Biocombustíveis

G20, combustíveis fósseis e o distante Acordo de Paris

Responsável por mais de 80% das emissões globais de CO2, G20 segue sem acordo sobre combustíveis fósseis

G20 segue sem acordo para combustíveis fósseis e distante Acordo de Paris. Na imagem: Grande mesa circular de madeira com chefes de estado globais, assentados ao redor, durante a Cúpula do G20 – Sessão III: “Um Futuro”, em Nova Delhi, na Índia (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Cúpula do G20 – Sessão III: “Um Futuro”, em Nova Delhi, Índia (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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Responsáveis por mais de 80% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), as 20 maiores economias do mundo seguem sem acordo sobre reduzir o consumo de combustíveis fósseis – medida que os cientistas dizem ser imprescindível para evitar que o planeta aqueça a níveis catastróficos.

Reunidos em Nova Delhi, na Índia, durante o fim de semana, os líderes do G20 concordaram buscar triplicar a capacidade de energia renovável globalmente até 2030 e aceitaram a necessidade de reduzir gradualmente a energia a carvão. Veja a declaração final (.pdf em inglês)

O posicionamento comum sobre a proposta dos países ocidentais de triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, no entanto, ainda é cercado de divergências, assim como reduzir as emissões de GEE em 60% até 2035 – com oposições da Rússia, China, Arábia Saudita e Índia, relata a Reuters.

As economias do G20 emitem atualmente aproximadamente 31 bilhões de toneladas de CO2 anualmente e precisam de estar a meio caminho do zero líquido até ao final desta década, calcula a McKinsey.

Para atingir líquido zero em 2050, esses países precisarão investir mais de US$ 35 bilhões ainda nesta década para transformar os sistemas de energia.

“Uma vasta gama de esforços globais de descarbonização está em curso com resultados tangíveis. Em 2019, a média global de emissões de CO2 per capita caiu para os níveis de 2010 de 4,8 toneladas. No entanto, a década atual é crítica, uma vez que as emissões de CO2 terão de diminuir cerca de 50%”, explicam os analistas.

Entre os países do bloco, as necessidades de cortes de emissões variam – os países ricos são os que precisam de maiores reduções, seguidos pelos de renda média-alta e média-baixa.

Entre os de renda média-alta, Argentina, China e México lideram a necessidade de cortes. Já entre os ricos, Alemanha, Canadá, Japão, Austrália e Estados Unidos lideram.

Bom momento para os biocombustíveis

O lançamento da Aliança Global de Biocombustíveis (GBA, na sigla em inglês) no encontro lateral à cúpula do G20 neste fim de semana marca a posição dessa alternativa aos fósseis nas discussões sobre transição energética.

Enquanto países ricos se atiram em direção à eletrificação, Brasil e Índia se unem para vender os combustíveis derivados de cana, milho e soja como mais um caminho viável.

Proposta pelo país sede do G20, a GBA tem Brasil e EUA como cofundadores e atraiu a assinatura de Cingapura, Bangladesh, Itália, Argentina, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos.

O objetivo é “acelerar a adoção global de biocombustíveis por meio da facilitação de avanços tecnológicos” – definição de padrões; certificação; criação de um repositório central de conhecimento e especialistas.

Quase todo mundo longe do Acordo de Paris

Avaliação das Nações Unidas sobre o progresso global na redução das emissões de GEE em cerca de 200 países mostra que a maioria não está no caminho para limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C, como acordado em 2015.

O relatório Global Stocktake (GST) analisa as políticas climáticas adotadas pelos signatários do Acordo de Paris e conclui que estamos em direção a algo entre 2,4ºC e 2,6ºC até o fim do século, com o cumprimento das atuais NDCs (sigla, em inglês, para contribuições nacionalmente determinadas).

E indica que é possível reduzir o aquecimento à faixa entre 1,7ºC e 2,1ºC caso os compromissos de longo prazo para emissões líquidas zero sejam plenamente atingidos.

Os eventos climáticos deste ano já dão uma ideia do que nos aguarda caso o mundo siga nessa trajetória de emissões.

Na última semana, o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, foi arrasado por um ciclone de proporções nunca antes vistas na região, com saldo de dezenas de pessoas mortas, de acordo com a Agência Brasil.

O relatório da ONU pretende subsidiar as próximas negociações climáticas globais da COP28, no final de Novembro em Dubai.

Será uma oportunidade para verificação, pela primeira vez, do progresso das NDCs desde a COP21, em 2015.

Um ponto que fica evidente no GST é a lacuna de recursos disponíveis para países de renda média e baixa fazerem sua transição em comparação com os ricos – algo que já falamos bastante por aqui.

Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima, ressalta que o financiamento climático e a necessidade de aumentar os fluxos financeiros é hoje a principal fonte de atrito entre países ricos e emergentes nas negociações climáticas.

“O relatório endossa conclusões que nem todos os países, principalmente os em desenvolvimento, devem concordar, como por exemplo a ideia de que que o setor privado deve vir como a principal fonte de capital para esse aumento”, comenta.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Terras raras

A Malásia desenha uma política para proibir as exportações de matérias-primas de terras raras para evitar a exploração e perda de recursos, disse o primeiro-ministro Anwar Ibrahim, nesta segunda (11/9).

O país do sudeste asiático abriga uma pequena fração das reservas de terras raras do mundo, com uma estimativa de 30 mil toneladas – a China abriga 44 milhões de toneladas de reservas, por exemplo. As informações são da Reuters.

Acordos para minerais na Coreia do Sul

O país assinou uma série de acordos para minerais críticos e veículos elétricos em negociações internacionais na semana passada, de acordo com a Argus. O governo sul-coreano tem ambições de promover a indústria local de fabricação de baterias para veículos elétricos.

Chamada para eficiência

O Grupo Energisa está com uma chamada pública aberta para projetos para o Programa de Eficiência Energética (PEE), regulado pela Aneel. Serão aportados mais de R$ 30 milhões em iniciativas das nove distribuidoras do grupo, nos estados de MG, SP, PB, PR, SE, MT, MS, TO, AC e RO.

Os recursos do PEE poderão ser direcionados para projetos rurais, de infraestrutura de iluminação pública, organizações sociais, empresas e órgãos públicos. O edital ficará aberto até o dia 6 de novembro neste link. As regras serão apresentadas em uma live na terça-feira (12/09), às 10h.