A cadeia de produção de energia renovável empregava 11 milhões de pessoas no mundo todo no final de 2018, segundo a International Renewable Energy Agency (IRENA). De acordo com a sexta edição do relatório Renewable Energy and Jobs, 39% de todos os postos de trabalho da cadeia de produção de energia renovável estão na China.
Na comparação com o ano anterior, foram criados 700 mil novos postos de trabalho na cadeia global de produção de energia renovável, mas os empregos permanecem concentrados em um punhado de países, com a China, Brasil, Estados Unidos, Índia e a União Europeia na liderança dessa lista. Mas os países asiáticos compartilham 60% dos postos de trabalho.
Solar é a principal empregadora entre as tecnologias de energia renovável
A energia solar fotovoltaica permaneceu como o principal empregador entre as tecnologias de energia renovável em 2018, respondendo por um terço do fluxo de trabalho do setor. A Ásia, continente onde a produção de painéis solares tem crescido, abrigou mais de 3,6 milhões de empregos na cadeia de produção para a energia fotovoltáica. O número representa quase 9/10 do total global de postos de trabalho no setor, que somam 3,61 milhões em 2018.
Em 2018, o emprego em produção fotovoltaica cresceu na Índia, sudeste da Ásia e no Brasil, enquanto China, Estados Unidos, Japão e União Europeia perderam postos de trabalho.
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De acordo com o relatório, as vendas de exportação têm grande importância para a criação de empregos em países que atuam como centros de produção regionais ou globais, o que é particularmente relevante para a China e vários países europeus, como a Dinamarca. Mas os perfis comerciais dos países variam de acordo com a tecnologia de energia renovável. Enquanto a China é o maior exportador no campo da energia solar fotovoltaica, suas empresas de energia eólica atendem principalmente seu mercado interno.
Já a Europa Europa é um importador de equipamentos solares, mas o setor de produção de equipamentos eólicos do continente – destacando-se aí Dinamarca, Alemanha e Espanha – é fortemente orientado para a exportação.
China supera Europa em investimento em eólicas
No campo da energia eólica, o relatório mostra que a China superou a Europa no investimento em eólicas offshore no ano passado. Embora, projetos eólicos em terra ainda predominem, a produção offshore se expande rapidamente e poderá aproveitar nos próximos anos a expertise e infraestrutura da cadeia do setor de petróleo, aponta o relatório da Irena.
A produção eólica emprega no mundo 1,16 milhões de pessoas. O crescimento de postos de trabalho em energia eólica é exponencialmente menor nos últimos seis anos em comparação à cadeira de produção solar fotovoltaica. Em 2012 a produção eólica empregava 750 mil pessoas, ganhando de lá pra cá 410 mil novos postos.
Em comparação, o crescimento do número de empregos na produção fotovoltaica foi de 2,25 milhões de novos postos, subindo de 1,36 milhões de vagas para as atuais 3,61 milhões de vagas.
Hoje a produção de energia hidrelétrica ainda possui a maior capacidade instalada de todas as energias renováveis, mas agora está se expandindo lentamente. O setor empregou 2,05 milhões de pessoas diretamente em 2018, três quartos dos quais em áreas de operação e manutenção.
Em 2012, ano do primeiro relatório da série, a cadeia de produção hidrelétrica empregava 1,66 milhão de pessoas no mundo. No mesmo ano, demais fontes de energia renovável empregavam 5,6 milhões de pessoas. Hoje elas empregam 8,9 milhões de pessoas em postos de trabalho rastreados pela Irena.
Em 2018 a China representou um quarto das exportações mundiais na cadeia de produção de energia hidrelétrica, enquanto as empresas européias (principalmente baseadas na Alemanha, Áustria e Itália) detinham participação de 46%. Estados Unidos e Índia contribuíram com pouco menos de 5% das exportações cada.
Biocombustíveis empregam 3,18 milhões, com crescimento concentrado na AL e Ásia
Hoje há 3,18 milhões de empregos no mundo na cadeia de biocombustíveis. A agência internacional de renováveis identifica que a produção crescente elevou empregos em 6% no mundo na cadeia de biocombustíveis, com a variação positiva concentrada no Brasil, Colômbia e no sudeste asiático, regiões onde a produção ainda é pouco mecanizada e demanda uso mais intensivo de mão-de-obra, enquanto operações nos EUA e Europa são mais mecanizadas.
O relatório da Irena afirma que oportunidades de emprego são uma consideração importante no planejamento do crescimento econômico de fontes renováveis. Embora muitos governos priorizem o desenvolvimento de energias renováveis para reduzir emissões e cumprir as metas climáticas, a possibilidade de conquistar benefícios socioeconômicos mais amplos para a população também pesa na opção pela adoção de renováveis.
O relatório afirma ainda que políticas industriais eficientes e incentivos bem desenhados são importantes para fomentar uma indústria nascente e cita como exemplo a indústria fotovoltaica chinesa do delta do Rio Yangtze, onde a infraestrutura industrial da região, baixos custos de energia e a presença maciça de fornecedores de setores como a indústria de vidro permitiu a redução dos preços de insumos.