BRASÍLIA – O município de Londrina, no Paraná, fará os primeiros testes com ônibus urbano movido a 100% de biometano no Brasil. A iniciativa é conduzida pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas) e a fabricante Scania, em parceria com a prefeitura de Londrina.
“O ônibus movido a biometano coloca Londrina em posição de destaque no país, sendo a primeira na demonstração no transporte coletivo regular urbano”, comentou o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, durante o lançamento da ação nesta quarta (7/6).
Os testes serão realizados em quatro linhas municipais operadas pela Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL).
No decorrer da avaliação, com duração de 30 dias, serão considerados fatores como a autonomia e a qualidade do veículo. A previsão é que o ônibus comece a rodar na próxima segunda (12/6).
O veículo, da montadora Scania, terá oito cilindros de gás localizados na lateral dianteira com uma autonomia de 300 quilômetros.
Transição das frotas
Paulo Genezini, gerente de Sustentabilidade da Scania Operações Comerciais Brasil, classifica a iniciativa como um “divisor de águas” na transição para um sistema de transporte mais sustentável.
“Temos certeza que esta ação inédita com o biometano numa operação regular urbana será um divisor de águas para que mais cidades preocupadas com a redução da emissão de poluentes coloquem em prática frotas mais eficientes”, completou o gerente da Scania.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o objetivo é que as tecnologias limpas sejam gradualmente incorporadas às frotas de veículos coletivos.
“A Abegás vê nesta iniciativa um passo relevante para que o Brasil promova políticas públicas para ampliar a participação do gás canalizado em veículos de transporte de passageiros e cargas, como ônibus e caminhões, na matriz de transporte brasileira”, disse a associação em nota.
Ainda segundo a Abegás, os veículos a gás oferecem benefícios significativos quando comparados ao diesel, pois reduzem emissões de CO2 em 23%. Além disso, há uma redução de 90% nas emissões de NOx e uma diminuição de 85% na liberação de materiais particulados.
Potência em biometano
Devido à extensa produção agrícola, o Paraná é um expoente na geração de biometano – o biocombustível é gerado a partir da purificação do biogás, que, por sua vez, é obtido pela decomposição de materiais orgânicos.
“O Paraná tem um potencial gigantesco de produção de biometano, cerca de 2 milhões de metros cúbicos por dia. Com esse teste também mostramos que é possível viabilizar a utilização local da energia gerada pela agroindústria, aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, nas frotas do transporte coletivo das cidades, gerando economia circular, emprego e renda aos nossos municípios”, explicou o CEO da Compagas, Rafael Lamastra.
“Queremos produzir o biometano localmente gerando energia para nossa população e, em especial, para nossas indústrias, visando transformar o município na primeira cidade industrial sustentável do Brasil”, mencionou o prefeito Marcelo Belinati.
Em expansão no mercado energético, o setor busca avançar com as redes de distribuição de gás canalizado para impulsionar o biometano em todo o país, já que a molécula é equivalente ao gás de origem fóssil.
O programa Gás para Empregar pelo governo Lula (PT), por exemplo, busca aumentar a disponibilidade e a infraestrutura do gás natural no Brasil, o que abre caminho para maiores oportunidades de utilização do biometano na matriz energética do país.
“O teste com ônibus 100% movido a biometano na cidade de Londrina é mais uma notícia promissora para que o Brasil possa dar passos mais vigorosos na direção de uma matriz mais sustentável combinada à indispensável segurança energética, em linha, inclusive, com os propósitos do Programa Gás para Empregar”, garantiu a Abegás.
Testes com GNV
A ação em Londrina é a terceira da parceria entre Compagas e Scania no estado. Os primeiros testes foram realizados em ônibus movidos a gás natural veicular (GNV), ambos na capital Curitiba.
Em fevereiro, um ônibus a GNV foi incorporado ao sistema de transporte urbano de Curitiba, como parte do projeto de mobilidade sustentável do governo estadual do Paraná.
Durante um mês, o veículo abastecido com GNV operou em uma linha de transporte público. Foram analisados indicadores de eficiência, custo operacional em comparação ao uso de diesel e a redução de emissões de poluentes.