticas de redução de emissões de carbono que vêm sendo implementadas em países da Europa, Ásia e América do Norte — para alcance das metas do Acordo de Paris — já garantiriam a demanda pelos produtos renováveis.
“Do ponto de vista dos clientes, da demanda, não temos dificuldade de encontrar clientes interessados nessa solução”, disse Neves.
A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, em inglês) estima um salto na demanda global por SAF nos próximos anos, de 100 milhões de litros em 2021 para 5 bilhões de litros em 2025.
Até 2050, 60% do biocombustível de aviação produzido na Europa deve vir de fontes renováveis.
Já o transporte marítimo, que responde por cerca de 3% das emissões de gases de efeito estufa (GEE), deverá reduzir suas emissões pela metade até 2050, segundo o compromisso da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).
Mais
Produção em escala de biocombustíveis pela Raízen
A Raízen confia no poder de sua escala de produção de biocombustíveis e na parceria com a Shell, player global, para se posicionar na disputa pelo mercado internacional.
Além do Brasil, a companhia atua na produção de etanol no Paraguai e Argentina. Segundo o CEO da Raízen Argentina, Teófilo Lacroze, a empresa espera realizar investimentos estratégicos para desenvolver novos produtos na América Latina.
“Quando a gente pensa em SAF, biobunker, diesel verde, são todos produtos em que estamos construindo os primeiros passos para chegarmos lá em alguns anos”, pontuou Lacroze.
Etanol de segunda geração e biogás são as apostas
A estratégia de crescimento da Raízen está no biocombustíveis, nos próximos anos está focada na produção de etanol celulósico — ou etanol de segunda geração (E2G) — e biogás.
Até 2031, a Raízen pretende colocar em operação 39 módulos de produção de biogás em suas usinas de etanol, e mais 20 plantas de etanol celulósico.
Por enquanto, estão em construção três novas plantas de etanol de segunda geração e uma planta de biogás – que atenderá a Yara e a Volkswagen.
A ideia é que a partir do E2G sejam produzidos o biobunker e o SAF. Já para o biogás produzido a partir dos resíduos da cana, a companhia enxerga na injeção do gás renovável nos gasodutos das distribuidoras de gás canalizado o seu melhor uso.
“O pior uso do biogás, em termos de preço, é eletricidade. O uso mais nobre é substituir o diesel na nossa própria frota (…) O segundo melhor uso é injetar na rede”, avaliou o CEO da Raízen, Ricardo Mussa.
“Temos oito a dez unidades nossas próximas às redes da Comgás e Gasbrasiliano para fazer conexão. Vamos ter uma boa parte do gás vendido, injetado na rede”, completou Mussa.