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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A demora na regulação das eólicas offshore no Brasil pode levar a uma dificuldade no momento de acessar peças e serviços, em função da expectativa de aquecimento da demanda por bens e serviços no mercado global, avalia José Partida, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Ocean Winds (OW).
“Se você não desenvolve os projetos agora, haverá um pico de demanda de construção offshore. E pode correr o risco de não conseguir navios e aerogeradores”, afirmou Partida durante evento do setor esta semana.
Com 15 GW em projetos eólicos offshore no Brasil em licenciamento, a Ocean Winds — joint venture entre a Engie e a EDP Renováveis para geração de energia eólica no mar — acredita que os investimentos na implementação dos primeiros projetos no país serão mais altos que no resto do mundo.
O executivo também chama a atenção para a necessidade de preparar uma infraestrutura de transmissão da energia capaz de escoar a geração offshore.
Segundo ele, como os projetos só estarão em operação por volta de 2030, há tempo suficiente para que esse trabalho seja feito nos próximos anos.
A realização de leilões de energia específicos para eólicas offshore é um dos principais pleitos das companhias interessadas em projetos do tipo no Brasil.
Em janeiro, o governo editou o decreto nº 10.946/2022, sobre a cessão de espaços físicos e o aproveitamento de recursos naturais para geração elétrica offshore, dando o primeiro passo para a implantação de projetos de eólicas offshore no país, enquanto tramita no Senado outra proposta de marco legal.
Em maio, representantes de empresas nacionais e estrangeiras apresentaram um conjunto de propostas para a criação de um marco regulatório para o setor no país, durante audiência pública no Senado — onde tramita o projeto o PL 576/2021, de Jean Paul Prates (PT/RN), sobre o assunto.
As empresas defendem, entre outros pontos:
- Realização de leilões de energia específicos
- Separação entre os processos de autorização para geração e leilões para cessão de áreas
- Criação de mecanismos de barreira à entrada de agentes especulativos
- Definição de um valor teto para a outorga das áreas
- Alinhamento ao futuro marco legal para o hidrogênio verde
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No radar da Shell
A Shell também está de olho na geração em alto mar no Brasil. Recentemente, a companhia anunciou o licenciamento de parques eólicos em alto mar que somam 17 GW em capacidade instalada.
Contudo, o Brasil compete com os outros países para receber investimentos, diz o presidente da companhia no país, André Araujo.
“O grupo Shell tem um teto de capex [investimento]. E, dentro da competição, obviamente há uma competição pelo dinheiro, para que negócio e que país ele vai. Nosso papel na Shell Brasil é trazer para o grupo possibilidades de projetos”.
Segundo o executivo, o grupo no Brasil tem tentado levar a perspectiva à companhia global de que o país “é e precisa ser uma prioridade”.
A previsão é que os projetos de eólicas offshore, caso aprovados, saiam do papel em até oito anos. Mas o mercado ainda aguarda um marco regulatório capaz de definir as regras para concessão de áreas em alto mar para instalação dos parques eólicos. Leia na reportagem de Gabriel Chiappini
Cobrimos por aqui:
Energia para hidrogênio
As eólicas offshore são aposta para geração da energia que vai produzir outro combustível: o hidrogênio verde.
Na quarta (15/6), a Fortescue Future Industries assinou um pré-contrato com o governo do Ceará, para avançar com o projeto de uma usina de hidrogênio verde no Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE).
As partes já tinham assinado, em julho de 2021, um memorando de entendimento sobre o investimento, estimado em US$ 6 bilhões.
Em nota, o CEO da Fortescue Future Industries Latin America, Agustín Pichot, afirmou que, nos últimos meses, a empresa começou a aprofundar os estudos de impacto ambiental e social sobre o empreendimento. E que o pré-contrato permitirá à companhia continuar a avançar nos estudos de pré-viabilidade do projeto.
Ao anunciar o projeto, no ano passado, a Fortescue tinha como meta começar as operações da usina em 2025 e produzir 15 milhões de toneladas de H2V até 2030. A nota oficial emitida nesta quarta-feira (15/6) pelo governo cearense não atualiza o cronograma.
O Ceará tenta atrair a Fortescue e outras empresas para a instalação de um hub de hidrogênio verde no Porto do Pecém. Até o momento, o governo estadual já assinou 18 memorandos de cooperação com diferentes agentes de mercado, com o objetivo de produzir e exportar hidrogênio verde a partir do complexo portuário.
Além da australiana, também possuem memorandos de entendimento para instalação de projetos do tipo, em Pecém, empresas como a Qair Brasil, White Martins e a australiana Enegix.
Biometano avança
Enquanto isso, biometano vai ganhando mercado. Distribuidoras de gás natural e produtores de biogás já mapearam 27 novas plantas de biometano com potencial de conexão à rede de gasodutos nos próximos anos, no país.
O levantamento foi feito pelo grupo de trabalho conjunto formado pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e pela Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), em maio, com o objetivo de desenvolver o uso do combustível renovável pelas concessionárias estaduais.
A expectativa das associações é que a produção nacional de biometano atinja os 2,2 milhões de m³/dia até 2027. Desse total, 1,3 milhão m³/dia deve vir do biogás produzido no setor de saneamento (como aterros sanitários). O segmento sucroenergético, por sua vez, deve responder por 700 mil m³/dia e o segmento agroindustrial por mais 200 mil m³/dia.
São Paulo, com 15 plantas, é o estado com mais projetos novos, seguido pelo Rio Grande do Sul (6). Há projetos novos mapeados também no Rio de Janeiro, Pará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas.
Revisão de metas no RenovaBio
A ANP aprovou esta semana a realização de consulta e audiência públicas sobre alteração na Resolução ANP nº 791/2019, para incluir dispositivos regulando a redução das metas individuais dos distribuidores de combustíveis mediante a aquisição de biocombustíveis em contratos de longo prazo.
A nova resolução propõe a fixação de prazos mínimos contratuais; escala de redução de meta para diferentes prazos, dando maiores descontos àqueles com maior duração; incidência dos percentuais de redução sobre a quantidade de CBIOs equivalente ao volume contratado e retirado pelo distribuidor; limitação da redução da meta individual a 20%; entre outros pontos. ANP
Eólica na Ambev
A Ambev fechou parcerias com Engie, Neoenergia e 2W Energia para, em até dois anos, ter toda a sua operação usando energia eólica proveniente de parques localizados na região Nordeste do país.
A parceria com a Engie Brasil Energia irá fornecer eletricidade a partir do Conjunto Eólico Trairi, no Ceará. Já o Neoenergia Oitis tem capacidade instalada de 566,5 MW e 12 parques localizados entre a Bahia e o Piauí. Enquanto as cervejarias atendidas pela 2W Energia passarão a utilizar a energia eólica do Parque Eólico Kairós, localizado no município de Icapuí, no Ceará.
Artigos da semana
— Chegou a hora de investir no biogás, escrevem os advogados Paulo Campos Fernandes e Juliana Pizzolato Furtado Senna. Para os especialistas, investimentos em biogás e biometano têm vasta demanda e ambiente seguro e amigável para desenvolvimento.
— Oferta, demanda e a posição do petróleo brasileiro em tempos de transição energética: um futuro descarbonizado não é um futuro sem hidrocarbonetos, escreve Fernanda Delgado.
— A importância do equilíbrio de gênero no mercado de energia: falta de equidade não é só uma questão social, mas também um problema econômico que precisa ser resolvido, escreve Gabrielle Botelho.
Uma mensagem do Programa PotencializEE:
Veja como o PotencializEE vai ajudar mais de 5.000 indústrias brasileiras a realizarem mais de mil diagnósticos energéticos e apoiar na implementação de 425 projetos, até 2024. Saiba mais
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