O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou nesta terça (13) que o governo vai lançar um novo programa federal chamado Combustível do Futuro, voltado para o planejamento de longo prazo do setor de biocombustíveis.
A informação foi antecipada aos leitores do político epbr em 6 de abril. O político epbr é um serviço exclusivo para empresas de cobertura dos bastidores da política energética.
Segundo o ministro Bento Albuquerque, o objetivo é dar “previsibilidade” ao mercado sobre o que governo brasileira pensa em relação ao mercado de combustíveis.
“Queremos levar o conhecimento sobre biocombustíveis para o mundo, para outros países, especialmente da África e da Ásia”, declarou Bento Albuquerque durante painel do Brazil Forum Harvard MIT.
O programa será formalizado por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
“A transição energética já é, e será cada vez mais, um dos aspectos centrais na formulação das estratégias nacionais de desenvolvimento. E irá afetar padrões de comércio e investimentos, modelos de produção e o próprio mundo do trabalho”, afirma Bento Albuquerque.
No curto prazo, contudo, o governo tem interrompido a política federal de expansão da mistura de biodiesel no diesel devido ao impacto nos consumidores.
Amanhã (14) será retomado o 79º leilão (L79), para atendimento ao mercado entre maior e junho, originalmente, com 13% (B13) de biodiesel misturado no diesel B, vendido aos consumidores finais.
Por decisão do CNPE, o percentual foi reduzido para 10%, diante a perspectiva de aumento no preço do biodiesel.
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Política energética considera descarbonização via etanol e biodiesel
O Combustível do Futuro será a via para dar ampla cobertura às “questões de mobilidade urbana e as perspectivas para a matriz de combustíveis nos médio e longo prazos, com ênfase na vocação brasileira para a produção sustentável de bioenergia e biocombustíveis”, segundo documentos da Assessoria Especial de Relações Internacionais do MME, vistos pelo político epbr.
Diante da proposta para financiamento de um programa internacional de eletromobilidade, com investimentos estimados em US$ 850 milhões na América Latina, o MME se posicionou favoravelmente, desde que o plano não interfira no planejamento nacional, que prioriza os biocombustíveis.
O projeto, batizado de E-Motion, é uma proposta de agências de desenvolvimento europeias e conta com aportes do Fundo Clima – o Green Climate Fund (GCF), financiado por meio de depósitos de diversos países.
Os países alvos do projeto do GCF, por sua vez, têm o direito de se manifestar sobre eventuais objeções aos projetos, justamente, pelo risco de interferência nas políticas nacionais.
A vontade brasileira de transformar o etanol em uma “commodity global” vem de longa data. O termo foi usado por agentes públicos desde o ex-presidente Lula até o próprio ministro Bento Albuquerque.
Uma das apostas é a relação com a Índia de Narendra Modi, com quem o governo Bolsonaro busca aproximar relações desde o 1º ano de mandato.
O mercado automotivo indiano faz parte da estratégia nacional para ter um parceiro de peso na disputa contra o isolamento da cadeia de valor nacional em um eventual mercado global majoritariamente elétrico.
Outro caminho é a Plataforma para o Biofuturo, da qual faz parte a Divisão de Recursos Energéticos Novos e Renováveis do Ministério das Relações Exteriores.
O fórum discute iniciativas e colaboração com o setor privado para troca de tecnologias, cooperação e desenvolvimento, por exemplo, de mandatos para biocombustíveis.
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