Biocombustíveis

Petrobras testa combustível marítimo com 24% de biodiesel

“O setor de combustíveis marítimos busca soluções no curto prazo que nós desejamos ser capazes de atender”, diz o diretor Maurício Tolmasquim

28.06.2023 -- Navio a serviço da Transpetro recebe carga de bunker com 24% de biodiesel (Paulo Rossi/Agência Petrobras)
28.06.2023 -- Navio a serviço da Transpetro recebe carga de bunker com 24% de biodiesel (Paulo Rossi/Agência Petrobras)

A Petrobras iniciou testes com bunker (combustível marítimo) com 24% de biodiesel na composição para validar a elevação do uso de matéria-prima renovável no abastecimento de navios e embarcações.

O biodiesel adicional é produzido pela Petrobras Biocombustíveis (PBIO), em Minas Gerais. É o segundo teste, após um piloto bem-sucedido com adição de 10%.

Além do aumento do volume, a companhia acrescentou sebo de boi (gordura animal) como matéria-prima renovável, no percentual de 30%. O restante é óleo vegetal de soja. O óleo vegetal e o sebo de boi são insumos habituais da produção do biodiesel veicular no Brasil.

A Petrobras está testando misturas maiores de biodiesel no bunker, em razão das características dos motores das embarcações, menos sensíveis ao combustível, quando comparados às dos veículos pesados, com motores Proconve P8 – o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores.

O aumento da exigência nos motores eleva também os níveis de qualidade e especificação dos combustíveis. A normas foram mais recentes para o biodiesel rodoviário foram atualizadas este ano, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

“O setor de combustíveis marítimos busca soluções no curto prazo que nós desejamos ser capazes de atender”, diz o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tolmasquim.

O bunker com o biocombustível está sendo testado por um navio afretado pela Transpetro no Terminal do Rio Grande (RS)

“Em uma análise preliminar, o percentual estimado de redução de emissões de gases de efeito estufa é de cerca de 17% em volume, em comparação ao bunker 100% mineral, considerando o ciclo de vida completo do produto”, diz a empresa.

A embarcação foi abastecida com cerca de 570 mil litros de combustível. O navio, da Maersk Tankers, é usado em rotas de cabotagem no litoral brasileiro.

“Durante os próximos meses, serão acompanhados dados do navio, como consumo, potência desenvolvida, distância percorrida, além do desempenho do combustível em filtros e sistemas de purificação”.

Entre dezembro e fevereiro, a Petrobras tentou bunker com 10% de biodiesel por 40 dias, no Darcy Ribeiro, embarcação da Transpetro.

“Os resultados indicaram que não houve ocorrência atípica no funcionamento do motor do navio, tampouco nos sistemas de tratamento do combustível (centrífugas e filtros)”, diz.

Indústria já tem mais de 100 encomendas de navios a metanol verde

A transportadora dinamarquesa Maersk anunciou esta semana a encomenda de seis navios porta-contêineres de médio porte – todos com motores bicombustíveis capazes de operar com metanol verde.

Ao todo, a companhia agora tem 25 embarcações habilitadas para metanol encomendadas. Pioneira nessa demanda, a Maersk fez o primeiro pedido em 2021, e se comprometeu a só adquirir novos navios que possam navegar com combustíveis descarbonizados.

Segundo a companhia, o movimento ganhou novos adeptos desde então, e dois anos depois a carteira global de pedidos está em mais de 100 navios habilitados para metanol.