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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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O ano de 2023 foi de “recordes num mundo faminto por energia”, resume o Energy Institute na divulgação do seu mais recente Statistical Review. O consumo total de energia primária chegou a 620 Exajoules (EJ), 2% acima do nível de 2022, 0,6% acima de sua média de dez anos e mais de 5% acima do nível pré-Covid de 2019.
Cresceram também as emissões de gases de efeito estufa provenientes do uso de energia, processos industriais e queima de metano, a 2,1%, superando o recorde estabelecido em 2022.
De acordo com os analistas do instituto sediado no Reino Unido, foi a primeira vez na história que as emissões relacionadas à energia ultrapassaram o nível de 40 GtCO₂e, com as emissões do uso direto de energia ultrapassando inéditos 35 GtCO₂e.
O mundo está consumindo cada vez mais energia. A maioria dos mercados já retomou suas expectativas de crescimento de longo prazo pré-Covid e os problemas na cadeia de suprimentos deram um alívio no último ano.
Este cenário levou à recuperação do consumo de combustíveis fósseis, principalmente na China.
Globalmente, a demanda por petróleo bruto ultrapassou o nível de 100 milhões de barris por dia pela primeira vez na história e a demanda por carvão superou em 1,6% o recorde do ano anterior, alcançando 179 EJ.
O lento deslocamento dos fósseis
Por mais que o consumo de energia renovável tenha crescido a uma taxa seis vezes maior que a do consumo total de energia primária, o deslocamento dos fósseis ocorre a passos lentos.
A participação das renováveis no consumo total de energia primária atingiu 14,6%, um aumento de 0,4% em relação ao ano anterior – justamente o percentual que deixou de ser ocupado pelos fósseis. Se juntar a energia nuclear, fontes livres de carbono representaram mais de 18% do consumo total de energia primária.
Já o consumo de combustíveis fósseis representou 81,5% do consumo de energia primária.
Em 2023, o comércio internacional total de petróleo, gás e carvão foi 53% maior do que em 2000. Coletivamente, as regiões da América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico consumiram 78% da energia total mundial em 2023.
Segundo o relatório, as emissões de CO2 provenientes da queima de fósseis aumentaram 7%, juntamente com as emissões de metano e processos industriais, que também foram 5% maiores.
Brasil e EUA impulsionam biocombustíveis
A produção global de biocombustíveis cresceu mais de 8% em 2023, com os maiores aumentos observados nos EUA, com 75 milhões de barris equivalentes/dia, e no Brasil (65 mboe/d), mostra o Energy Institute.
Na região da Ásia-Pacífico, a Indonésia foi responsável por cerca de 46% da produção, de 422 mboe/d.
No total, 54% de todo o volume de biocombustíveis para frota terrestre produzido foi de biogasolina, o que inclui etanol, e outros 46% de biodiesel.
EUA, Brasil e Europa foram responsáveis por cerca de três quartos de todos os biocombustíveis consumidos globalmente.
Cobrimos por aqui
- As 10 principais tendências de energia, petróleo e gás para 2024, segundo a S&P Global
- G20 recebe agenda brasileira para biocombustíveis com “muito interesse”, diz embaixador
- Emissões de energia voltam a subir no Brasil e devem seguir em alta até 2030
- G7 promete consumir menos óleo para acelerar transição de fósseis
Curtas
Baterias no setor elétrico
A CTG Brasil começa a construir no segundo semestre de 2024 um laboratório de armazenamento de energia em baterias conectado a uma pequena usina fotovoltaica de 500 kWp nas instalações da Usina Hidrelétrica Ilha Solteira, localizada no rio Paraná, entre os municípios de Ilha Solteira (SP) e Selvíria (MS).
Com investimentos de cerca de R$ 15 milhões, a intenção é desenvolver soluções com baterias para aumentar a flexibilidade de geração e estabilidade do sistema. Veja detalhes
Reciclagem de painéis solares
A Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara aprovou, na semana passada, o projeto de lei 998/2024, cria a Política de Incentivo ao Desenvolvimento da Logística Reversa de Painéis Fotovoltaicos, com previsão de fundos, linhas de crédito, sistemas de certificação e incentivos tributários específicos para a pesquisa, a inovação tecnológica e a implementação dos processos. (Agência Câmara)
Recursos para eficiência energética
A CME também aprovou projeto de lei que amplia os recursos que as companhias de distribuição de energia elétrica devem aplicar anualmente em programas de eficiência energética, como a troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas LED na iluminação pública. A proposta torna regra a destinação de 0,5% da receita para programas de eficiência. (Agência Câmara)
VLT com energia solar
Outra proposta aprovada na CME foi o PL 6.123/2019, que institui um programa de incentivo à geração de energia solar conectada a linhas de metrôs, trens e veículos leves sobre trilhos, trólebus (ônibus elétrico), entre outros sistemas de transportes sobre trilhos. Esses incentivos fiscais poderão ter validade de cinco anos. (Agência Câmara)
Capacitação gratuita
Nos dias 15 e 18/7, as cidades de Goiânia e Brasília receberão o programa de capacitação em armazenamento solar SolaXP, iniciativa da multinacional SolaX Power, que percorre capitais brasileiras para oferecer qualificação gratuita e presencial a integradores solares. Inscrições nos links Goiânia e Brasília