newsletter
Diálogos da Transição
eixos.com.br | 10/03/22
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
[email protected]
O Ministério de Minas e Energia (MME) iniciou nesta quinta (10/3) consulta pública para alteração na Portaria 419/2019 que regulamenta a negociação dos Créditos de Descarbonização (CBIOs) do RenovaBio.
A proposta é possibilitar um mecanismo de compra e venda futura dos CBIOs, cujo objetivo principal, segundo o MME, é proteger as partes envolvidas (emissores e compradores de CBIOs) de oscilações bruscas nos preços do ativo.
O governo propõe quatro alterações:
-
Determinar que o escriturador seja cadastrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
-
Exigir da entidade registradora que deseje iniciar a oferta de registro do CBIO, a comprovação de interoperabilidade com as entidades registradoras que já operam com os CBIOs;
-
Incluir previsão de prestação de informações individualizadas, ao MME e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pelas entidades registradoras acerca das negociações existentes em suas plataformas;
-
Determinar que as instituições financeiras operem como contrapartes sem a necessidade de não identificação, como deve ocorrer entre emissores primários e compradores de CBIOs, com objetivo de implantar modalidade de compra e venda futura de CBIOs.
A consulta ficará aberta até 08 de abril. Os documentos estão disponíveis na página do MME. A alteração da portaria é um dos passos para desenvolver um mercado de derivativos para o CBIO.
Segundo Pietro Mendes, secretário-adjunto de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do MME, a pasta está trabalhando com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e com a Bolsa de Valores B3 neste sentido.
Em uma live da Agência Estado no mês passado, ele disse que o crescimento do produto que, em 2020, negociou R$ 650 milhões, e, em 2021, R$1,17 bilhões, tem impulsionado o interesse pelo CBIO.
“Temos que aumentar a liquidez do produto e uma das etapas que precisam ser cumpridas, para que o crédito de descarbonização seja listado, é ter uma curva de preços do CBIO com o desenvolvimento dos derivativos”, explicou.
CBIOs transacionados este ano já movimentaram R$ 824 milhões, alta de 553% na comparação com o mesmo período em 2021.
Na semana encerrada em 4 de março, os preços dos créditos de descarbonização eram negociados a R$ 100,58 na média — chegando a atingir R$ 101,50, maior cotação nominal desde o início das negociações, em junho de 2020.
O mercado está mais aquecido. Nos 40 primeiros dias úteis de 2022, foram comercializados 10,088 milhões de CBIOs, crescimento de 162% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 3,848 milhões créditos foram vendidos.
Nesta quarta (9/3), o preço médio ficou em R$ 98, segundo informações da B3.
Pela metodologia do RenovaBio, cada CBIO corresponde a 1 tonelada equivalente de carbono. A meta anual de compra das distribuidoras é de 35,98 milhões de títulos este ano.
PUBLICIDADE
Semana movimentada para mercados de carbono no Brasil.
Santander adquire WayCarbon… Principal operador de créditos de descarbonização do RenovaBio, o Banco Santander anunciou na terça (8/3) a aquisição de 80% da WayCarbon, empresa brasileira líder em consultoria ESG.
Entre os serviços da consultoria está a implementação de estratégias ESG e o comércio de créditos de carbono.
José Linares, diretor global do Santander Corporate & Investment Banking, conta que a aquisição é parte da estratégia do banco para fortalecer a atuação em negócios sustentáveis.
Uma das metas do banco é levantar € 220 bilhões em financiamento verde até 2030.
Recentemente, a WayCarbon anunciou uma parceria com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para a estruturação da base de indicadores e estatísticas socioambientais de riscos climáticos, mitigação e adaptação às mudanças climáticas para o MME. O trabalho, que teve início em novembro de 2021, tem projeção de término em 15 meses.
… e Rio dá primeiros passos em uma bolsa de valores para créditos de carbono. Nasdaq e governo estadual do Rio de Janeiro fecharam um acordo, também na terça (8), para desenvolver uma plataforma de negociações.
Depois de 21 anos do fechamento da BVRJ, a capital fluminense pode voltar a ter uma Bolsa, mas desta vez para negociar créditos de carbono e ativos ambientais — como energia, clima e florestas. InfoMoney
A parceria prevê o intercâmbio de informações entre as partes para a implementação de políticas públicas para certificar, emitir e negociar créditos de carbono.
De acordo com a informação do governo, a plataforma está prevista para o segundo semestre de 2022. Nos próximos 90 dias, será criado um grupo de trabalho para discutir um projeto-piloto.
Na Europa, preços do carbono caem apesar da alta nos combustíveis fósseis. Após a invasão russa da Ucrânia, os preços das permissões de emissões da União Europeia tiveram queda de 35%, passando de € 95/t para € 55/t em cinco dias, segundo a Refinitiv.
Analistas de mercado explicam que a forte queda inicial pode estar atrelada ao rápido aumento dos preços da energia. CNBC
[sc name=”news-transicao” ]