Biocombustíveis

Mineradoras estudam corredor verde marítimo Austrália-Leste Asiático

Estudo sugere a amônia verde como escolha provável para rota de minério de ferro entre Austrália e Leste Asiático

Mineradoras estudam corredor verde marítimo Austrália-Leste Asiático
A Austrália é o maior exportador de minério de ferro do mundo e embarcou 872 milhões de toneladas em 2021 (foto: Angad Cheema/Pixabay)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 08/04/22

Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Um consórcio formado pelo Fórum Marítimo Global, BHP, Rio Tinto, Oldendorff Carriers e Star Bulk Carriers assinou esta semana uma carta de intenção para avaliar a criação de um corredor verde de minério de ferro entre a Austrália e o Leste da Ásia.

A Austrália é o maior exportador de minério de ferro do mundo e embarcou 872 milhões de toneladas em 2021.

O objetivo é mobilizar a demanda por transporte verde e escalar o frete de zero ou quase zero emissão de gases de efeito estufa. E a amônia verde deve ser o novo combustível.

  • Corredores verdes são rotas de transporte específicas onde economia, infraestrutura e logística de transporte de emissão zero ou quase zero são mais viáveis ​​e a implantação rápida pode ser apoiada por políticas e ações direcionadas pelo setor

“Os caminhos de emissão zero de gases de efeito estufa exigem a criação de uma cadeia de valor paralela que envolve novas formas de trabalho, novas relações contratuais e impulsiona o desenvolvimento da produção e infraestrutura de combustíveis descarbonizados”, explica Johannah Christensen, CEO do Fórum.

Relatório da Getting to Zero Coalition lançado no ano passado (.pdf) estudou a viabilidade de uma rota de minério de ferro entre a Austrália e o Leste Asiático e sugere a amônia verde como a escolha provável de combustível.

Condições de produção, ambiente regulatório favorável e interessados ​​dispostos são os principais motivos.

“Levando o estudo adiante, as partes do consórcio pretendem avaliar conjuntamente o fornecimento de amônia verde, o abastecimento e os mecanismos de apoio pioneiros”, explica o consórcio em nota.

Aos poucos, iniciativas de corredores verdes começam a se formar.

Na semana passada, Yara International e Azane Fuel Solutions assinaram um acordo comercial para estabelecer uma rede de bunkers — combustível de navios — à base de amônia verde na Escandinávia até 2024.

Serão os primeiros terminais operacionais de combustível de amônia do mundo.

Junto com o hidrogênio, a amônia verde começa a despontar como uma solução de descarbonização para setores intensivos.

E ajuda a unir as pontas de uma transformação energética intersetorial e internacional — enquanto o hidrogênio verde é a promessa de energia limpa para mineração e siderurgia, a amônia é a maneira mais econômica de armazenar e transportar o hidrogênio verde pelo mundo.

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Outro setor difícil de descarbonizar, a aviação também está apostando em novos combustíveis.

Ontem (7/4), a LATAM Airlines anunciou a ambição de incorporar 5% de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) em suas operações até 2030, privilegiando a produção da América do Sul.

A meta é reduzir 50% das emissões domésticas de CO2 no período e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

O transporte aéreo é responsável por cerca de 11% das emissões globais de CO2 do setor de transportes, com cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2 por ano.

A meta setorial é zerar as emissões de carbono até 2050 e, para alcançar o objetivo, 65% das reduções devem vir dos combustíveis sustentáveis, estima a Associação Internacional de Transportes Aéreos.

Brasil está na lista dos potenciais fornecedores.

Levantamento da RSB (mesa redonda sobre biomateriais sustentáveis) identificou no país um potencial para produção de até 9 bilhões de litros de SAF a partir de resíduos.

Falta agora resolver questões tributárias e todo um arcabouço regulatório que garanta previsibilidade e segurança jurídica.

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