Biocombustíveis e transição

Para Aprobio, aumento da mistura para 15% coloca cronograma do biodiesel em dia

Aprobio avalia que avanço até B20 é viável após queda no preço da soja e elogia compromisso do governo com transição energética

Erasmo Battistella é diretor do Conselho de Administração da Aprobio — Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Foto Divulgação Be8)
Erasmo Battistella é diretor do Conselho de Administração da Aprobio — Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Foto Divulgação Be8)

O diretor do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella, avaliou que o aumento do porcentual obrigatório de biodiesel ao óleo diesel dos atuais 14% para 15% coloca o cronograma de elevação da mistura de biodiesel em dia.

“Colocamos o cronograma da mistura do biodiesel em dia. Acreditamos que vamos construir os próximos marcos juntos para elevar a mistura do biodiesel de 15% para 20%, conforme prevê a lei do combustível do futuro”, disse Battistela durante o evento “Combustível do futuro chegou: E30 e B15”.

Na cerimônia, o governo federal anunciou a elevação do porcentual mínimo de adição do biodiesel ao óleo diesel para 15% a partir de 1º agosto, conforme antecipou a Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A medida foi deliberada em reunião extraordinária no CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) na manhã desta quarta-feira (25/6) com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A política de ampliação da mistura dos biocombustíveis está prevista na lei do combustível do futuro. Inicialmente, o porcentual mínimo obrigatório de 15% estava previsto para março deste ano conforme resolução anterior do CNPE.

Em fevereiro, entretanto, governo manteve a mistura em meio à preocupação com os preços do óleo de cozinha e com a inflação de alimentos. Agora, o entendimento do governo é de que há condições para retomada do cronograma de adição da mistura após a queda do preço do óleo de soja, em decorrência da colheita recorde de soja na safra atual.

Battistela elogiou as medidas adotadas pelo governo Lula em relação à retomada do cronograma de elevação da mistura do biodiesel. “O governo está comprometido com a transição energética. Não podemos perder oportunidade de mover a COP30 com nossos biocombustíveis que ajudam na descarbonização”, afirmou o presidente da Aprobio se dirigindo a Lula.

O presidente da Aprobio defendeu também o aumento da fiscalização sobre fraudes em combustíveis. “A fiscalização precisa ser apertada para entregar mais qualidade aos consumidores”, argumentou.

Lula: biocombustível não compete com alimentos

O presidente Lula refutou o argumento de que há competição de uso de commodities agrícolas para produção de biocombustível e produção de alimentos.

“Muita gente dizia que se fôssemos fazer biodiesel ia faltar alimentos no mundo. O Brasil não precisa desmatar para crescer. Não tem possibilidade de alguém fazer discurso de que biocombustível compete com alimento”, afirmou Lula, durante o evento ‘Combustível do futuro chegou: E30 e B15’, nesta quarta-feira (25/6).

Concorrência entre agro e óleo

Os aumentos nos preços dos combustíveis no mercado internacionais, após mais uma escalada na guerra de Israel no Oriente Médio, abriu uma janela para justificar a elevação das misturas obrigatórias.

A importação de biodiesel é vetada no Brasil, decisão política do governo Lula. E o etanol é majoritariamente produzido pelas usinas nacionais. Com isso, há uma redução da dependência importações de gasolina e diesel puros e mais caros que os entregues pela Petrobras.

Ante pressão de alta, agora os biocombustíveis servem como mitigação da pressão inflacionária externa, dado que o governo também conta que a Petrobras não vai aumentar os preços no curto prazo, repassando a volatilidade externa para as bombas brasileiras.

Com mais biodiesel e etanol anidro, haverá menos demanda para distribuidoras e importadoras independentes desembarquerem combustíveis mais caros nos portos brasileiros.

Com informações do Estadão Conteúdo.

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