Biocombustíveis

FPBio negocia coprocessado com Magda Chambriard, fora do Combustível do Futuro

"Discutimos claramente que não tínhamos como ter o coprocessado no mesmo marco regulatório que estamos votando", afirma Alceu Moreira

Frente do biodiesel  (FPBio) avalia como positiva a aprovação do mercado de carbono na CMA, mas defende mudanças no RenovaBio. Na imagem: Deputado federal Alceu Moreira (MDB/RS) durante lançamento da frente parlamentar da bioeconomia, em 3/5/2023 (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)
Deputado federal Alceu Moreira no lançamento da frente parlamentar da bioeconomia (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

BRASÍLIA – A Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) vai buscar um marco regulatório específico para discutir com a Petrobras a inserção do coprocessado no mercado de diesel, mas fora do projeto de lei do Combustível do Futuro (PL 528/2020), que aguarda relatório do Senado Federal.

Na sexta (21/6), um grupo de parlamentares e representantes dos produtores de biodiesel se reuniu com a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

“Nós discutimos claramente que não tínhamos como ter o coprocessado no mesmo marco regulatório que estamos votando. Ela estabeleceu que pelas plantas que ela dispõe, ela quer 1% do mercado e, portanto, nós vamos buscar um marco regulatório específico (…) fora do Combustível do Futuro”, disse o deputado Alceu Moreira (MDB/RS), presidente da FPBio.

Segundo Moreira, a reunião ocorreu por iniciativa de Magda, que busca uma aproximação com o agronegócio.

“Ela deixou a porta aberta para nós [setor de biodiesel], junto com o pessoal da Petrobras, construir esses textos que são interessantes para nós, tanto para o marco regulatório quanto para o mandato”.

Essas informações foram antecipadas pelo político epbr (teste grátis por 7 dias).

Em nota à epbr, a Petrobras afirmou que “reafirma seu compromisso com o desenvolvimento do setor de biocombustíveis no Brasil”, sem comentários adicionais sobre a reunião.

Ao longo da tramitação do PL 528/2020 a Petrobras tentou mandatos para a parcela renovável do diesel coprocessado no espaço reservado ao biodiesel, depois no do diesel verde.

Senadora retirou emenda com coprocessado

A mais recente emenda sobre o tema, da senadora Tereza Cristina (PP/MS), incluía a possibilidade de considerar a parcela renovável no mercado que seria reservado ao diesel verde.   A senadora, no entanto, retirou a emenda esta semana, após uma articulação do setor de biodiesel.

A emenda original não contemplava plenamente a Petrobras. Incluía o coprocessado no mandato do diesel verde, mas transferindo as obrigações para o refinador/importador, mantendo o teto do novo mandato em 3%, além de outras alterações.

O relator no Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB), chegou a prever a publicação do relatório no início de junho, após uma série audiências públicas.

Nos bastidores, o governo federal trabalha para preservar o texto da Câmara dos Deputados. Conta para isso a vontade de concluir a tramitação e, enfim, sancionar o Combustível do Futuro.

“Temos que respeitar a decisão que vier do parlamento, mas não gostaríamos que houvesse mudanças significativas para que ele não se desvirtusasse, para que não ocorram mudanças que possam alterar a estrutura do projeto”, externou o gerente de projetos da Casa Civil, Euler Lage, semana passada, em evento da RBQAV.  

Desde antes da demissão de Jean Paul Prates, a Petrobras vinha – ao menos oficialmente – reduzindo a pressão contra o projeto de lei. Após a troca na gestão, a posição formal é favorável ao texto do governo. A influência de distribuidoras e do IBP no Senado mantém o agro em sobreaviso. 

Em um acordo mediado pela Casa Civil, de Rui Costa (PT), o governo Lula chegou à proposta aprovada na Câmara dos Deputados de criação dos mandatos de descarbonização do combustível de aviação, do biometano, a elevação das misturas de etanol anidro e biodiesel e, futuramente, do diesel verde.

Na versão original do texto, enviada pelo governo, já havia sido tomada a decisão de não incluir, explicitamente, o coprocessamento nas rotas do mandato de biorrefino. Uma versão do PL chegou a criar o mandato do ‘diesel renovável’, com maior abertura para as rotas.

É um tema que divide os agentes econômicos. Há um racha, inclusive, no agronegócio com agentes que apoiavam a emenda original de Tereza Cristina.

Há também uma pressão de consumidores industriais de gás natural, produtores e importadores contra a proposta para o biometano, sob a alegação que a medida resultará em aumento de preços.