Biocombustíveis

G20 discute potencial de US$ 7,7 tri em bioeconomia e o papel dos biocombustíveis

WBCSD aponta oportunidades em setores como energias alternativas, indústria farmacêutica e bioplásticos

G20 estuda iniciativa de US$ 7,7 trilhões em bioeconomia circular e discute o papel dos biocombustíveis. Na imagem: Marina Silva e Rodrigo Rollemberg participam de segunda reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20, em 7/5/2024 (Foto: Audiovisual G20 Brasil)
Reunião da iniciativa de bioeconomia do G20 (Foto: Audiovisual G20 Brasil)

RIO – A segunda reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20, que chegou ao fim nesta quinta-feira (9/5), discutiu o potencial de US$ 7,7 trilhões em negócios com a adoção da bioeconomia circular.

A estimativa foi apresentada no recente relatório do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês).

O documento intitulado Uma oportunidade de negócio que contribui para um mundo sustentável aponta que a utilização de produtos de base biológica em setores que vão desde energias alternativas até indústrias farmacêuticas e de embalagens é capaz de movimentar trilhões até 2030.

Na abertura do encontro, (7/5), a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva (Rede), destacou a necessidade de superar falsas disputas entre bioenergia e segurança alimentar.

Um dos objetivos da pasta, junto ao Ministério de Relações Exteriores, é mostrar ao mundo que, no caso brasileiro, o cultivo de grãos ou outras matérias primas para produção de biocombustíveis não coloca em risco o abastecimento de alimentos. Sendo assim, uma alternativa sustentável importante para redução das emissões de gases do efeito estufa.

“Para fazer avançar a bioeconomia, além de recursos financeiros, precisamos avançar na definição global de padrões de sustentabilidade que sejam justos e levem em conta as circunstâncias nacionais”, destacou Marina Silva.

Há anos, o Brasil trava um debate, em especial com a União Europeia, sobre a relação entre biocombustíveis, desmatamento e a produção de alimentos.

No final do mês passado, durante reunião ministerial do G7 sobre Clima, Energia e Meio Ambiente, a ministra já havia pontuado essa questão.

“O Brasil tem plena capacidade instalada de produzir biocombustíveis sem ameaçar a floresta, garantindo alimentos para a população e a preservação de serviços ecossistêmicos”.

Oportunidades para o Brasil

A ministra também destacou a criação de um acordo de gestão para implementação do programa Bioeconomia para um Novo Ciclo de Prosperidade.

O comitê gestor será responsável por acompanhar as ações necessárias para cumprimento das metas do Programa, que incluem número de negócios da bioeconomia apoiados, incubados e acelerados; tamanho da área de florestas públicas federais concedidas e em produção de produtos e serviços florestais, entre outras.

O Brasil preside o G20 em 2024 e organizará a COP30, em 2025, na cidade de Belém (PA). A próxima reunião da Iniciativa de Bioeconomia está marcada para ocorrer em junho em Manaus (AM).

Segundo Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia do MMA, “a relação da biodiversidade com as economias existe independente de um país ser rico ou não em biodiversidade”.

Pimenta destaca que a indústria da saúde, por exemplo, depende do conhecimento sobre biodiversidade para desenvolver novos medicamentos e terapias.

A ministra Marina Silva ressaltou a necessidade de trazer as comunidades para o centro da agenda, destacando o papel dos conhecimentos das populações tradicionais e comunidades indígenas para o avanço da bioeconomia.

“A ação humana no meio ambiente foi e ainda continua sendo a tal ponto impactante que não nos bastará apenas adaptar e mitigar mas, sobretudo, transformar”, enfatizou.

Já a ministra Luciana Santos, do Ministério da Ciência e Tecnologia e Informação, afirma que o Brasil está comprometido com a transferência de tecnologia e desenvolvimento de produtos sustentáveis.

“A bioeconomia é tema estratégico para o desenvolvimento sustentável da nossa estratégia nacional de ciência, tecnologia e inovação”, afirmou Luciana.