Biocombustíveis

Frentes da bioenergia vão levar propostas para presidenciáveis

Para deputado, cabe aos presidenciáveis demonstrarem seu grau de comprometimento com os acordos assumidos na COP26

Frentes da bioenergia vão levar propostas para presidenciáveis. Na imagem: Deputado Arnaldo Jardim (Foto: Câmara dos Deputados)
COP26 ajudou a reposicionar Brasil no debate climático, afirma Arnaldo Jardim

Políticas públicas para bioenergia, transição energética e economia verde devem entrar no escopo de questionamentos aos presidenciáveis em 2022, defende o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP).

Com a proximidade do ano eleitoral, frentes como a da Economia Verde e do Setor Sucroenergético (presididas pelo parlamentar) buscam inserir essas pautas na agenda dos presidenciáveis.

Autor do projeto de lei que cria um programa de incentivos ao biogás e biometano, Jardim participou na quarta (8) da abertura dos Diálogos da Transição, série de debates promovida pela agência epbr.

“Uma primeira discussão que sobra na questão da transição é: a sustentabilidade custa? A sustentabilidade traz perda de competitividade? Estamos vivendo um momento em que a resposta para isso passa a ser definitivamente não. Porque, ao contrário de uma escolha, é uma questão de sobrevivência”.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que reuniu líderes mundiais, em Glasgow, em torno do combate ao aquecimento global, engajou definitivamente grandes potências ao compromisso com a sustentabilidade e a transição energética.

Cabe aos presidenciáveis para 2022, segundo Arnaldo Jardim, demonstrarem qual seu grau de comprometimento com políticas públicas voltadas para uma energia mais limpa e eficiente. Políticas que estejam de acordo com as demandas reais do mercado, que necessita cada vez mais de opções sustentáveis.

Em Glasgow, o Brasil reafirmou seus compromissos com a diminuição das emissões dos Gases Efeito Estufa (GEE) e aderiu ao movimento global pela redução do gás metano, mais impactante para o aquecimento global que o CO2.

Ele qualifica como positiva a participação do Brasil na COP26.

“Conseguimos dar os primeiros passos para sair do canto do ringue, onde estávamos simplesmente respondendo a uma série de questionamentos, e passamos a assumir posições públicas de uma forma mais adequada”.

Questão de sobrevivência para empresas e países

A pandemia de covid-19, ainda em curso, também trouxe profundas transformações e mudanças de paradigmas de consumo e produção.

Empresas cada vez mais são pressionadas a adotar políticas corporativas voltadas para a sustentabilidade. Aquelas que se mantiverem à parte do processo, poderão ter seus mercados restritos. Assim como países sem políticas públicas nesse sentido, também poderão ser penalizados com restrições internacionais, explica o deputado.

Ele acredita que o consumidor está cada vez mais atento à sustentabilidade do produto que adquire e o tipo de energia que vai consumir. “Passa a levar em conta se é um biocombustível ou um combustível de origem fóssil. Isso cria um clima totalmente diferente”.

Como exemplo da preocupação de grandes potências com a questão do clima, o deputado cita a China com seu projeto de recuperação econômica, devido à pandemia, que escolheu uma direção acentuadamente voltada para a sustentabilidade.

O mesmo quanto à União Europeia e Reino Unido, que redefiniram o processo de retomada econômica propondo mudanças profundas na sua mobilidade e na forma de produzir energia.

E os EUA, de Joe Biden, cujo projeto de reconstrução econômica incluiu iniciativas para uma maior eficiência energética e mudança de parâmetros nacionais nessa direção.

Ações do parlamento rumo à transição verde

O parlamento brasileiro também dá alguns passos na direção de uma economia cada vez mais ajustada aos compromissos com o combate ao aquecimento.

Na energia elétrica, Jardim destaca a aprovação do PL 414/21, que trata do mercado livre de energia, que deve consolidar a incorporação da geração distribuída.

Em combustíveis, o RenovaBio — Política Nacional de Biocombustíveis impulsionou o etanol e consolidou o biodiesel, além de abrir caminho para projetos nascentes como o biogás e o bioquerosene, diz.

O deputado revelou também entusiasmo quanto à aprovação do  PL 3865/21 que busca instituir um marco regulatório para o biogás no país.

A grande aposta é na ampliação do mercado a partir da geração de energia por biogás e na injeção do biogás na rede de gasodutos já existentes, reduzindo custos e otimizando o transporte e distribuição.

Subsídios para bioenergia

Recentemente, o governo de Jair Bolsonaro reduziu a proporção do biodiesel no diesel de 13% para 10%, na intenção de conter preços. Também discutiu a redução do percentual de etanol na gasolina e suprimiu a alíquota para importação do etanol.

Criticando o Ministério da Economia, o deputado considera as medidas “equivocadas blitz contra os biocombustíveis” e defende a criação de políticas energéticas de Estado, em detrimento de políticas governamentais de ocasião, com resultados menos eficazes.

Nesse sentido, a criação de um mercado de carbono e de subsídios a novas fontes de energias renováveis é essencial. Um exemplo promissor seriam os CBios, créditos de descarbonização do RenovaBio.

Ele explica que subsídios podem ser determinantes para a expansão de certos setores e consequente redução dos custos de produção. Além de monetizar ganhos ambientais.

Uma oportunidade para o Brasil se colocar como líder no processo de transição, completa.