JUIZ DE FORA — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil pode ampliar as exportações de etanol caso o Japão adote a mistura de 10% do biocombustível na gasolina. A declaração foi feita durante reunião com empresários brasileiros do setor de carnes em Tóquio, nesta quarta-feira (29/3).
“Se o Japão utilizar 10% de etanol na gasolina é um salto extraordinário, não apenas para que a gente exporte, mas para que eles possam produzir no Brasil”, disse Lula. O presidente destacou que o país pode ter papel decisivo na redução global de combustíveis fósseis.
O discurso sobre energias renováveis ocorre em paralelo às tratativas comerciais. O governo brasileiro vê no etanol uma oportunidade para diversificar a pauta de exportações para o mercado japonês, além de atrair investimentos para produção local do biocombustível.
A visita oficial busca reaquecer as relações comerciais entre os países. O fluxo comercial, que atingiu US$ 17 bilhões em 2011, recuou para US$ 11 bilhões atualmente. Um dos principais objetivos da agenda é negociar a ampliação das exportações de carne bovina, com ajustes em protocolos sanitários.
A comitiva brasileira foi recebida pelo imperador Naruhito e pela imperatriz Masako antes do encontro com os exportadores. Novas reuniões com empresários estão previstas para esta quarta-feira, no horário noturno no Brasil.
BNDES capta US$ 190 milhões no Japão para energia limpa
Em movimento alinhado à agenda de transição energética discutida pelo presidente da República, o BNDES fechou um empréstimo de US$ 190 milhões, o equivalente a R$ 1,077 bilhão, com bancos japoneses para financiar projetos de transmissão de energia elétrica e biocombustíveis no Brasil. A operação foi formalizada durante a visita presencial em Tóquio nesta terça (25).
Os recursos virão do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), do Citibank NA Tokyo Branch e do The Nishi-Nippon City Bank. O diretor do BNDES José Luis Gordon, presente na comitiva oficial, acompanhou a assinatura.
“O BNDES tem fortalecido sua atuação junto às instituições financeiras internacionais com o objetivo de diversificar o seu funding e ampliar os investimentos no Brasil, principalmente em áreas estratégicas, como a geração de energia renovável“, afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, em nota.
Foco na redução de emissões
Os financiamentos serão destinados a projetos de transmissão de energia; produção de biocombustíveis; e energias renováveis (pequenas hidrelétricas, solar, eólica e biomassa)
Os candidatos precisam comprovar redução de gases de efeito estufa (GEE), e enquadramento no programa GREEN (Ação Global para a Conciliação do Crescimento Econômico e Preservação Ambiental). O BNDES afirma que já captou US$ 950 milhões nessa linha com o JBIC desde 2011.
“Os projetos devem ter impacto favorável na preservação do meio ambiente global […] e que promovam a redução da emissão de gases do efeito estufa, a partir do aumento da eficiência energética e da utilização de fontes renováveis de geração de energia”, explicou o banco.
A operação reforça, de acordo com o BNDES, a estratégia brasileira de atrair investimentos estrangeiros para sua matriz energética limpa, como destacou Lula aos executivos sobre o potencial do etanol.
“Não é só que a gente quer vender, se tiver empresários japoneses que queiram fazer investimento no Brasil, em todas as regiões, podem fazer”, afirmou.